— Eles desapareceram. — Breno murmurou. Foi quase automático espalmar a secretária e passar as mãos nos cabelos logo depois.
Nathan, que estava sentado no sofá ao fundo do escritório da casa na praia, apenas ergueu a cabeça e me encarou, sereno. Ele teve conhecimento a respeito do ocorrido em poucos minutos, e não demorou para que aparecesse no meu quarto todo preocupado e perguntasse se estava tudo bem.
Ele me viu chorar, em silêncio, quando abanei a cabeça negando; não por causa da tentativa de assassinato ou da surra em si, mas sim pela Ayla. Ela havia me bloqueado em tudo: redes sociais, o próprio contacto – o que implicava que nem as chamadas e mensagens seriam recebidas –, e eu provavelmente havia perdido a permissão de colocar os pés naquele prédio. Não que isso fosse me impedir, de qualquer forma, uma vez que eu era filho de alguém imporante e uma simples ameaça abriria não só portas, assim como janelas. Todavia, eu iria respeitá-la e a sua decisão também.
Não costumava chorar em frente a ninguém, e foi estranho estar indiferente, nos primeiros segundos, à presença do Nathan. Ele não disse quase nada e ficou parado no mesmo lugar, parecendo procurar me consolar apenas com a sua presença, até eu levantar e me trancar na casa-de-banho por momentos. Depois disso, eu agi como se nada tivesse acontecido e perguntei se ele não queria ir comigo até a casa próxima à praia. Ele prontamente respondeu que sim e, em minutos, ambos descíamos com as nossas respectivas mochilas e íamos em direção ao Rolls Royce conduzido por Hunter, um dos motoristas.
— Espera... — Nathan murmurou, o que me levou a desviar o olhar da janela extensa que substituía uma das paredes. Com uma pasta de arquivos no colo e alguns documentos que continham novas informações, ele estreitou os olhos, fazendo com que ficassem mais finos do que já naturalmente eram — Existe um padrão.
Ele ergueu a cabeça para fixar o olhar no meu e levantou-se, vindo depois na minha direção com algumas folhas, as quais espalhou pela secretária e passou a apontar à medida que falava: — Os três têm ou tiveram problemas financeiros. Este, o Bino, pagava pelo tratamento da tia. Sobre os outros dois que desapareceram, um deles tem uma filha com câncer, e o outro tem um irmão que necessita de cuidados especiais... Quem os selecionou para ficar de olho na tua namorada?
— Eu falei com o Lucius a respeito disso, na tarde em que... — chiei ao lembrar-me que ele não sabia dos "negócios" e abanei a cabeça sutilmente — Na tarde em que tentaram invadir a casa dela.
Não era verdade. Tudo começou no dia em que capturamos o Nick Terrence, e o Andrei apareceu de forma repentina quando eu estava a caminho do carro.
— O Lucius? — franziu o cenho — Mas ele é apenas o teu guarda-costas, o que ele sabe sobre isso?
— Ele conhece pessoas, vem de uma agência de confiança. — desconversei, andando até o aparador e dispensando o Breno com um olhar, que anuiu com sutileza e retirou-se do cómodo — Assim como todos os outros.
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IDRIS
General FictionAyla Costello se achava uma deusa. Sua beleza e corpo atraentes eram chamativos e ela sabia bem disso. Portanto, usava e abusava desses atributos para ter quem e o que quisesse. Não estamos aqui para julgar suas escolhas e nem o seu leve narcisismo...