CAPÍTULO 51

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Minerva dobrou e desdobrou uma blusa, tentando ganhar coragem para falar com Dusky. Logo Pride apareceria para buscá-la, e ela teria de ir.
"Quantas roupas você trouxe? Pensei ter visto só uma mala." Dusky apareceu no quarto, sua cara fechada desatou o choro dela.
"Você é cego, não viu quantas malas eu trouxe." Ela fungou. Ele suspirou.
"Lá é sua casa, querida. Você pode vir aqui todo dia se quiser, sabe disso." Ele disse tocando no rosto dela. Minerva pôs sua mão sobre a dele e o choro aumentou. Ela não queria deixá-lo, não conseguia sair dali sem ele.
"Vem comigo, pai!" Ela pediu olhando nos olhos cegos dele, ele parecia sentir os olhos dela, pois baixou os dele.
"Minerva, eu não posso ficar no meio de fêmeas. Eu gosto de ficar aqui, na minha cabana, com as minhas coisas, as minhas mantas. Eu não saberia ficar em outro lugar." Ele disse segurando as mãos dela com carinho, mas a deixando ainda mais triste.
"Pai! Eu não quero ficar longe de você. Está partindo meu coração ter de ir embora. Vem comigo!"
"Eu não posso, filhote. Minha sina é ficar sozinho. Blue e Ann se foram, só sobrou o Gato. E olha que ele quase não fica aqui." Ele sorriu. Gato era o nome do gato selvagem que se achava dono da varanda deles.
"O Gato é um folgado, pai. Ele só vem aqui pra comer." Ela disse enxugando as lágrimas.
Dusky sorriu.
"Viu? Se eu for embora, quem vai alimentá-lo?" Dusky perguntou.
"Pai..." Minerva disse, não acreditando que o deixaria para trás.
"Mande aquele idiota comprar um jipe e venha me ver todos os dias. Eu não posso ir, querida." Ele estava triste, ela podia sentir isso.
"Você fica em uma cabana próxima, a gente dá um jeito de ninguém chegar perto, aqui é muito longe!" Minerva disse.
"Eu sinto muito, minha querida. Eu não me sentiria bem longe daqui."
Minerva colocou a blusa na mala, tentando ver a situação pela perspectiva dele, mas ela não conseguia.
"Pai..." Ela implorou se abraçando a ele, ele a apertou em seus braços.
"Eu amo você, Minerva. Amo, amo demais, eu amo tanto que não posso atrapalhar sua nova vida. Eu gostei de você ter ficado aqui, mas eu tenho meus acessos de raiva, meus dias de melancolia. Não é justo com você e Pride me levarem, vocês devem se curtir, eu até me ofereço pra ficar com os filhotes! Sua nova vida está começando, a minha está em sua conclusão. Eu não vou morrer tão cedo, eu sinto isso em meus ossos e talvez, com o tempo eu consiga sair daqui, consiga conviver com vocês mais de perto. Mas não será por agora. Meu coração fica até feliz com o seu desejo de querer um macho rabugento do seu lado, mas eu não posso. Está muito cedo. O cheiro dela ainda está aqui, querida. Antes dela morrer, nós..." Os olhos dele brilharam rasos de lágrimas, uma desceu pelo rosto perfeito dele.
Minerva chorou, toda a dor dele doendo nela, seu coração estava sendo esmagado.
"Está vendo? Sua vida agora deve ser de riso, não de choro, minha pequena. E eu quero você sorrindo, sorrindo muito, tanto que tem de ficar com as bochechas doendo, senão eu quebro o braço esquerdo daquele idiota." Ela sorriu, seu rosto cheio de lágrimas.
"Você ouviu, aquele dia?"
"Nem me lembre disso, trapaceira! Ele é canhoto e agora eu sei." Ele enxugou o rosto dela com uma manta, uma das muitas que ficavam pelo quarto. Ele também enxugou o rosto com a mesma manta e inspirou antes de a afastar do rosto.
Uma batidinha discreta foi ouvida, era Pride.
"Dá pra acreditar nesse cara?" Dusky fechou a cara e foi abrir a porta.
Pride ficou na soleira.
"Quer mostrar que você é do tamanho da porta? Eu não enxergo, idiota, entre." Ele disse se sentando no sofá.
Minerva riu, por que Pride era praticamente do tamanho da porta, foi engraçado.
"Que bom que eu divirto você." Ele disse e a beijou de leve nos lábios.
"Você vem, Dusky?" Pride perguntou, apenas para confirmar o que ele disse quando afirmou que duvidava que Dusky fosse morar com eles.
"Claro, na verdade eu já fui, não está vendo? Estou na esquina saldando você." Ele ergueu o dedo do meio para Pride.
"Pai! Se tratar Pride mal, eu não vou fazer biscoitos quando eu vier aqui."
"Me desculpe, Pride." Ele disse sem um pingo de arrependimento, Pride sorriu.
"Vamos?" Ele disse. Minerva pegou a mala e entregou para Pride.
"Não deixe o Gato comer demais. Eu estava tentando acostumar ele a comer ração, Michelle me indicou uma boa, está no armário debaixo do Cooktop. Acorde mais cedo, você dorme demais, está comendo muito tarde a noite, você andou tendo dor de barriga, eu vi!" Ela disse, ele apertou os lábios.
"E nada de chocolate demais. Eu vou até levar um pouco." Minerva foi a cozinha e retirou as embalagens de chocolate do pote onde ele pensava que escondia dela. Ela virou a metade numa sacola.
"Não são pra mim, são pros filhotes. Quando vierem aqui e não tiver nada pra dar a eles, a culpa será sua!" Ele disse embrulhado na manta.
"Os filhotes é que trazem esse tanto de chocolate, Sheer me contou. Vou falar com cada um. Inclusive com Jewel." Ela disse.
"Boa sorte com isso." Ele disse e Pride riu. Minerva deixou pra lá, Jewel não obedeceria.
"Eu vou, mas volto daqui a dois dias. Se esse pote tiver mais chocolate ou muito menos, vou te mostrar que herdei a sua boca suja." Ela o abraçou de novo, quase não querendo soltar.
Eles saíram, Pride colocou o jipe em movimento com um sorriso no rosto.
"Acha que pode impedir ele de comer chocolate? Ou fazê-lo acordar mais cedo?" Ele a encarou. O jipe ia pela estrada sem problemas.
"Eu não sei, eu só não queria deixá-lo lá!" Ela chorou, Pride parou o jipe e a abraçou.
"Ele se sente melhor assim, meu amor. Vamos ir lá sempre que der, vamos deixar ele incomodado com a nossa presença, ele não vai ver muita diferença entre ficar nessa cabana ou em outra." Ele disse, ela o beijou.
"É um plano. E eu vou fazer marcação serrada no chocolate. Ele vai ver só!" Ela disse.
"Eu ouvi o que ele disse sobre Ann. Eu espero que Livie acabe com a raça daquela desgraçada!" Ele disse.
"Eu acredito que ela pode." Ele assentiu e o jipe voltou a se movimentar.
Na casa deles, Lily estava no colo de Violet quase adormecendo. Quando entraram, ela ergueu os bracinhos gorduchos para Minerva.
"Mamãe! Você demorou, eu quase dormi sem te ver." Minerva a pegou, com esforço, Lily parecia estar cada vez mais pesada.
"Me perdoa, amorzinho. O vovô Dus não quis vir. Eu tentei muito, mas não teve jeito." Minerva quis dizer com um sorriso, não queria passar a sua tristeza para Lily.
Ela a levou para o quarto, a ajudou a tomar banho, a vestir um pijama e se deitou na cama com ela.
"Não fique triste, mamãe. O vovô Dus vai sair daquela cabana, tá bom?" Lily disse, Minerva sorriu.
"Tá bom." Lily bocejou, Minerva beijou a bochecha dela.
"Eu amo você, minha filha." Ela disse. O maior presente que Minerva recebeu em sua vida era Lily e Sheer. Eles a amavam sem laço de sangue, sem que Minerva tivesse que fazer nada, eles a amavam simplesmente por que sim. Nem Kevin a amava como eles.
"Eu também. A minha outra mamãe vai demorar um pouquinho mas ela vai voltar. Ela não está mais na minha cabeça." Lily disse. Fazia sentido para Minerva Livie se afastar. Ela não deixaria a mente de Lily a mercê de Samantha.
"Ela está em seu coração, meu amor. Está no meu também." Era verdade. Livie voltou, e lutou sozinha, agora ela estava longe e Minerva só podia orar por ela e ter fé de que ela venceria essa luta. Tinha de vencer.
"Eu sei." Lily fechou os olhos verdes, iguais aos da mãe dela. Minerva suspirou quando a cobriu.
Na sala, Violet estava se despedindo.
"Mamãe quer vocês lá amanhã." Ela deu um beijinho no rosto de Minerva e saiu.
"Onde está Sheer?" Minerva perguntou.
"Onde mais? Eu estou quase mandando as roupas dele pra casa de Thorment." Pride disse a abraçando.
Minerva o abraçou e puxou a cabeça dele pelos cabelos juntando suas bocas. Pride a beijou com cuidado.
"Vem cá." Ele disse pegando a mala dela e indo para o quarto dele.
"Eu mexi um pouco no closet. Suas roupas vão ficar aqui." Ele disse mostrando o espaço que tinha separado.
"Por que tantas camisas se você só fica de calça?" Ela nem falou nada das cuecas.
"Minha mãe sempre passava roupas de Honor pra mim. A maioria dessas roupas são de quando eu e ele éramos do mesmo tamanho. Nós dividíamos o quarto e as roupas." Ele disse, triste pelo irmão estar longe.
"Serão quantos meses?" Minerva perguntou. O curso não seria tão longo, ou seria?
"Eu não sei." Ele disse, olhando a mala dela.
"Por que você tem tão poucas roupas?" Ele perguntou.
"Por que diferente de você, eu uso roupas. Elas ficam velhas e eu as descarto. Isso aqui não cabe em você, por exemplo." Ela estendeu uma bermuda. Ele riu.
" Serve, mas fica apertada, ridícula! Violet e Joe me levaram desacordado para a casa de Lash vestindo isso, acredita?" Ele disse, Minerva riu.
"É sério? Não quero nem imaginar por que." Ela o abraçou.
"Então, eu vou dormir aqui? E nosso casamento é pra valer agora?"
Ele a beijou, um beijo quente, molhado e exigente.
"Sim, e vamos acasalar." Ele disse segurando no rosto dela.
"Sabe, o casamento humano também tem valor pra mim. Acho que poderíamos deixar como está."
"E perder a chance de ver você andar até mim, na clareira de acasalamento? Linda, num vestido bonito e sentir que todos os machos solteiros me invejam? Não senhora. Será a cerimônia de acasalamento mais bonita de todos os tempos!" Ele parecia realmente empolgado.
"E eu vou chamar o padre que batizou Jewel, ele é ótimo. Ele usa peruca, então todos vão fazer apostas sobre a peruca, se ela vai cair na hora do sim, por exemplo." Ele sorriu.
"Apostas em um casamento?" Minerva riu. Nada de tédio entre os Novas Espécies.
"Sim. Inclusive, eu pensei numa coisa. Eu posso apostar que a peruca vai voar em algum momento. Depois que nós dissermos sim, eu posso fingir um espirro e sopro a peruca dele pra bem longe." Ele abriu um imenso sorriso, Minerva não aguentou e riu.
"Na verdade tem que ser Sheer a apostar senão o tio Slade vai desconfiar." Ela balançou a cabeça.
"Não. Nada de peruca voando na minha cerimônia de acasalamento." Minerva colocou as mãos na cintura.
"Então vai ter cerimônia de acasalamento?" Ele perguntou.
Minerva deu de ombros.
"Se você quer mesmo."
Ele a imitou:
"Se você quer mesmo!" Minerva ficou admirada com a imitação dele.
"Você é um bobão, sabia? Como consegue?" Ele riu.
"Eu não sei. Só sai." Ela bateu palmas, ele falou exatamente como ela, de novo.
"Imita o seu pai." Ela pediu. Pride se esticou todo e disse:
"Esse rapaz, o Stone. Ele pode ser considerado meu neto? Por que ele é grande, forte e só tem dez anos. Vengeance vai se morder de inveja."
Minerva riu, era muito parecido. Pride tinha uma voz totalmente musical, era uma linda voz.
"E agora, a sua mãe." Minerva pediu.
"Daisy! Pare de comer como uma draga. Você come mais que Honor! E você, Violet, pare de dar esperanças para esse monte de filhotes. Se aparecer mais um aqui querendo um acordo, eu vou te colocar de castigo!"
Minerva riu e o beijou.
"Cansou de imitações?" Ele perguntou com um brilho vermelho no olhar.
Minerva sorriu, ele não.
"O quê?"
"Você me ama, Min?" Ele perguntou, usando o apelido dela, fazendo o coração dela disparar.
"Sim. Eu amo você, Pride North." Ela disse, ele segurou as mãos dela e beijou uma, depois a outra.
"Lembra quando me perguntou se existia uma senhora North?" Ele perguntou, estava falando da primeira vez que eles se viram.
Minerva sorriu, fazia tanto tempo! Era incrível pensar que eles estavam ali, juntos.
"Eu acabei me tornando a senhora North." Ela disse, uma lágrima rolando pelo rosto dela.
"Por que está chorando, senhora North?" Ele perguntou.
"Qual a probabilidade? Quando eu poderia imaginar que depois de três anos, eu estaria aqui? Que eu seria Nova Espécie? Ou que eu teria um pai, um pai de verdade, o melhor dos pais. E filhos, os melhores filhos. Acharia o Kevin e me apaixonaria por você?"
Ele sorriu,mas não o sorriso que ele sorriu quando falou da peruca do padre.
"Eu me senti atraído por você, desde o início. Livie me bloqueou, ela mexeu com a minha cabeça. O que está acontecendo agora já estava escrito. É só o que aconteceria a algum tempo atrás. Eu sou seu Minerva, sempre serei. Nada pôde nos separar, nem o tempo, nem o poder de Livie, nem a minha idiotice e nem a sua bondade ao me deixar pra que eu ficasse com Livie. Nada pôde nos separar antes, nada pode nos separar agora, nada que o futuro traga poderá nos separar. Eu te amo." Ele a beijou selando aquela declaração de amor, marcando aquelas palavras no coração e na mente dela para sempre.

AMÉM!
Gente, que história difícil! Houve momentos em que eu sinceramente quis desistir, desinstalar o Wattpad e sumir! Mas o carinho de vocês me ajudou a ir em frente e eu acabei gostando da história, ainda que não tenha ficado tão boa.
Primeiramente, eu acho que o problema foi escrever essa história agora. Talvez se eu tivesse escrito outra, tivesse deixado o tempo passar mais um pouco, talvez a história teria fluido mais fácil. Eu estou aprendendo e com certeza errar nos ensina mais que acertar. Então, eu posso dizer que aprendi bastante, kkkk!
Eu só queria dizer que eu não sei até agora por que não consegui escrever sobre Pride com Livie. Não foi um capricho, nem vontade de chocar, ou de dar uma guinada de 180 graus, não foi nada disso, eu simplesmente não consegui. Acho que talvez isso acabou prejudicando a história, por que se a história era de Pride, eu não pude me aprofundar demais em Livie, e isso também não ajudou muito. Ela vai ter a história dela e aí sim, vou conseguir mostrar bem pra vocês quem ela é e também vão poder ver quem ela vai se tornar. Não será agora, porém.
No mais, eu quero agradecer! A todas! Principalmente pelos puxões de orelhas. Me ajudaram muito e espero que continuem.
Então!
Que tal uma história do Bestial?
Só pra descontrair?
Uma história bem leve, como as que eu comecei, com muita confusão e bom humor? E que se passa no lugar que eu mais gosto da Reserva, o zoológico. Conseguem adivinhar por que a história se passaria lá? Comentem!
Vejo vocês em Bestial!
Junia❤️
P.S. Tem epílogo e aí sim a história termina.

FILHOTES DE VALIANT - PRIDEOnde histórias criam vida. Descubra agora