O ambiente era refrescado pelo ar-condicionado e perfumado pelos incontáveis produtos para cabelo. Vivi, a funcionária que geralmente cuidava do meu, comentava alguma fofoca contada por uma mulher enquanto observava o trabalho que fizera em mim: uma peruca lace front com cores que lembravam caramelo e algumas mechas loiras, que descia em cascatas lisas pelas minhas costas. Ela observou o baby hair com atenção e sorriu, satisfeita com o resultado. A minha reação não foi diferente das outras, já que ela nunca me tinha decepcionado.
Seus cabelos crespos estavam soltos em um afro volumoso e visivelmente macio e saudável, e a expressão amigável era uma espécie de marca registrada de todas as mulheres que trabalhavam para a Donna, proprietária do salão de beleza.
Geralmente, eu não comentava absolutamente nada com qualquer funcionária. Costumava contar algumas coisas a Ella, que era quem eu preferia que cuidasse das minhas unhas. Ela sabia guardar segredos, e era reservada, mesmo que sorrisse bastante e fosse tão receptiva quanto as outras.
— Eu realmente tenho mãos de fada... — Vivi gabou-se e eu ri baixinho.
— Concordo. Eu adorei, obrigada. — escovei uma mecha com os dedos, o olhar preso ao reflexo no espelho extenso e impecavelmente limpo.
Assim que levantei e me virei, Ella me encarou sob os cílios, passando uma camada de base de vidro nas unhas da moça que atendia.
— Quantas mais na fila? — perguntei ao me aproximar.
O espaço era separado em áreas para cada serviço, o que deixava tudo ainda mais organizado e agradável de se ver. Tomei um dos assentos enquanto pensava no que faria com as unhas naquele dia.
— A próxima és tu. — Ella respondeu.
— Mas eu marquei fila para uma amiga... — a que ela atendia sibilou para lá de revoltada.
— Amor, aqui não existem marcações de fila... Ela deveria estar sentada ali a esta altura. Estamos prestes a terminar e a tal da tua amiga sequer disse a que horas viria. — deu de ombros, pousando o frasco de verniz numa prateleira próxima — Ela vai ter de seguir a fila em ordem, infelizmente.
— Ela não tem tempo. Tu não podes abrir uma excepção? Ela paga o dobro.
Ella sorriu sem humor, empurrando algumas das mechas loiras para trás dos ombros.
— Não. Isso seria muita falta de respeito para com as outras. Na próxima vez, ela que avise para que eu possa anotar na agenda. Não é assim que as coisas funcionam por aqui. — vasculhou um cestinho procurando por uma lima específica — Tu podes ir agora, já terminamos.
— Tudo bem. Obrigada. — levantou-se a contragosto e puxou a bolsa antes de ir embora.
— É cada uma que me aparece... — Ella chiou e eu ri, ocupando o lugar em frente à sua mesa — Então, o que vamos fazer hoje?
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IDRIS
General FictionAyla Costello se achava uma deusa. Sua beleza e corpo atraentes eram chamativos e ela sabia bem disso. Portanto, usava e abusava desses atributos para ter quem e o que quisesse. Não estamos aqui para julgar suas escolhas e nem o seu leve narcisismo...