CAPÍTULO 36

349 73 4
                                    

Livie ouviu Pride sair, tomou um banho, vestiu uma calça jeans, uma camiseta e tênis. Ela saiu da casa, o aprendiz de Pride, aquele Nova Espécie bonzinho trabalhava fazendo alguma coisa na oficina. Coitado, ele não tinha talento algum para aquilo.
Ela foi andando pela estrada rezando para aparecer alguém, pois o complexo era longe. E ela andou e andou e nada. Ela tinha de chegar no complexo, mas ainda estava longe, então ela fechou os olhos e se concentrou. A sua volta, a casa mais perto era a de Brass, e ela não conseguiu nada com a mente dele. A direita havia a casa de Harley. Esse sim, era bom. Ela se sentou e esperou, logo ele apareceu dirigindo um jipe.
"Oi! Me dá uma carona?" Livie sorriu.
Harley olhou para ela e sorriu.
"Claro, entra aí." Ela entrou e ele continuou dirigindo.
No complexo, Harley desceu do jipe e a ajudou, ela sorriu e ia entrando quando ouviu Moon sair ao estacionamento e perguntar a Harley:
"Ué? Você não ia ajudar Miracle com uma lição?" Harley deu de ombros.
"Não sei, me deu uma vontade de vir pra cá." Ela riu, era divertido.
Livie entrou procurando a doutora Trisha, mas em seu consultório quem estava era Florest.
"Posso ajudar?" Ele a encarou. Florest tinha lindos olhos azuis e cabelos cheios de mechas claras, era canino. Livie estava notando que estava prestando mais atenção aos traços dos Novas Espécies, os olhos dele indicavam que poderiam ter usado aqueles lobos, enormes e lindos. Ele continuou esperando, é claro que pensando que ela iria embora. Pelo assunto, ela talvez devesse ir, mas ela era Olívia North e não teria vergonha de falar de sexo com um médico.
"Boa tarde, Florest. Eu preciso de uma pílula do dia seguinte e que você de prescreva um anticoncepcional." Ela disse e se sentou. Ele acenou, fez perguntas e uma ou outra ela respondeu um pouco vermelha, mas no fim, deu tudo certo. Livie saiu agradecida, inclusive pelo diafragma que ele indicou.
Lá fora, vários jipes estavam estacionados, ela pegou um. Depois dele morrer duas vezes na estrada, ela conseguiu pegar o jeito. Passando pela casa de Brass, ela parou e desceu. Ia bater na porta quando um rapazinho de pele negra e lindos cabelos encaracolados abriu a porta.
"Oi. Você é a mãe do Sheer?" Ele perguntou, Livie sorriu. Ele lhe deu passagem ela entrou, a sala era aconchegante, com uma linda decoração clara. Haviam quadros na parede da família em vários estágios, um particularmente lindo, era de Sophia e Brass. Ela olhava para uma flor com um sorriso, ele olhava para ela. Livie suspirou.
"Você já teve a sensação de que seus filhotes não são seus? De que eles são maravilhosos demais para serem seus, como se você não os merecesse?" Sophia disse às costas dela. Ela estava falando do talento de John, é claro. Livie se virou, pensou na independência de Sheer e na doçura de lily e sorriu.
"O tempo todo." Sophia estendeu uma mão, Livie pegou e elas se sentaram.
"Eu vim aqui por que preciso de ajuda. Eu ainda não sei o que posso fazer, mas quando eu precisei de um jipe, e notei que Brass..." Ela estava parecendo louca. E talvez dizer que procurou entrar nas mentes ao redor não fosse legal.
"Eu não entendi direito, nas se precisa de ajuda, iremos ajudar, não é Brass?" Sophia olhou para um canto. Livie pulou. Quanto tempo ele estaria ali?
"Sim, é claro. Venha comigo." Livie olhou para Sophia, ela sorriu, deu um beijo na bochecha dela e beijou os lábios de Brass. Os olhos dela estavam cautelosos. Brass tirá-la de sua casa acendeu uma luzinha de alerta. Ele estaria com medo de Livie fazer mal aos seus filhotes, ou a Sophia?
Ele subiu no jipe, ela também.
"Eu não tenho medo de você machucar meus filhotes ou Sophia. Eu e seu pai conversamos, ele disse que você poderia aparecer."
Seu pai. Ele estava um pouco distante, todos estavam, eles queriam que ela lutasse essa batalha, ela tinha entendido e estava tentando.
"Ele te disse porquê?" Ela perguntou, ele sorriu. Brass era sombrio. Seus olhos de Bronze, seus cabelos marrons, sua beleza clássica, tudo isso evocava respeito. E seus olhos eram inteligentes, muito inteligentes.
"Só que a minha cabeça é mais dura que o normal." Ele sorriu, ela riu.
"Sim. Eu só notei agora. Eu precisava de um jipe e..."
"E sondou as mentes ao redor. Harley mora aqui perto e com certeza a mente dele deve ter servido. Ou não?"
Ela baixou a cabeça. Era errado fazer o que ela fez. Mas ele acabou rindo.
"Um dia vou contar a ele e vou rir muito." Ele disse. Mas Livie tinha de se explicar:
"Eu precisava muito ir no complexo, eu e Pride, quer dizer, Pride e Samantha, eles fizeram sexo e eu tinha de evitar uma gravidez. Veja, Florest me ajudou." Ela pegou a sacola e ia mostrar tudo a ele, mas ele ergueu uma mão.
"Calma." Brass disse. Ele saiu da estrada e estavam no lago. Ele parou, desceram e se sentaram no deck.
"Eu precisava..."
"Certo, você precisava e fez algo inofensivo, tudo bem. Eu não me preocupo com essa sua 'acuidade mental', vamos dizer assim, desde que você esteja no comando. O problema é que ela também pode usar. Sua mãe não está mais aqui por isso." Brass disse a olhando nos olhos, sério, incisivo. Nada de eufemismos com ele.
"E é por isso que eu preciso de você. Se eu não posso entrar na sua mente, ela também não pode. Logo, tudo o que descobrir sobre ela, posso te contar." Livie disse. Ele acenou.
"Mas ela sabe o que você sabe." Livie acenou também.
"É, mas Pride vai né fazer esquecer." Ela disse. Esse era o plano. Ela não tinha muito tempo. Brass acenou.
"Então diga. Você não deve ter muito tempo." Ela sorriu e assentiu.
"Meus irmãos. Ela está com eles. E eu sondei a mente dela e sei onde eles estão." Brass arregalou os olhos.
"Mas não devemos pegá-los agora. Ela está aumentando os poderes deles, dando a eles mais controle. Isso é bom. Mas veja. Ela tirou do bolso um papel. Eram coordenadas.
"Por enquanto, acho que podemos esperar. Mas se algo acontecer comigo, vá e os busque." Ela disse.
Brass leu os números e rasgou o papel. Livie entendeu, ele não queria que ninguém soubesse.
"E não pode contar para Sophia. Por segurança." Ele acenou. Ficou de pé.
"Pride está descendo a encosta. Peça pra ele fazer você esquecer isso. Eu ficarei aqui, a sugestão o incapacita."
"Obrigada, Brass." Ele sorriu.
"Seu pai fica me devendo." Ela sorriu.
"Oi. Onde estava?" Ele vinha alerta, seus olhos desconfiados.
"Fui no complexo, depois na casa de Brass. Eu preciso de um favor e é importante. Você tem de confiar em mim." Ela disse.
"Certo." Ele disse, ela sorriu. Era tão bom conviver com ele, quando ele estava calmo. Livie estava gostando muito da convivência deles nesses dias. Ele era bom.
"Me faça esquecer tudo o que me aconteceu desde que eu saí do complexo dirigindo." Ele achou estranho, mas assentiu.
E ela acordou em sua cama. Confusa. Pride estava a seu lado. Uma linha fina de sangue saía de seu olho, mas de um só.
"Mãe? Posso entrar?" Sheer disse detrás porta fechada.
"Sim." Ela autorizou e ele entrou.
"Eu fiz comida. Até cozinhei a carne um pouco mais, venha." Ele chamou, ela se levantou da cama, estava de roupa a mesma que usou para ir ao complexo.
Ela saiu do quarto, Lily brincava em seu quarto com uma menina loira, a menina a olhou e sorriu.
"Oi mamãe." Ela disse.
"Ela não é sua mãe. Ela é a minha mamãe, Missy." Lily disse.
A menina se levantou, Livie viu que ela tinha uma calda. Um sentimento de carinho passou por ela. Livie se aproximou e beijou a bochecha da menina.
"Você cheira igual a minha mãe cheirava, quando ela ficava pelada e presa. Desculpa." Ela disse, Livie a abraçou apertado, sentindo carinho. Outra descoberta.
Essa mais difícil de usar, Livie nunca usaria aquela pequenina contra Samantha, mas era bom saber.
"Sua mãe está liberta agora. Isso é bom, não é?" Livie disse.
"Sim, mas ela só fica com o Fred. Ele rosna para a gente e tem muito ciúme da mamãe. E ele arranha, olha." Ela mostrou o braço gordinho com uma longa marca de arranhado.
"Mas e a sua tia?" Eram duas moças loiras naquele dia. Samantha odiava as duas igualmente.
"Ela cuida da gente, mas Bernie também é ciumento e ele morde. Olha." Ela mostrou a canela. Uma marca de mordida já cicatrizada estava bem na parte gordinha da canela dela. Como toda criança Nova Espécie, Missy era bem gordinha, bem linda.
"Mãe, vem comer, vai esfriar. Venham vocês duas também." Sheer chamou.
Na cozinha eles comeram e a carne de Sheer estava gostosa. Missy e Lily comeram uma enorme quantidade de bifes, o de Missy estava só aquecido, Livie não conseguiria comer daquele jeito nem que sua vida dependesse disso. Ela era uma boa menina, muito esperta e já estava aprendendo a ler e a escrever.
Bateram na porta e um homem loiro, enorme entrou. Missy disse 'papai!' correu e pulou no colo dele. Ele tinha uma calda como a dela.
"Obrigado por a receberem. Vamos, Missy?" Livie ficou na dúvida entre falar com ele ou não. Ela achou melhor não. Esse dia estava estranho. Mas ela conseguiu tomar uma pílula do dia seguinte, conseguiu camisinhas, diafragma, gel, e Florest marcou para que logo depois que ela menstruasse, dali a quatro dias, ela o procurasse. Ela não teria outro filhote! Pelo menos não de Pride.

FILHOTES DE VALIANT - PRIDEOnde histórias criam vida. Descubra agora