Vossa Alteza

Capítulo 6

Sasuke se sentiu frustrado ao ser confrontado por Menma, um simples beta que nem presença tinha. Sequer o cheiro de seu suor era o bastante para conseguir decifra-lo entre outras pessoas. E mais, Sasuke ainda não compreendia o motivo dele ter desmaiado repentinamente nos braços do Hyuuga.
Betas não costumam ser tão sensitivos; por mais que seus feromônios de alfa fossem fortes, não eram o bastante para derrubar um beta.

— Príncipe?

Ambos encaram a porta entreaberta e procuram saber em que momento Neji havia surgido. O cheiro cítrico de laranja se espalha sutilmente pelo ambiente, revelando de uma vez a sua presença.
Embora não gostasse de ser interrompido, Sasuke permite que o rapaz entre.

— Desculpe-me, mas devo pedir que se retirem. — diz, franzindo o cenho. As mãos apertam o tecido de suas vestes, resistindo aos impulsos que o levaria a expulsa-los com pontapés. Naruto sorri e se aproxima do Hyuuga, quem enrijece a postura e se inclina para trás, receoso.
O moreno cruza os braços, pondo-se a observar o que ele estava prestes a fazer. A sua curiosidade lhe impediu de sair antes de Menma.
Certamente, nenhum dos alfas esperavam que o loiro desse um breve abraço de despedida, para depois, sair apressado. Fora um gesto adorável, apesar de não compreendido no instante.

(...)

Sasuke pensou ter saído ao mesmo tempo que o loiro, mas percebeu que estava totalmente enganado quando ele some de sua visão, como se de fato nunca estivesse por perto.

— Sasuke? Que demora, hein! — Gaara exclama, fazendo uma cara feia enquanto puxava as rédeas do cavalo negro que ficou agitado ao ver o dono.

— Onde está o Rasengan? — dispara de imediato. O ruivo dá de ombros, nem um pouco interessado no corcel insuportável que pertencia ao Príncipe desde que Madara o "descartou" por ser inútil em suas tropas.

— Não sei, pode estar em qualquer lugar. Esse capeta não fica quieto, nem o Chidori aguenta ficar com ele, e, sinceramente, acho que ninguém nunca montará nel...

— Puta merda...

O alfa de cabelos rubros redireciona seu olhar para o mesmo ponto que Sasuke observava totalmente pasmo, e sua reação não é tão diferente.
Era compreensível estarem estáticos daquela forma, até porque não era todo dia que se via alguém cavalgando com o corcel selvagem que não gostava nem do próprio dono. O sol da manhã reluzia através das copas de árvores, dando a impressão de que as cores brincavam com os fios dourados de Menma e seus olhos azuis repletos de vida. Um brilho genuíno que fazia Sasuke esticar o braço com a esperança de poder alcançar com a ponta dos dedos, era um sentimento novo que estava experimentando especialmente pela aparição daquele loiro.

— Sasuke??? Espera.. onde você tá indo?

O moreno sobe na cela do cavalo e segura em sua crina macia, desviando seu foco para o jovem rapaz que se distanciava rapidamente entre a mata. Sentia que não poderia permitir-se distrair novamente ou mais uma vez o perderia de vista.

— Eu vou pega-lo. — diz e, por um mísero instante, Gaara acha ter visto um sorriso escapar de seus lábios antes que saísse às pressas.

— MAS E EU, CACETE?!? — o acompanhante berra com toda a força que lhe restava. Sabia muito bem o que Sasuke estava tramando, mas não queria admitir a si mesmo que voltaria andando na força do ódio até o castelo.

Por outro lado, o príncipe estava mais tranquilo do que o habitual - que costumava se resumir num alfa estressado que ficava arisco com qualquer um - e levemente atiçado pela curiosidade de procurar saber mais daquele jovem que lhe olhava de soslaio, tentando evitar a sua aproximação. Porém, não levou segundos para alcançá-lo e passar a mão na crina do corcel, mandando que parasse. Era um dos únicos ensinamentos do exército que Rasengan se permitia controlar, e, estranhamente, não estava parando como de costume. Muito pelo contrário, ele aumentava a velocidade afim de escapar do alfa que mandava a sua parada.
O jeito como aquele corcel corria era inigualável, por isso muitos insistiram em tentar domá-lo para agradar o general Madara. Só que, além do corcel odiar até a própria sombra, ninguém conseguia monta-lo apropriadamente. E agora lá estava ele, com o loiro que segurava firme em sua crina apesar de ter uma postura desleixada para cavalgar.