Ian foi até ela como se uma corda o puxasse, Nana o interrompeu entregando uma cumbuca com água.
—Lave os pés dela. —Disse Nana.
—Eu lavo— Disse Kali.
—Se tem algo que aprendi é nunca desrespeitar as ordens de Nana. — Sorriu ele colocando os pés machucados na cumbuca.
—Aí— Queixou-se Kali.
—Não sei como conseguiu caminhar até aqui.
—Teimosia as vezes pode ser um dom! —Disse Kali sorrindo com os olhos cheios de lágrimas.
Ian foi muito cuidadoso com seus pés, quando os levantou viu espinhos cravados.
—Por Lycaon!— Murmurou Ian e olhou para Nana. — Me ensine a curar?
—Não sei se você tem o dom, mas não se preocupe eu fiz um. . .
—Só me diga o que fazer.
Nana suspirou.
—Você teria que sentir que ela é sua.
—Mas ela é!
—A ferida, Ian, tem que sentir que são suas.
Ian olhou nos olhos de Kali e viu a dor e a puxou pra si, com as mãos em seus tornozelos sentiu seus ferimentos em sua alma e os curou, empurrando espinhos e farpas para fora da pele e depois fechando as feridas. Quando não sentiu mais dor abriu os olhos encontrando apenas admiração e sem resistir beijou Kali em frente a todos, até mesmo de seus pais que ele não tinha percebido a chegada.
—Conseguiu achar o rastro? —Perguntou sua mãe.
Ele respondeu sem tirar os olhos de Kali.
—Eles seguem até a fronteira das montanhas de Shara pelo Norte e contornam a montanha, perdi o cheiro deles no lago de fogo. — Olhou para sua mãe.
—Como conseguiu ir e voltar tão rápido?
—Sou rápido. — Ele olhou para seu pai. —Pode treinar elas durante o dia? Vou me preparar com Polina, partimos ao anoitecer.
—Filho as coisas não são assim, vamos preparar uma equipe e . . .
—Seremos vistos . . .
—São três fêmeas indefesas pra você proteger além de si mesmo! — Saltou sua mãe.
—Polina é mais ágil e perspicaz do que eu, Kali pode parecer frágil, mas não é, desculpe não saber muito sobre você Mitra.
—Tudo bem!
—Vou treiná-las, mas com a condição de que vocês vão sair daqui dentro de 10 noites.
—Pode ser tarde demais . . .
—Essa é minha oferta final! —Disse seu pai.
—Aceitamos! —Disse Kali dando um passo à frente. —Tem razão quanto a deixar Ian distraído tentando nos proteger.
—Mas . . .
—Sloan é forte o suficiente pra aguentar e . . . minhas irmãs também.
Ian suspirou derrotado.
—Tenha paciência meu amor! — Kali acariciou seu rosto. — Vamos trazê-los de volta.
Um uivo chamando a Alfa cortou a noite e todos se transformaram indo em direção ao chamado. Ian levou Kali em suas costas. Os lobos traziam de arrasto um vampiro sem as pernas e braços, rosnando aos quatro ventos.
—Matarei todos vocês! —Rosnava o vampiro. — Vocês não passam de escoria.
—Creio que deveriam ter lhe arrancado a língua. —Sussurrou Mitra em cima de Polina.
Depois de levarem-no para o local aberto onde todos podiam ver e ouvir, a Alfa transformou-se para arrancar informações. Nada o fazia falar o que ela perguntava.
—Talvez ele precise de uma motivação maior Ian! —Sussurrou Kali Descendo de seu lombo.
Ian entendeu e Juntou aquela magia o queimando, o vampiro calou-se ao ver o tamanho que ele ficou diante da matilha que já eram enormes.
—O que é isso?
—Responda as perguntas que lhe foram feitas!
—Não, pode me matar já vivi bastante tempo.
—Acha mesmo que será fácil assim? —Ian estendeu a unha, ou melhor garra raspando a bochecha o fazendo queimar.
—Pare! Pare por favor!
—Por que levaram nossos machos e as jovens bruxas? —Rosnou com os dentes perto da face do vampiro.
O vampiro não estava com cara de que ia cooperar então Ian desceu a garra queimando a pele e rasgando a roupa.
—Eu falo, eu falo tá bom!?
—Se tem amor a suas bolas não minta para mim, pois eu sei quando mente.
A Matilha não emitia um som se quer.
—É pra procriarem!
A Matilha inteira manifestou-se.
—Silencio! —Rosnou Ian e todos se calaram. —Fale tudo o que sabe.
—No-Nosso rei, ele descobriu que o sangue com magia nos alimenta por muito tempo sem nós sofrermos com sede, descobriu que podemos andar a luz do dia quando se alimenta de vocês.
—Então ele quer fazer com que procriemos filhotes pra vocês saciarem sua sede?!—Disse Kali estupefata tomando lugar ao lado de Ian.
O vampiro sorriu.
—Ele não quer fazer, ele já fez e deu certo! — Cuspiu o vampiro com ironia.
—Vocês são monstros!
—São tão suculentos! —Riu ele. — Uma pena que se tornaram poucos e demoram tanto pra crescer, mas agora com mais matrizes kkkkk ele alimentará todos nós.
—Doente! — Cuspiu Kali e Ian pegou a mão dela, que sumiu dentro da dele.
—Onde fica esse Rei? —Rosnou Ian.
—Onde fica um rei? —Disse ele.
—E Frija? — Perguntou Kali deixando Ian curioso.
—Nossa rainha se alimenta do mesmo que nós. —Sorriu ele sarcástico. —Vocês viraram as costas pra ela e ela se delicia comendo aquelas iguarias. No início a odiávamos, mas quando ela virou uma de nós e o Rei matou quem se opusesse a ela, digamos que a aceitamos por fim.
—Ela é tão doente quanto vocês, a merecem. —Cuspiu Kali com ódio.
—Como entramos no seu reino?
—Não entram sem um convite formal! —Sorriu ele debochado. —Ou seja, nunca entrarão a menos que tenham um rei e uma rainha e enviem um emissário? Ow eu esqueci que vocês são um bando de animais, não sabem o que é uma monarquia.
Iam rosnou com sua boca abrindo em direção ao vampiro lentamente.
—Como entramos? —Perguntou Kali.
—O castelo está sempre bem guardado a noite então. . . — Iam rosnou mais uma vez. — Fa-Faça dela sua rainha e mande um deles com uma carta pedindo para serem recebidos em paz!
—Acho que tu nos será mais útil bem vivo. — Disse Iam.
— Por favor não!
—Levem-no pra prisão. —Comandou a Alfa. —Quero todos pras suas casas!
Os lobos dispersaram.
—Quero uma audiência só com você Iam. — Disse sua mãe lhe dando as costas e indo em direção a sua renda.
—Poli. . .
Ela grunhiu em concordância. Passou o fosinho na mão de Kali que a acompanhou. Iam seguia sua mãe agora em forma de lobo.