CAPÍTULO 32

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Vengeance entrou no complexo, Slade logo veio até ele.
"Não, Vengeance. Você não vai passar." Ele cruzou os braços impedindo acesso a porta que levava às jaulas no porão. Harley e Moon estavam com ele, é claro. Brass, o único com cérebro entre eles, devia estar lá embaixo.
"Onde está Jericho, ou Book, ou Timber? Eu não vou ser parado, mas ajudaria vocês."
"Corta essa, Vengeance! Você vai descer lá, Dusky vai se enfurecer ainda mais e vai sobrar pra nós." Harley disse.
"Então preferem me enfrentar." Vengeance afirmou.
"Não, não deveríamos estar tendo essa conversa, Vengeance. Você não deveria estar aqui, deveria estar com sua filhote."
"Sabe que estou aqui por minha filhote, Moon. Não dificultem as coisas. Eu não vou voltar." Slade cruzou os braços. Ele também não sairia dali.
"E se eu ajudar Florest? Sabe que ele precisa. Mesmo nessa confusão, Lash não vai demorar a aparecer e pode acabar firmando um acordo com Valiant." Slade franziu a boca. Vengeance realmente não queria lutar com eles.
"Passe. Mas você se responsabiliza pelo que acontecer. Por tudo que acontecer." Vengeance acenou. Quando passou apertou o ombro de Slade.
"Sem drama. Eu quero um acordo com Valiant. E aquele idiota do filhote de Lash bem longe da minha futura nora."
"Você não quer voar também?" Vengeance perguntou. Esse era o problema com Slade, dava-se a mão, ele queria o braço.
Ele desceu os degraus, pegou o comprido corredor e chegou a cela de Dusky. Ele estava deitado num colchão, preso pelos pés e mãos a parede. Quando sentiu Vengeance, bufou.
"Você demorou." Ele se sentou.
"Onde está Brass?" Vengeance perguntou, Brass apareceu, ele devia estar no banheiro. Havia um banco no corredor, Brass indicou o banco, Vengeance se sentou. Brass se esticou todo e cruzou os braços.
"Você tem até o pôr do sol. Eu deixei que me trouxessem por que não queria machucar ninguém. Se o sol se pôr e ela ainda estiver aqui, vai morrer."
Vengeance se recostou.
"Quantas vezes você tentou matá-la? Brass aqui é testemunha de todas as vezes que você machucou algum de nós por protegê-la. Quantas vezes tentou enforcá-la, quantas vezes a jogou contra a parede? Me diga, Dusky, está com ódio de Livie por tê-la matado, ou ela ter tido a coragem que você não teve?" Ele rosnou.
"Não venha com psicologia barata, Ven. Você por exemplo nunca bateu em Marianne, mas e todas as lágrimas que já a fez chorar? Todas as mortes e ressurreições? E você, Brass? Já se recuperou por ter brincando de casinha com Breeze enquanto Sophia era empregada de um humano, com John dentro da barriga dela? E o fato de Vengeance ter socorrido ela no parto ao invés de você? Vocês devem estar brincando comigo ao vir aqui e querer jogar na minha cara todas as vezes que eu machuquei Ann. Ela matou meu companheiro! Eu demorei demais para perceber o quão errado eu estava! E ela esperou! Eu a liberei, eu a mandei ir embora. Ela não quis!" Ele puxou a corrente que prendia seu braço esquerdo a parede, a corrente se partiu, ele nem se esforçou. Brass travou o maxilar.
"Ela me disse: 'Ah, seu macaco burro! Eu estou tão feia que tenho de ficar com um cara cego. Você conhece alguém assim por aí?'. Eu a machuquei diversas vezes e ela aguentou por que pensava que um dia tudo ia mudar. E mudou por que ela me fez me arrepender por cada pancada, cada tapa! Você pagou por tudo o que fez, Vengeance? Por que ela pagou e com juros, e ela costurou colchas, fez bonecas, tudo sem enxergar direito, ela dizia que estava deixando um pouquinho dela em cada casa, que não havia como correrem dela. Ela perdeu a beleza, ela perdeu a saúde, mas ainda continuou com a cabeça erguida. Sua filhote a matou e você deve ter alguma desculpa,você sempre tem, mas não vai funcionar. Eu já decidi. A única coisa que você pode fazer é entrar aqui e me matar. Mas não será fácil, isso eu te juro!" Ele puxou a corrente que prendia seu braço direito, aconteceu a mesma coisa, a corrente grossa se partiu em duas.
"Me diga que a idéia de colocar ele aqui foi de Slade." Vengeance sussurrou, Brass balançou cabeça confirmando, pesaroso.
"Vai doer, não vai?" Ele sussurrou de volta.
"Não vai doer. Vou torcer o pescoço de quem ficar no meu caminho." Ele disse e se levantou. Vengeance inspirou e orou pelo desenho de Harrison estar certo.
"Quantos anos você tinha quando perdeu a visão, Dusky? Você lembra?" Ele sorriu, mostrando as presas.
"Mais joguinhos. Você é ridículo."
"Me diga então."
"Não."
"Sério? Uns três, quatro? A idade não importa na verdade. Qual era a cor dos seus olhos, Dusky?" Ele rosnou.
"Verdes? Azuis? Ou as duas cores? Um olho verde, outro azul, por acaso?"
Ele deu um passo para trás e encarou Vengeance, toda a raiva, dor e resolução em seus olhos cegos, que se se prestasse bastante atenção o azul e o verde ainda estavam lá descolorados, mas perfeitamente discerníveis. Ninguém fica olhando para os olhos de um cego, no fim das contas.
"Você vai matá-la?" Ele perguntou.
"Por Livie? O que você faria?"
"Ela não matou ninguém." Ele disse.
"Nem Livie." Vengeance disse e ele puxou com a corrente que prendia sua perna esquerda à parede com a mão. Brass se esticou mais.
"Não foi Livie, foi Samantha. Ela está controlando Livie. Pelo menos estava. Depois do que Jewel fez eu não sei."
"Não conheço nenhuma Samantha. Minha questão e com sua filhote."
"Uma filhote pela outra, Dus." Vengeance disse.
Dusky puxou a outra corrente com a mão e se soltou.
"As grades são reforçadas, Dusky, você iria se machucar a toa." Brass disse. Dusky não o ouviu.
Segurou numa grade com uma mão e em outra com a outra mão.
"Dusky, pra trás." Brass disse apontando uma arma de tranquilizantes para ele. Dusky começou a puxar as barras, e ela começaram a se entortar.
Brass atirou. Ele ergueu uma sobrancelha.
"Temos um trato?" Vengeance perguntou, as barras já estavam mais distantes, logo ele passaria por elas, o filho da puta era pequeno, afinal.
"Não vai contar para ela." Ele disse enquanto forçava as barras. Brass atirou mais um dardo, uma grade quebrou. Dusky passou pelas grades e deu um soco potente em Brass, ele voou.
"Não quero ver nem você, nem ninguém dessa sua família amaldiçoada nas minhas terras. Qualquer um de vocês que se aproximar vai morrer." Ele subiu as escadas as correntes batendo no chão fazendo um barulho metálico. Vengeance subiu atrás, aliviado. Quantas vezes Harrison iria salvar a família deles?
Slade ficou a frente dos outros, angariando um pouco de respeito de Vengeance.
"Dusky, volte para a cela." Ele disse se esticando e ficando uns trinta centímetros maior que Dusky. Trinta centímetros inúteis, pois Dusky apenas girou uma das suas mãos algemadas a corrente e o acertou no rosto. Ele caiu.
"Mais alguém?" Dusky perguntou.
"Eu e Dusky temos um acordo, eu confio nele, deixem ele ir." Vengeance disse, os outros abriram caminho para Dusky passar.
"Eu estou de luto por minha companheira isolem a área da minha propriedade para o próprio bem de vocês." Ele disse, Moon, Harley, Jericho, Silent, Timber e Book abriram caminho para ele passar.
"Espera aí? Companheira, mas você não gosta é de macho?" Harley perguntou. Dusky se virou, mas sentiu que não valia a pena e continuou.
"Cara! Você ouve o que você diz?" Timber perguntou indo ajudar Slade a se levantar, as correntes fizeram um feio arranhão na cara dele.
"Era pra você apanhar seu cuzão, eu não!" Slade estava puto, sua cara estava torta. Ele cuspiu uma saraivada de sangue no chão e se dirigiu ao hospital.
"Vinte pratas que Slade vai ter de implantar outro dente!" Candid disse. Honest e Simple riram, Harley procurou nos bolsos, Moon deu uma cotovelada nele e o puxou na direção do hospital.
"Vimos Dusky. Ele nos proibiu de ir na casa dele. Para sempre." Simple informou.
"É. Eu e minha família também. Vamos."
Ainda havia muito a fazer.

FILHOTES DE VALIANT - PRIDEOnde histórias criam vida. Descubra agora