67 | promessas

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O ambiente estava decorado em tons suaves, trazendo um ar clássico e sofisticado ao salão onde o casamento ocorria

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O ambiente estava decorado em tons suaves, trazendo um ar clássico e sofisticado ao salão onde o casamento ocorria. A música, lenta e com melodia envolvente, casava bem com a calmaria do lugar, recheado de pessoas bem vestidas e quietas; o casal parecia ter escolhido com cautela cada um dos convidados, como se quisesse evitar algum escândalo, ou talvez o seu círculo social apenas fosse repleto de pessoas da alta sociedade.

Alguns dos seus familiares, bêbados, eram os únicos que tiravam parte da ordem e quietude no lugar. Não de forma irritante, muito pelo contrário; mantinham o resto dos convidados entretidos.

Pousei a mão no quadril, sobre o vestido dourado-rosê, enquanto levava a taça aos lábios para sorver mais um gole de champagne, serena. A cerimónia inicial havia sido um pouco desconfortável porque, a pedido do Oskar, eu e o Idris éramos os seus padrinhos. Ele alegava que a sua única amiga era a Evelyn, agora sua esposa, portanto, a solução havia sido me colocar como sua madrinha. Além disso, por palavras suas, o Idris ficaria feliz porque não queria nenhuma outra mulher por perto.

Aquilo era um disparate. Eu sabia bem que ele não tinha ficado sozinho por aquele tempo todo. Poderia, sim, não ter levado ninguém a sério, mas sozinho ele não ficou, e prova disso foram as camisinhas que eu vi, aos montes, no porta-luvas da Ferrari meses atrás. Isso não me incomodava, claro. Também tive uns casos aqui e ali ao longo daqueles anos; nada sério. Apenas para me sentir satisfeita uma vez a outra, porque eu quase subia pelas paredes de tanto tesão acumulado e frustração causada pela rotina. O círculo no qual eu estava, actualmente, inserida, facilitava bastante as coisas. A discrição era uma qualidade possuída por quase todos, o que não me colocava na boca do povo, e não passava uma má figura de mim à minha família.

O dia foi passando normalmente, repleto de alegria, sorrisos e lágrimas de emoção. Nunca tinha visto o Oskar tão feliz; ele e a Evelyn faziam um belo par, e eu gostei de notar o quão completos pareciam perto um do outro.

Quando eles foram, mais uma vez, à pista ao som de uma música lenta por mim desconhecida, sorrindo e trocando beijos castos, eu tinha a taça de algum cocktail desconhecido em mãos. O sabor adocicado explodiu no meu paladar e eu humedeci os lábios já livres do batom que deveria retocar em breve.

— Podíamos ser nós... — alguém sussurrou ao pé do meu ouvido, segurando a minha cintura com delicadeza. O corpo encostou no meu por trás e eu revirei os olhos, me afastando ao reconhecer o perfume masculino — Mas já que tu tens dificultado as coisas...

O Idris tentava, desde cedo, desenvolver um diálogo comigo. Eu respondia o necessário e me juntava ao resto dos convidados, fugindo. Ainda me lembrava bem do que quase aconteceu na noite em que me procurou em Kalli, e não queria correr o risco de ceder por me sentir necessitada porque, céus, eu não transava há meses. Tinha canalizado toda a minha atenção e energia na preparação para a apresentação da monografia, e evitava encontrar-me com a última pessoa com quem fui à cama, pois parecia querer algo a mais. Algo que eu não estava disposta a ter ou dar. Por isso, me afastei e foquei apenas em mim, de novo.

IDRISOnde histórias criam vida. Descubra agora