2- Area 51

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- 1,2,3,4,5,6,7,8,9 ,10. - Contei meus dedos só para ter certeza de que não estava dormindo apesar de todo o sono.- Doida .- Pensei em voz alta.

- Entendi, ao contrário do piloto que sabe o que está acontecendo , você não faz ideia, tipo a passageira. - A enfermeira que parecia um tanto ansiosa , pegou em seu bolso seu telefone celular , chegou bem perto de mim e começou a me mostrar algumas imagens dos destroços do avião em que eu estava. - Você não faz ideia mas tem gringos de todas as partes tentando descobrir de onde veio esse avião, pois ele simplesmente não existe , não há nenhum registro desse avião porque ele simplesmente não existe , pelo menos não em nossa dimensão. Agora tenho que ir não posso deixar que o policial da porta me veja. Acabei de conseguir ser a enfermeira do quarto do piloto , com um pouco de sorte também consigo esse quarto. Eu tenho tantas perguntas para te fazer... Por falar nisso sua dimensão é parecida com a minha ou é mais do tipo  setealém?

- Eu preciso de um favor. - falei segurando pelo braço a enfermeira que já fazia menção de ir embora . - Liga para meu marido para mim, ele se chama Jean Polesy , peguei em uma caneta e um papel na mesinha de cabeceira e escrevi  o número e a enfermeira ainda sorrindo assentiu com a cabeça , pegou o papel , o colocou no bolso e saiu do quarto.

Tentei dormir assim que a enfermeira me deixou sozinha, mas não consegui , era muita informação para a minha cabeça. Da onde essa doida tirou isso ? outra dimensão. Sentei na maca e apoiei o pé imobilizado cuidadosamente no chão e fui andando devagar até à janela; só para ter certeza, tudo parecia bem normal era apenas o hospital que não ficava muito longe do aeroporto, nada mais lógico do que mandar os sobreviventes para hospital perto de onde o avião havia caído.

Mais tranquila por ter olhado pela janela e visto um lugar conhecido resolvi voltar para maca  e me entregar ao sono.

...

Dez minutos depois de pegar no sono comecei a ver rostos conhecidos em meu sonho; estávamos na cachoeira de Matilde, o passeio da escola que a minha mãe nunca deixou que eu fizesse alegando que pessoas haviam morrido naquela cachoeira. No meu sonho eu tinha por volta de 16 ou 17 anos e comecei a ver as primeiras pessoas conhecidas. Vi Jean meu marido dando um tapa na bunda de Marina uma paquera que ele teve antes de começarmos a namorar, também vi Rafael meu melhor amigo na época. Rafa e eu estávamos subindo para o alto da cachoeira com intenção de fazer um mergulho épico, meu amigo e eu fizemos aula de natação por 3 anos e podíamos dizer que nadávamos melhor do que qualquer pessoa daquele passeio. Estávamos sorrindo, brincando, feliz como ha muito tempo eu não era. Chegando lá em cima , tiramos par ou ímpar para ver quem iria saltar primeiro eu ganhei e enquanto eu saltava meu amigo ficou filmando. Sorri para câmera respirei fundo e soltei. Foi um salto limpo sem nenhuma dificuldade; assim que   comecei a me aproximar da água pude ver um pequeno redemoinho se formando, e crescendo consideravelmente instantes antes do meu corpo tocar a água.

Ouvi o grito do Rafa mas já era tarde.
Meu amigo largou a câmera e pulou para tentar me ajudar e logo após Jean também pulou ( pelo menos foi essa sensação que tive enquanto começava a me afogar), mas já era tarde demais, eu tentava emergir mas um tipo de vegetação havia enrolado em minha perna e não me deixava subir, entrei em desespero e comecei a beber muita água, a última memória que tive foi te Rafa segurando minha mão , tentando me ajudar, mas era tarde demais , havia muita água entrando pelo meu nariz e boca e segundos depois só escuridão.

- Aaaaaaaah! - acordei gritando.

Aquela não era a primeira vez que tive aquele sonho , tenho tido esse mesmo sonho desde os 17 anos, tenho esse sonho durante várias vezes no ano, e ele se repete ano após ano.

Eu ainda estava gritando quando vi o policial que ficava do lado de fora da porta do meu quarto entrar para ver o que estava acontecendo, e não muito depois a enfermeira louca da história da outra dimensão também apareceu.

-Não fica nervosa não , não sei se já reparou mas toda vez que fica muito nervosa acaba desmaiando , eu não quero te encher de calmantes como me obrigam a fazer com o piloto. - a enfermeira falou baixinho enquanto tentava me fazer parar de gritar.

O policial voltou para o seu posto então a enfermeira negra dos cabelos cacheados , falou bem baixinho ao meu ouvido assim que eu parei de gritar:

- Liguei para o telefone que você me deu mas outra pessoa atendeu , não era nenhum Jean , isso é normal já que estamos em outra dimensão. A pessoa que você conhece por Jean de repente nem se chama assim nessa dimensão ou pode ser casado com outra pessoa.

- Que merda é essa de outra dimensão? - Perguntei sem muita paciência.

- Em dois ou três dias vão levar você e o piloto , primeiro para Brasília depois para os Estados Unidos segundo eu ouvi doutor Ricardo falar com o capitão Perez; a passageira já foi levada sei lá para onde, será que irão levar vocês para a área 51? - A enfermeira falou empolgada.

- Não somos ETs . - Respondi enfiando o dedo na bota preta que estava imobilizando meu pé e  tentando coçar minha panturrilha.

- Você não vai tentar fugir? o piloto já tentou fugir 3 ou 4 vezes. Eu faria o mesmo se tivesse em outra dimensão , não iria correr o risco de parar na área 51- A enfermeira falou enquanto recolhia alguns lençóis que eu havia derrubado no chão.

- Não sou um ET e não vou para nenhuma área 51. -Falei dois tons mais alto .

- Tá , mas de qualquer forma , o dinheiro e os documentos que foram achados com você estão no armário, você quer alguma coisa lá de fora? Notei que o seu dinheiro é igualzinho o nosso; chocolate ,biscoito ,se quiser qualquer coisa pode falar comigo, hoje estou de plantão , inclusive também estou incumbida de trocar o lençol e as toalhas sua e do piloto, e também te trazer a comida já que não querem que outras pessoas saibam o que está acontecendo , estão querendo envolver a menor quantidade de pessoas possível nisso. - A enfermeira Eny falou em um tom baixo tomando cuidado para quê o policial não ouvisse,  foi quando eu tive uma ideia.

- Espere aí , você tem como comprar um celular para mim? Pode ser qualquer marca , um pré pago de preferência, com bastante crédito e algumas roupas também, algo que não chame muita atenção.

- Ok , posso providenciar isso ainda hoje para você. - A enfermeira falou enquanto ia até o armário e pegava uma quantia de dinheiro.

...

As horas se arrastaram até que por volta de 8 horas da noite ,  a enfermeira apareceu no quarto empurrando o carrinho de recolher roupas sujas. Ela recolheu as roupas de cama que havia separado e discretamente tirou uma sacola debaixo dos lençóis sujos e me entregou.

-Espero que caiba. - Abri a sacola de supermercado e encontrei uma calça jeans e uma camisa simples e roupas íntimas , dentro da sacola também havia um celular e carregador.

- Não deixe que ninguém veja , senão você já sabe qual a cabeça irá rolar. - A enfermeira murmurou enquanto fazia menção de sair do quarto.

- Espere por favor, se não for pedir demais dê um jeito para que eu consiga falar com o piloto, é muito importante.

Vortex 3:33     -Segunda Chance +18Onde histórias criam vida. Descubra agora