- setembro II; part. 2

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Existe um ditado grego que diz: "É mais fácil ver a beleza do mar quando se está parado na costa."

Significa que você nunca vai olhar com dor para um período de sofrimento que o levou a aprender algo, mesmo que você não tenha compreendido, tenha sofrido no momento. É uma questão humana. Você pode não compreender o que o levou até ali, ou se era realmente necessário, mas a dor nunca aparece duas vezes.

É um ditado popular. Não significa que é verdade.

Havia uma série de acontecimentos que havia levado aquele exato trio a se conhecer naquele exato momento e viver exatas experiências que os levariam para uma viagem em um local exato para viver exatas emoções. Tudo tão perfeitamente alinhado que parecia ter sido escrito por terceiros. Não vamos discutir o destino. Não cabe a nós. Justin e Sadie já fizeram isso no passado, e não foi a melhor das conversas, nem o melhor dos momentos. Sem falar que, qualquer fosse a resposta, ela traria dor. Dor porque tudo ali, tudo que os envolvia, as narrativas, as falas, os jeitos e os gestos, era preenchido por amor. Muito amor. Romântico e fraterno. Não havia dúvidas sobre o que se sentia sobre o outro. Mas as condições que os levaram a esse contexto de sentimentos bons havia tido início em um contexto cheio de sentimentos ruins. Dor. Medo. Ansiedade. Desespero. Angústia. Desamparo. Aflição. Apreensão. Choque. Mágoa. Culpa. Mas...

Se houvesse uma segunda chance, se houvesse uma possibilidade de mudar algo, uma única coisa em sua vida inteira, e apenas aquilo, não importa quais fossem as consequências... Eles teriam tomado as mesmas decisões? Teriam aberto a porta errada, teriam decidido visitar um amigo antes do Ano Novo, teriam... Não. Não vamos pensar nisso. Não vamos pensar no que ocorreu em Los Angeles. Pensar em Los Angeles significava ir embora.

E Ryan não queria ir embora. O aniversário dele havia sido ótimo, talvez até entrasse para a lista de "Melhores Aniversários dos Últimos 23 Anos." Ele não queria regressar. Ele havia feito um ótimo progresso até ali, não havia? Ele não queria voltar a Los Angeles. E ele havia vários motivos para ficar na ilha grega:

1- O número de habitantes da ilha grega era 397 vezes menor do que Los Angeles. O que significa que Ryan tinha 397 vezes mais chances de conseguir um emprego estável por ali, algo que a cidade dos anjos não o garantia.

2- O lugar era lindo. Lindo o tempo todo, de todos os ângulos. Não importava se o céu estava azul às 7 da manhã ou se estava laranja às 6 da tarde quando o estava se pondo. Era um prato cheio para um profissional como Ryan, que pareceria ter a melhor câmera fotográfica dentro da própria cabeça, vendo o frame perfeito a todo momento.

3- Ele havia escutado Sadie rir ou contar algo em um tom de voz animado mais vezes nos últimos três dias do que havia nos últimos 3 meses em L.A.. Aquilo era um ótimo avanço. Sem falar que ela não havia ficado estranha depois da noite anterior, e parecia mais tranquila.

4- O próprio Justin parecia mais tranquilo, mais relaxado. Sem a pressão do trabalho, sem a ansiedade de uma ligação de Scooter a qualquer momento, sem lembrar que não podia sair de casa a hora que quiser e fazer o que desse na telha porque haveria, no mínimo, meia dúzia de pessoas para registrar o momento. Óbvio, em Santorini as pessoas ainda viravam o pescoço para ver o Justin Bieber passar, mas era muito mais tranquilo, muito mais casual.

5- O limite de velocidade de Santorini era de 50 km/h em áreas urbanas. E por mais que os três ali tivessem carteira de motorista, tudo ficava a, no máximo, 20 minutos de distância. Eles poderiam pedir um táxi para qualquer coisa, ou então andar de bicicleta. Não haveria mais carros, não haveria mais acidentes, nem visitas ao hospital. Ele não precisaria sair 15 minutos mais cedo do que o estimado para qualquer compromisso. Ele não teria mais pesadelos.

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