Dahyun contra gays

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- Está me dizendo que só na última semana você foi assaltada, assinou uma montanha de papéis que, teoricamente, garantem a sua segurança e o marido que agora é ex meio que te engatilhou uma crise de pânico sem querer?

Seulgi se endireitou na cama e, encarando Sana sentada na beira da cama usando a sua camisa mais larga, desatou a rir. Existiam coisas que só aconteciam na vida daquela japonesa e ela não fazia ideia de como alguém era capaz de não enlouquecer com aquilo tudo. Lidava com casos estranhos e estressantes no hospital, acontecimentos que mexiam mesmo com a sensatez e causavam comoção, mas poucos despertavam seu interesse como aquela história na qual se via envolvida.

Não a leve a mal, Sana parecia ter saído direto de uma ficção e custava acreditar nos pormenores da trama embora nunca tivesse pedido provas. Ela se importava e se preocupava, só preferia tratar a vida como uma grande peça de teatro que assume os artifícios ao alcance para manter a história girando, e era por isso que se deram tão bem. Duas pessoas que sabiam rir de si mesmas - e dos outros - quando necessário, buscando luz em buracos negros e se divertindo enquanto podiam.

Sana meneou com a cabeça fazendo que sim e puxou as mangas da camisa social para cima na intenção de se refrescar da onda de calor repentina, usando a mão que repousava perto da cintura da coreana como apoio para se inclinar e morder a barriga exposta, fingindo estar ofendida com a reação ainda que risse da mesma forma depois de assistir a mulher resumir os acontecimentos com uma expressão atônita.

- Bem, uau, isso foi corajoso, mas você sabe que a gente costuma fugir do ladrão ao invés de correr atrás dele, não sabe? - continua, confrontada por um revirar de olhos - É sério! Você sempre vai na contramão do que se espera, mas eu pensava que ainda tinha algum senso de autopreservação.

- Eu tenho, Kang, e fica tranquila que Jihyo já fez todo um monólogo sobre isso… - ela murmura com a feição emburrada - mas olha só quem fala, posso dizer sem medo que tenho mais senso que você que vive nessas ambulâncias doidas a cento e vinte por hora! O objetivo é salvar a vítima ou virar uma?

A coreana semicerrou os olhos, obstinada, tentando ignorar como aquela mulher ficava bem com o sol caindo em suas costas, fazendo o cabelo brilhar em dourado e iluminando os contornos do rosto de modo que nenhum detalhe fosse perdido. Tinha sido um baita golpe de sorte, admitia, quando seu açúcar acabou e ela foi com o pequeno pote pedir à vizinha um favor. Jihyo quem atendeu, mas Seulgi não conseguiu tirar os olhos da Minatozaki assim que ela passou por trás carregando caixas que ela mais tarde descobriu ser o resto da mudança. Sana estava suada, organizando os fios num coque enquanto tomava fôlego; Seulgi também precisou recuperar o próprio.

- É o meu trabalho. - ergue os ombros deixando a presunção estampar a face.

Sabia que não deixariam barato e estava certa, rindo outra vez quando Sana respondeu um “mimimi” ao perceber que tinha perdido o argumento. Não se incomodando com isso, sentou na cama em um movimento e trouxe a mais nova que mantinha um biquinho teimoso para o seu colo, abraçando-a no processo.

Sem medo de retaliações, beijou o arco da mandíbula sentindo o corpo da japonesa perder a rigidez e se deixar ir no seu, descendo a mão que a acariciava o pescoço até a cintura e então alcançando o seio, seguindo o contorno com demora. Sana arfou, surpresa com o toque, lembrando-se da noite passada.

Depois de Mina e Dahyun saírem dos cochichos, a irmã e a avó se despediram das duas colegas de apartamento e aceitaram a carona de Seulgi apesar dos protestos da última Minatozaki. Ela não queria causar mais incômodos depois dos brownies caseiros - sua avó fez questão de extrair a receita - e da resiliência com que a (insira aqui algum status de relacionamento que condiz com o que Seulgi é porque Sana não tem ideia e acha affaire um conceito vago) mostrou ao enfrentar o interrogatório da avó sobre as intenções que tinha para com sua neta. De qualquer forma, Dahyun também não ajudou quando agradeceu e se enfiou no quarto, levando a chave do carro com ela.

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