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Kali ficou surpresa com a pergunta, porque pra ela todas as bruxas só tinham filhas porque a deusa queria assim.

—Não . . . bruxas só tem filhas —Kali respondeu com medo. 

—Criaram você na ignorância bruxa. Elas fazem o quê? Pegam os machos e somem com eles ou comem?

—Pela Deusa não somos monstros.

—Questione sua anciã então.

—Deusa!! Minhas irmãs?!— Ela tentou sair dos braços de Ian. Seus pés doeram como se tivessem em carne viva. —Preciso segui-los, quanto tempo apaguei?

—Eu os matei.

—Não os que me perseguiam, os outros, eram muitos, levaram muitas jovens que estavam prestes a chegada do dia do rito de passagem.

—O que é esse rito? — Perguntou a mãe de Ian.

—Nos tornamos mães se a Deusa quiser. . .  Espere — Kali lembrou de algo importante. — Eles falaram em reprodutores, sumiu alguém daqui?

—Dois jovens machos.

—Eu perguntei o que era e eles responderam que era pra reproduzir pra eles comerem os filhotes. — Suas pernas cederam e Ian ajoelhou atrás dela a envolvendo em seu abraço protetor.

—Vamos trazer todos de volta! —Prometeu Ian.

—Como?!

—Sloan é um dos jovens.

—Ninguém vai sair atrás da mort. . .

—Não deixarei meu irmão ou aquelas jovens virarem matrizes, tem noção que eles podem transformar nossa raça em escravos? —Cortou-a Ian.

—Independente de eu ser ignorante ou não elas são jovens, Sloan é jovem, nenhum deles pode virar escravo de seres como eles.

—Eu vou rastreá-los enquanto o cheiro ainda está fresco. —Disse Ian a soltando.

—Eu vou com você!

—Ian por favor filhote, isso é suicídio. —Choramingou seu pai.

—Não entrarei no covil deles sozinho. . .

—Eu vou. . .

Ele a virou de frente pra ele, lhe deu um beijo casto.

—Vai descansar na minha tenda, curar seus pés, Poli cuidará de você pra mim até eu voltar.

—Ela está sob minha proteção! — Comunicou a mãe dele.

—Eu não quero te perder. . .

—Não vai, prometo que só vou rastrear.

—Ian se algo lhe acontecer. . .

Ele sorriu acariciando seu rosto.

—Não se preocupe minha bruxinha, volto rápido.

—Jure pelo amor que sente por mim que voltara o mais rápido que conseguir e que não vai procurar por encrenca sozinho, seja esperto por favor.

Ian sorriu.

—Juro pelo amor que sinto por você Kali. —Ele a beijou mais uma vez pra tranquilizá-la.

Afastou-se e olhando nos olhos dela começou a transformar-se naquele enorme ser de olhos vermelhos. Ela caminhou até ele.

—Cuidado! —Disse o pai de Ian, mas ela o ignorou.

—Você é lindo de todas as formas Ian!

Kali passou as mãos por seu peito peludo e marcado com músculos duros e enormes. Ian abaixou para ela olhar em seus olhos. Ela sorriu passando a mão no meio de sua testa.

—Que olhos grandes lobinho!

—São pra te ver melhor bruxinha.

Sua pele arrepiou com aquelas palavras gutural.

—Volta pra mim!

—Sempre!

Ele virou e desapareceu na floresta.

—Venha conosco Kali?!—Disse a mãe de Ian.

—Eu posso esperar por ele ...

—Seus pés precisam de cura e sua amiga deve estar preocupada. — Insistiu ela.

Kali apertou a pedra em seu pescoço e assentiu caminhando com dificuldade pela dor.  Com os nervos à flor da pele com medo de Ian ser pego ela olhava sempre pra trás em busca de qualquer sinal dele.

—Não se preocupe, Ian não vai quebrar a promessa. —Disse a mãe.

—Eu sei, mas e se tiver uma emboscada? Ou se . . .

—Ele deve saber se defender se tem tanta confiança. — Disse o pai.

—Eu o vi arrancar a cabeça de um deles como se arranca um cogumelo do chão. —Comentou.

—Ele é o último Berserkir.—Disse a mãe.

Entraram em uma tenda enorme. Mitra estava à beira de uma fogueira com uma caneca de chifre na mão, Polina em forma humana ao seu lado. Mitra entregou a caneca e correu para abraçá-la.

—Conseguiu?!—Disse Mitra.

—Queria ter salvado todas.

—Onde está Ian?

—Rastreado, preciso curar meus pés pra ir com ele, Sloan também foi levado.

—Eu sei. —Os olhos de Mitra brilharam com um lampejo de magia.
— Vou com vocês e trazer todos de volta!

—Quando Ian voltar vamos formar um plano.

—Sem treinamento e magia seremos um peso . . .

—Temos magia!

—Sabe que ela só se manifesta depois que nos tornamos mães.

—E se mentiram pra nós?

Kali puxou sua magia pra fora e Mitra deu um passo pra trás.

— Está prenha? 

—Não, é claro que não. 

—Uma curiosidade Kali— Interrompeu a mãe de Ian. — Esse rito, você ia completar ele?

—Claro, nos foi ensinado que nossa magia só floresce depois desse rito.

—E ia se deitar com um humano?

—Ian é o único que tocará em mim.

—E pensa ter um filhote com ele?

—Se assim a Deusa desejar.

—Tem ideia do que está fazendo?

—Mas que linda bruxinha você é! —Interrompeu uma anciã sabe-se lá de onde ela surgiu, mas ficou agradecida pela interrupção. Ela lhe pegou as mãos sem medo, olhou em seus olhos tão profundamente que se sentiu nua.

—O-Obrigada?

A anciã sorriu e olhou para os pais de Ian.

—A Deusa quis assim, então não questionem o destino.

—Nana isso pode ser perigoso.

—O que pode acontecer além de um lobinho com magia? —Riu ela puxando-a pelas mãos até a fogueira, fez menção para que se sentasse e Kali a obedeceu. —Deixe-me ver seus pés meu bem.

—Se eu conseguir um pouco de erva. . .

—Fique calma, sei o que fazer.

Os pais de Ian saíram da tenda. Mitra se encolheu ao lado de Polina.

—Ian já era pra ter voltado! — Rosnou Poli.

—Eu acho que ele já está voltando! —Disse Kali o sentindo em seu coração.

—É vidente? —Polina parecia verdadeiramente curiosa.

—Não, mas eu sinto aqui! — Ela tocou seu peito. — Meu coração se aquece quando ele está por perto, sempre foi assim. —Kali sentiu o coração acelerar mais. — Neste momento posso dizer que ele está tão perto que pode me ouvir. —Ela olhou para a abertura da tenda e Ian lhe sorriu como humano.

—A ouço a quilômetros! —Brincou ele.

Por sangue e AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora