- novembro I;

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Existe algo sobre descobrir mais sobre si mesmo. 

Você é uma pessoa, certo? E você acorda e vai dormir consigo mesmo todos os dias, durante a sua vida inteira, e esse processo pode durar até 100 anos. E durante esse meio tempo, você não para de descobrir coisas. Coisas do mundo, e coisas de si mesmo. E você conhece novos lugares, novas pessoas, novas sensações. Você está constantemente se transformando, passando a gostar ou odiar coisas (e talvez, até pessoas). E por mais que você saiba quem é, às vezes, você não sabe o seu propósito, ou tudo sobre si mesmo. Ou sabe, não sei. Melissa sabe. Sanchez às vezes pode se perder no meio do processo, mas ela tem muita noção de quem é. Sadie... Às vezes ela não tem muita noção do que está fazendo, mas ela sabe muito bem do que gosta e do que não gosta - talvez ela gostaria de saber mais de uma parte dela, mas ela ainda não sabe se procurar pelo pai biológico seria uma boa ideia. O Ryan... Ele sabe quem é, e ele sabe do que gosta, mas às vezes se vê sem um propósito, ou um lugar aonde ele queira chegar. Mas ele não está perdido, ele apenas está aprendendo.  Já Justin... É, aqui as coisas são um pouco mais complexas.

E isso porque é um processo complexo. É um processo complexo, trabalhoso e longo. E ele é infinitamente singular. Duas pessoas podem ser iguais, da cabeça aos pés, física e biologicamente falando, afinal, gêmeos existem. Mas elas nunca terão a mesma vida. Ou gostarão das mesmas coisas. Ou das mesmas pessoas. Elas podem se perder e se reencontrar. Assim como também podem perder outras pessoas, e reencontrá-las no meio do caminho. É tudo uma questão de... Sorte? Destino? 

Escolhas. Eu acho que tudo é uma questão de escolhas. 

Óbvio, nem todas elas. Justin não havia escolhido sofrer um acidente de carro. Mas ele havia escolhido se encontrar com Hailey Baldwin na tarde daquela segunda-feira para tomar um café. 

Sentado na frente dela, Justin se sentia mais nervoso que o normal, mais nervoso que havia se sentido nos outros encontros. Talvez pela situação que havia acontecido com Sadie. Talvez porque era a sua última chance de recuperar algo que ele ao menos sabia o que era. Talvez por ser Hailey. Talvez pela presença dela ser como uma fonte de energia, como algo que o atraía, que chamava atenção, mas que ele estava com medo de tocar.

Esfregou as mãos umas nas outras, mexeu os ombros, tentou relaxar. Precisava tocar em algo, mas não havia nada à vista. O celular estava no bolso, mas achou que pegaria mal ficar no celular logo num... Primeiro encontro.

As coisas melhoraram quando a garçonete voltou com os pedidos. Café para ele e para ela. Havia uma grande quantidade de chantilly nas xícaras, e uma grande quantidade de silêncio também, e ele não sabia como fazer aquilo desaparecer sem soar... Ridículo. Pelo menos na concepção dele.

- Eu não sei muito bem como fazer isso, para ser sincero. – Drew começa, fazendo Hailey soltar uma risadinha, por educação e por ter sido meio inesperado. – Eu achei que ficaria mais fácil já que eu já sei que você sabe da minha condição, mas parece pior porque de repente eu não tenho assunto para manter uma conversa.

Hailey ri, colocando sua xícara de volta no pires, depois de leva-la aos lábios.

- Esse era o seu truque?

- Sim, e era um ótimo truque, você estragou tudo, Baldwin. – O cantor finge uma certa insatisfação, mas está, momentaneamente, aliviado. – Eu mandava uma mensagem, dizia que precisava ter uma conversa urgente, então a pessoa aparecia e me perguntava como eu estava, disse que eu tinha desaparecido depois do acidente, que praticamente ninguém sabe das coisas direito... E então eu dizia "Eu nem lembro quem você é." Costumava funcionar.

- Ainda pode funcionar. – A loira dá de ombros, tentando dar um tom mais leve à conversa, também. – Você não lembra quem eu sou.

O olhar dela mistura certa relutância com conformidade, o que poderia ser um paradoxo, mas reflete de forma explícita algo que ela vêm tentando se convencer há meses, mas talvez não queira.

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