5- 19 de junho

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Eu precisava de um tempo para mim, talvez precisaria de fazer terapia, mais quem confiaria em um psicólogo que faz terapia?

É verdade que não é a primeira vez que surdo . Sinceramente não é nem a segunda... nem a terceira, nem a quarta, nem a quinta ,nem a 21ª , isso acontesse toda vez  que eu acho que vi a Duda andando por aí.

O dia 19 de junho é um dia que me deixa muito sensível; foi o dia em que perdi o único amor da minha vida; e foi bem  na minha frente, e eu não consegui fazer nada. Mergulhei  atrás dela assim que vi o redemoinho se formando; tentei traze-la para superfície mas alguma coisa  estava prendendo seu pé não deixando com que ela emergisse.

Fui até à superfície e pedi ajuda , pedi um canivete ou algo que me ajudar a solta-la , Jean pegou rapidamente seu canivete suíço e mergulhou junto comigo, ele conseguiu cortar a vegetação possibilitando que eu conseguisse emergir com Duda.

Quando a tiramos da água tentei fazer a respiração boca a boca enquanto alguns de nossos amigos ligavam para emergência. Jean me tirou de cima de Duda achando que conseguiria fazer  melhor ; na verdade ele só queria o mérito de  ter salvado a Duda se ela viesse a acordar mas era tarde demais eu já sabia, a minha Duda havia morrido.

Foi muito estranho vê-la em um caixão, logo ela que tinha tanto medo da morte . E pensar que não realizaria nenhum de seus sonhos.

Eu me culpei, me culpei de não ter conseguido salva-la a tempo, me culpei por ter insistido tanto para ela vir ao passeio , mas me culpei principalmente por não ter falado o quanto a amava. Sempre achei que teria tempo, afinal de conta éramos tão jovens.

Tomei o último gole de cerveja da minha tulipa de chopp e levantei o dedo para o barman pedindo outra .

- Você em um
Scotch Bar  já é raro, as 16:00 horas , chega a ser um fato histórico. -Felipe se sentou ao meu lado no balcão do bar , mas antes que ele me desse  um de seus famosos abraços apertados falei.

- Eu estava precisando pensar.  Hoje é o aniversário da morte de Duda. - Falei  olhando para uma garrafa qualquer em uma das prateleiras na parede do Scott bar.

- Boa tarde, o que vai querer? - O barmen musculoso perguntou para meu amigo que nem chegou a sentar no banco :

- Não não, eu já estou de saída.

- Traga um chopp para ele eu pago. - Falei para o rapaz que foi de pronto atender o meu pedido. - E você vai me ouvir sim, te ouvi de graça por 2 anos aquela ladaínha de que a Karol roubou seu dinheiro e foi morar nos estados unidos, e depois que ela em menos de 2 meses já tinha arranjado um namorado lá, e depois que iria casar com um cadeirante só para conseguir a documentação e que precisava que você desse a  separação a ela e no mês passado me ligou a meia-noite e um para falar que era o dia do aniversário da Karol que eu aposto que estava comemorando cavalgando em cima de algum cowboy do Texas e eu nem cobrei por isso. - Falei  antes de dá a primeira golada na minha nova tulipa.

-Você é meu amigo desde a segunda série não pode me cobrar por contar meus problemas para você. - Felipe falou ainda de pé.

- Eu sou psicólogo, ganho minha vida fazendo isso.- Expliquei.

- Tá bom já que você pediu com jeitinho. - Meu amigo falou se sentando no banco em frente ao balcão.

- Como eu estava falando, hoje é aniversário da morte da Duda e eu fui até ao cemitério .

- Para que Rafa? Cantar parabéns para você? Contar o quanto ela faz falta? Contar que você é um psicólogo traumatizado  por não ter conseguido contar para o amor da sua vida o que sentia?  Foi falar para ela e que depois da sua morte você nunca mais se deu o direito de ser feliz? - O barmen entregou o chopp ao meu amigo que depois de vomitar esse monte de verdade na minha cara tomou uma grande golada de sua cerveja falando em seguida:

Vortex 3:33     -Segunda Chance +18Onde histórias criam vida. Descubra agora