21 | preciosa reputação

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As lembranças do que aconteceu na casa de verão continuavam vagando pela minha mente, mesmo depois de uma semana

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As lembranças do que aconteceu na casa de verão continuavam vagando pela minha mente, mesmo depois de uma semana.

Semana essa que passei sendo tratada com indiferença, como se ele não tivesse pedido desculpas, me dado um beijo literalmente avassalador e me tocado de forma tão íntima logo depois.

Eu achava que ele iria atrás de mim depois daquilo. Que ele iria querer terminar o que começamos, e que eu não precisaria mover um dedo para finalmemente ter o que tanto desejava. Pensava que ele estaria tão ansioso quanto eu mas, ironicamente, parecia que era a única que ficara emocionada. Idris O'Connell continuava sendo a porra de um enigma que parecia estar longe de ser desvendado e, por mais que eu não quisesse, isso apenas fazia com que o interesse por ele se intensificasse.

Eu estava acostumada a ter rapazes correndo atrás de mim depois de um mísero beijo, querendo um gostinho a mais do que eu podia oferecer, porém, ele praticamente não me dirigiu a palavra durante aqueles dias todos. Não mandou uma mensagem que fosse, e a solicitação no Instagram continuava lá, esquecida.

Eu não sabia se havia feito algo de errado. Se ele ainda esperava que eu desse o próximo passo, se queria o mesmo que eu. O facto é que sequer dava sinais para que talvez eu pudesse interpretar. Ele sequer olhava para mim, e sempre que eu me ia deitar, várias indagações toscas enchiam-me a mente, fazendo com que eu me sentisse insegura e insuficiente por um momento.

Ainda conseguia me lembrar do olhar atencioso que lançou ao meu pulso na tarde em que aquele velho nojento fez propostas horrendas. Ele tocou e massageou-me com tanta delicadeza, que eu simplesmente não conseguia esquecer de como o meu peito aqueceu diante daquele gesto, na mesma medida em que estava consciente das raras vezes em que alguém tocou em mim com tanto cuidado.

Costumava ser tudo vazio. Como se eu apenas fosse procurada para satisfazer as pessoas com o meu corpo, ao passo que inflava o meu próprio ego por sentir e saber que era desejada. No final do dia, eu me sentia tanto suja quanto satisfeita, mas engolia o desconforto que era saber o quão ralo era o que as pessoas sentiam por mim. Talvez eu fosse merecedora de tudo aquilo; por ser egoísta e egocêntrica. Por, de certa forma, descarregar as minhas frustraçãoes nos outros. Por manipular de forma discreta para ter o que queria.

Eu não merecia cuidado, e nem carinho. Alguém como eu não merecia nada de bom, e era por isso que todas as pessoas que um dia foram boas comigo haviam ido embora. Mas, mesmo assim, eu não esquecia como o Idris, com um gesto tão leve e básico, me deixou abalada. Nada daquilo pareceu errado para mim, mesmo que não fosse merecedora.

Com os dedos já enrugados, saí da piscina e suspirei antes de caminhar até a Georgina, que estava deitada numa das espreguiçadeiras. Tomei o lugar da que estava ao seu lado após limpar o excesso de água no corpo e enrolar a toalha na cabeça para enxugar os cabelos.

— Já decidiste se irás à festa do Jeckins hoje?

Leo Jeckins era um dos melhores organizadores de festas de Blanche, e ninguém seria jamais capaz de discordar disso. Havia, em suas casas, todo o tipo de coisa. Desde as melhores bebidas e drogas, a momentos repletos de luxúria com pessoas contratadas para tal ou não. O único problema era que absolutamente todas essas festas eram inalcançáveis para algumas pessoas. Ele escolhia os seus convidados a dedo, com base na influência, poder, fama ou até dinheiro, e todo o tipo de aparelho eletrónico permitido eram apenas os seus drones ou câmeras de fotógrafos por ele contratados, uma vez que nem todas as pessoas que ele ousava chamar eram fixas, e sempre havia um emocionado que tinha a intenção de mostrar e provar que esteve naquela espécie de paraíso por uma noite.

IDRISOnde histórias criam vida. Descubra agora