Final Alternativo

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Josh acordou de repente, assustado e ofegante. O cabelo que necessitava de um corte, grudava na testa devido ao suor. O mesmo pesadelo o assombrava, sempre da mesma forma, sem mudar nada, e todas as vezes ele acordava do mesmo jeito. Era estranho o quão familiar era aquilo tudo; quase como se fossem lembranças ao invés de sonhos. A teoria de sua irmã mais nova tornava-se cada vez mais viável; talvez fossem lembranças de uma vida passada, ou de um universo paralelo. Josh não acreditava muito nessas coisas, mas... porque não?

Foram necessários fatídicos dez minutos para que Josh se recompusesse e se arrastasse para fora da cama. O relógio na tela do celular mostrava que ele estava quinze minutos adiantado; como em todas as manhãs em que era visitado pelo pesadelo que não lhe permitia mais dormir. Um banho depois, Josh deslizou no assento ao lado da irmã na mesa do café da manhã, de frente para a mãe e o padrasto Dan.

“Suco?” Úrsula perguntou, hesitante, reconhecendo o olhar distante do filho. Josh assentiu distraidamente, forçando um sorriso ao oferecer o copo. “De novo?” Perguntou ela, referindo-se ao sonho. Josh apenas assentiu mais uma vez, deixando claro que não estava no clima para conversar sobre o assunto. “Talvez deva finalmente mencionar na sua terapia.” Josh considerou em silêncio algo que ele já considerava há um tempo; ele mencionou para sua terapeuta sobre os pesadelos, e também disse que pareciam mais lembranças do que sonhos, mas ele sempre hesitava quando ela tentava trazer o assunto à tona novamente.

“Quer uma carona hoje?” Dan ofereceu. “Preciso deixar as meninas na aula de dança, de qualquer forma.”

“Sim, obrigado.” Josh sorriu agradecido.

Josh sentou na mesma cadeira de sempre, tentando ficar o mais invisível possível, mas sabendo que em um círculo de cadeiras isso não acontecia. Fora o primeiro a chegar, como sempre; a única pessoa que estava ali além dele era a Dra. Jolene, a terapeuta do grupo.

“Como passou a semana, Josh?” Ela perguntou casualmente, aproveitando que o garoto sentia-se mais confortável falando à sós, já que ninguém do grupo havia chegado. “Os pesadelos continuaram?”

“Três vezes essa semana.” Josh murmurou baixinho, logo cortando o assunto quando algumas outras pessoas começaram a entrar e a ocupar os lugares de sempre. Josh bisbilhotou a tela do celular por um instante, respondendo ao melhor amigo sobre sair naquela noite.

“Bom dia a todos.” A Dra. Jolene saudou assim que boa parte das cadeiras foram preenchidas. “Como passaram a semana?” A sala foi preenchida por murmúrios e respostas baixas positivas e algumas negativas. Josh tinha o olhar fixado em uma cadeira vazia no lado oposto a ele, perto da Doutora. Ninguém mais parecia reparar que aquele lugar estava sempre vazio, mas ele percebia. Toda semana, toda sessão... Ninguém.

“Josh?” A Dra. Jolene chamou a atenção de Beauchamp. “Gostaria de compartilhar sobre sua semana?” Josh negou gentilmente com a cabeça, lançando-lhe um sorriso tímido que a moça rapidamente compreendeu, respeitando. Ela logo moveu a conversa para a garota que estava ao lado de Josh, que aparentemente se prontificou a tagarelar sobre o pedido de casamento que recebeu e que causou uma imensa crise de ansiedade.

A porta pesada de madeira grossa pareceu ensurdecedora quando foi aberta, e Josh pensou ter sido o único no qual os ouvidos doeram com o som tão óbvio, pois a garota nem sequer hesitou e prosseguiu com sua história. Josh observou o rapaz andando até a tal cadeira vazia, e silenciosamente ele deslizou no assento, recebendo um olhar gentil da doutora. Josh foi tomado por uma taquicardia que ele conhecia muito bem, os olhos arregalaram-se ligeiramente e sua respiração parecia ter começado a falhar. O menino era... Não poderia ser.

Madness || N. BOnde histórias criam vida. Descubra agora