Cocei a cabeça com a mão livre, observando as caudas de lagosta temperadas na grelha. A fumaça nem tão densa subia lentamente, e eu segurava o pincel de cozinha pensando se deveria passá-lo mais uma vez no molho. Escutei os passos quase inaudíveis da Ayla e virei o rosto quando ela parou do meu lado, estendendo um pano de cozinha sobre os meus ombros e pousando as mãos na cintura enquanto fixava o olhar na grelha.
Enquanto eu vestia apenas calções de malha e chinelos, ela trazia um vestido leve e longo, com a saia solta, no qual cor amarela casava bem com a pele negra, e os cabelos cacheados estavam presos no alto da cabeça.
— Estão quase prontas, acho eu... — murmurei, incerto. Sinceramente, era a primeira vez que fazia uma coisa daquelas.
— Realmente... Mas não pares de passar o molho por cima depois de as virares de novo, ao deixar a parte da crosta por baixo, para que não fiquem secas.
— Eu viro agora, então... E tiro-as daqui a quanto tempo?
— Pouco menos de cinco minutos. — respondeu, a mão passando pelo meu quadril com carinho — Vou terminar de cortar a cebola roxa para a salada.
Deu-me um beijo casto na mandíbula ao ficar na ponta dos pés descalços e eu passei a mão na sua bunda, fazendo com que risse um bocado.
O resort estava localizado perto da praia, no entanto, distante o suficiente para que a privacidade dos hóspedes não fosse invadida, uma vez que maior parte deles eram figuras públicas. Chegamos a Kalli às vinte e duas horas e poucos minutos por causa do tempo que passamos com a lancha ancorada no ponto em que paramos para mergulhar e, enquanto eu fumava e lia alguns documentos a respeito dos negócios do Marco – os quais deixei de lado poucos minutos depois por não estar mais sóbrio –, a Ayla dormia pacificamente.
Quando passei pelas portas corrediças de vidro, onde cortinas off-white ligeiramente pesadas balançavam sob o balanço do vento, a negra colocava a mesa murmurando algo que não ouvi. Deixei a travessa com as caudas de lagosta grelhadas sobre o móvel e lavei as mãos, observando-a drenar a água dos vegetais que terminavam de cozinhar em fogo baixo.
— Tem salada, e alguns legumes e vegetais para o caso de quereres... — colocou a panela no lugar mais uma vez e suspirou — Eu tempero agora, ou preferes fazê-lo depois de te servires?
Assim que afastou-se para pendurar a luva de cozinha, encostei o corpo no dela por trás, as mãos na sua cintura e o rosto entre a mandíbula e ombro.
— Idris, o que estás a fazer? — indagou entre risos, com a fala arrastada, acariciando a lateral da minha face. Inspirei o aroma do seu perfume e mordisquei a área, apertando o seio direito por cima do vestido amarelo.
— A tentar ter uma rapidinha antes do almoço... — soprei, distribuindo beijos pelo seu pescoço.
— Tu disseste que tinhas fome.
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IDRIS
General FictionAyla Costello se achava uma deusa. Sua beleza e corpo atraentes eram chamativos e ela sabia bem disso. Portanto, usava e abusava desses atributos para ter quem e o que quisesse. Não estamos aqui para julgar suas escolhas e nem o seu leve narcisismo...