76 Cami

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Eu estava com muita fome quando comecei a comer aqueles amendoins que  estavam fora do prazo de validade e   é boa parte murchos, guardei as cascas pensando que em último caso poderia comê-las. Entrei sair de lojas mas não encontrei nada que fosse parecido com o sino indiano.

Pedalei até o porto onde escalei as grátis e pulei para dentro tentando encontrar alguma coisa ( que naquela altura eu já nem sabia o que estava procurando só queria ocupar minha cabeça) .

Entrei e saí de barcos que não funcionavam  e encontrei em um deles alguns patês de atum fora do prazo de validade claro, eu abri e cherei e como não estava fedendo resolvi comer 2 e guardei os outros 2 para o dia seguinte. Mexendo em um navio achei um rádio e liguei tentando achar de repente alguém pedindo do socorro, sei lá. A fome estava me deixando fraca então acabei por dormir e acordei às 22 horas com sinal de rádio.

- Aqui é do aprisco alguém na escuta? Aqui é do aprisco , Alguém na escuta?

- Na escuta, me chamo Duda e estou sem comida e sem água  no porto . - Falei no rádio.

- Duda aqui é Cami na escuta  você está a sua saúde? Cambio.

- Acho que estou bem de saúde Só estou fraca por está sem comer. Câmbio.

- Você está tendo náuseas , vômitos, dor de cabeça,  febre , fadiga? Câmbio.

- Não, apenas fadiga por está sem comer  a mais de 24 horas. Câmbio.

- Você tem manchas vermelhas e descamação na pele? Câmbio . - Cami insistiu.

- Não, não tem nenhum sintoma de radioatividade. Câmbio. - Falei  com o estômago roncando.

- Duda passa exatamente a localização que você está e iremos te buscar. - Cami falou  e sem pensar muito passei toda a informação apenas depois pensei que poderia ser seres deformados como aquele cachorro ou até canibais, sei lá. 

Bom, a Cami falou que demoraria por volta de 2:30 para chegar então comi minhas duas latinhas  de patê de atum sem olhar a validade dessa vez pois o que os olhos não veem o coração não sente.

No convés de um navio vermelho com nome chinês ou japonês, não sei ao certo , fiquei parada me perguntando como alguns navios foram parar no meio da cidade e outros permaneceram no Porto. Pensei que talvez fosse porque o Porto de Vitória é mais fechado ou Talvez porque os navios levados para a cidade talvez não estivessem ancorados, não sei. Senti vontade de ir até a casa de Rafael que é o meu porto seguro mas como havia combinado de esperar pela Cami ali, resolvi esperar.

Fui olhar no navio para ver se havia alguma arma mas não achei nada, com certeza alguém já havia passado por aqui e pegou todas as  coisas uteis.

Eu ainda me sentia fraca por não ter comido direito e decidi descansar essas duas horas e meia até que a tal Cami chegasse.  Não custava nada tentar um sonho lúcido ou uma viagem astral, eu precisava de me comunicar com Rafael de alguma forma. Joguei o lençol menos sujo que achei na cama do capitão do navio e me deitei, levantei meus olhos olhando para cima no ângulo de mais ou menos 45 graus e comecei a contar:

- 100, 99 ,98 ,97 ,96 ,95, 94 ,93, 92, 91 90...

...
Em outra dimensão...

Rafael...

Eu estava em minha casa ainda sonolento, de olhos fechados pensando em tudo o que o indica o nome esquisito falou; e aquilo me deu uma certa vontade de não fazer nada; vontade de fazer tudo eu não sei. A qualquer momento um idiota com sede de poder poderia apertar o botão errado em algum lugar e destruir tudo o que amamos.

Vortex 3:33     -Segunda Chance +18Onde histórias criam vida. Descubra agora