Wallace Lira e Sam Jones - Dia do orgulho autista

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- Oi Sam! - exclamou Wallace.

Sam entrelaçou as mãos e arregalou os olhos, virando-se para trás ao deparar-se com um desconhecido. Sam estavam dentro da casa de Tony, seu falecido amigo. Era como um ritual para Sam visitar a casa, mesmo que vazia, para relembrar os bons momentos com seu querido amigo. Sam então começou a analisar, estranhando minuciosamente aquele indivíduo parado dentro da casa de Tony. O até então desconhecido, vestia uma calça jeans preta, uma camisa da banda Slayer e uma jaqueta preta, dando contraste ao seu cabelo aparentemente cortado recente.

- Quem é você? - indagou Sam. - como entrou aqui?

- Meu querido Sam... - Wallace aproximou-se. - Eu estou em todos os lugares, eu posso entrar onde eu quiser...

- Como você sabe meu nome? - Sam arregalou os olhos.

- Porque eu criei você! - Afirmou Wallace, sorrindo e com o semblante tímido.

- Me criou? - Indagou Sam.

Sam então passou a analisar Wallace friamente, percebeu que o desconhecido não o olhava, limitava-se a um contato visual reduzido, apertava as mãos também, assim como ele, semelhante a uma estereotipia.

- Meu nome é Wallace Lira, prazer em conhecer-lo... - balbuciou Wallace. - Uau, estou na casa do Tony Cooper...

- Espera... Você... - tentou dizer Sam, quando foi interrompido por Wallace.

- Sim, eu também tenho autismo! - exclamou Wallace.

Sam então arregalou ainda mais os olhos, estranhando a presença do até então desconhecido, que afirmou em sua frente também ser portador do transtorno do espectro autista.

- Fascinante... - Disse Wallace, enquanto passava suas mãos nos móveis da casa de Tony. - Seria um prazer conhecer a Sarah, a Katy, a Maggie...

- Eu estou ficando maluco... - Sam coçou a cabeça. - um desconhecido entra na casa do Tony, sabe tudo sobre a minha vida e... Também tem autismo?

- É difícil, né Sam? - Perguntou Wallace.

- O que? - Indagou Sam.

- Perder um amigo... - Refletiu Wallace, tirando um semblante de tristeza de Sam. - A minha vida não foi como a sua, não somos iguais, mas eu também perdi um amigo muito querido recentemente, um amigo que está nas estrelas, e também no meu coração...

- Sinto muito... - Balbuciou um cabisbaixo Sam.

- É... Muito difícil... Eu também já perdi muitos amigos, mas eles não morreram, saíram da minha vida, eu não os compreendia, eles também não me compreenderam... - refletiu Wallace, agora também cabisbaixo.

Por alguns segundos, Sam identificou-se com a dor de Wallace, suas histórias de vida, personalidade e características era completamente diferentes, mas em algum ponto, suas trajetórias se encontravam.

- Eu entendo a sua dor, eu não tinha amigos, mas agora eu tenho... E eles são incríveis! - Sam tentou animar Wallace.

- Para mim sempre foi diferente, eu tentei, Sam... Tentei mudar meu jeito para me enquadrar na sociedade, tentei esconder minhas estereotipias, meus rituais, até fugi da rotina, mas fui levado ao esgotamento, não estava sendo eu mesmo... - Desabafou um Wallace ainda cabisbaixo. - Eu tive amigos, mas nunca consegui manter-los... Hoje eu tenho amigos compreensíveis, que entendem meu processamento e são amáveis comigo!

- Eu entendo você ter tentado mudar seu jeito, quando se vive em uma sociedade capacitista, somos cobrados a todo momento para agir de determinada maneira, acabamos tentando esconder as características do autismo... - lamentou Sam.

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