Questão de tempo

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Em minha defesa, foi um capítulo difícil, então desculpem a demora! Aviso: tem hot explícito.

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Se você me amar um pouco mais agora, talvez eu consiga ver todo amor que já recebi. Não é por orgulho que duvido, é só o medo de perder algo tão bonito.

As temperaturas baixas já eram um aspecto rotineiro conforme o fim do ano se aproximava, convocando todos a retirarem seus casacos mais grossos do guarda-roupa e trocar os sapatos usuais por botas de inverno. Também era um tempo perfeito para se aquecer em cafeterias, o que rendia uma receita a mais para os proprietários com o fluxo intenso das compras de Natal.

Elas não tinham certeza de onde iam passar a data ainda, divididas entre ficar no Japão para celebrar com a família de Sana ou viajar até Taiwan e compensar o tempo que a mais nova passava longe de casa. De toda forma, um intenso período de compromissos e demandas se estendia até elas terem que decidir de fato.

Por isso, enquanto admirava as folhas resistentes dos cedros da universidade, cercadas pela decoração recém-colocada, a professora do departamento de Letras girou, distraída, uma caixinha de veludo entre os dedos. Ela não queria pressionar a namorada com aquele assunto, embora as ações de Tzuyu indicassem que ela mais que queria avançar naquela relação.

Tudo bem, a insegurança parecia infundada, mas ela tinha os seus motivos. Mas, se colocasse em foco as ações de Tzuyu, tudo pendia para o lado oposto. A primeira prova foi quando o casal mal tinha completado três meses inteiros de namoro e Sana foi convidada para o casamento de Sicheng, o que chocou parte dos convidados que estavam acostumados a ver um homem ao lado de Tzuyu. Só isso foi o suficiente para surpreendê-la, visto que esperava uma relação bem mais discreta com a empresária, senão oculta do público. A segunda prova, quase um ano depois desse acontecimento, foi quando Tzuyu apareceu com uma chave misteriosa durante o almoço de um domingo preguiçoso. Era a chave da casa delas.

Sana quase surtou no dia, mas não de um jeito negativo, sendo sincera. Ela apenas se sentiu culpada por Tzuyu estar gastando tanto para ficar com ela, mas a mulher garantiu que aquilo se tratava de uma preocupação familiar em ter uma casa própria. A princípio, Sana não acreditou por completo, mas uma ligação da sua sogra a convenceu de aceitar aquela loucura (enorme) que Tzuyu tinha feito.

E foi pensando sobre isso que ela tomou um susto com as batidas na porta, surpreendendo-se ao ver um rosto familiar espiando pelo espaço entre a porta e o batente, logo após ouvir um sonoro "Entre!” do lado de dentro.

— Ããã, professora? — o jovem de vinte e poucos anos coçou a nuca, esboçando um sorriso nervoso que mais pareceu uma careta. Asahi era conterrâneo de Sana, tendo vivido na cidade portuária de Osaka até ser aprovado em Tóquio, e talvez tenha sido por essa coincidência que a simpatia entre eles dois surgiu desde o primeiro dia — Desculpa incomodar, mas tem uma senhora procurando por você.

Sana desviou o olhar para sua agenda, tentando lembrar se tinha combinado de encontrar alguém naquele dia. Na noite passada, quando Tzuyu e ela saíram da exposição de Jihyo em Koto, até conseguiram dar uma volta pelo bairro, mas a coreana precisava seguir com a turnê em outras cidades no dia seguinte, adiando os planos na capital nipônica.

Um sorriso agridoce surgiu pela memória, Sana nunca imaginou que se sentiria nostálgica em relação àquele apartamento estreito, onde dividiu a cama com uma pessoa que mal conhecia no começo. Foram tempos difíceis de muito trabalho e pouca recompensa, mas ali estava o sentimento. E apesar de sentir saudade, ela não ficava triste, Jihyo e ela agora tinham parceiros incríveis para dividir não só a cama, mas, também, a vida.

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