Olá!
A recomendação de hoje é a seguinte: música baixinha durante todo o capítulo, se você tiver uma playlist mais, hmm, apimentada, aproveita para usar!
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Encarando seu próprio reflexo no castanho denso, Tzuyu pôde sentir tudo o que precisava naquele momento: calor, desejo, paixão... muito calor.
A maneira com que a Sana enrolava as mangas do seu sobretudo nas mãos, firme, como se num ato de necessidade, aproximando os corpos até que eles estivessem pressionados o suficiente para deixarem impressões um no outro, causou uma perturbação no que restava de seus preceitos morais. O raciocínio afetado pelo tesão se esforçava para traçar alguma linha de decência no que estavam fazendo, mas era impossível, nunca desejara tanto alguém na vida como vinha desejando aquela mulher.
Estavam bêbadas, ou quase isso. Talvez ela mesma estivesse num estado pior que o de Sana e, honestamente, não se importaria de seguir em frente se o problema fosse apenas o movimento contínuo em sua cabeça. Queria se certificar de que a Minatozaki estava bem o suficiente para aquilo, entretanto, queria se assegurar de que ela também se lembraria, precisava disso para continuar.
- Quer mesmo fazer isso? - questiona, tentando manter a voz estável enquanto dedos calmos acariciam sua nuca - Bebemos um pouco além do planejado, pode ser melhor que...
Não conseguiu se controlar, seu corpo inteiro estremeceu quando a carícia da Minatozaki se intensificou em um arranhar lento, atrevido, percorrendo sua nuca até os ombros e instalando a desordem por toda parte. Como a vida responde ao Sol, cada célula do seu corpo parecia responder ao estímulo da japonesa. Tudo nela, na verdade. A textura da pele, o cheiro de pêssegos, o olhar banhado em sentimentos absurdamente densos... soube que estava se rendendo ao primeiro canhão de batalha, uma covarde desistindo de sua chance de vitória para ser conquistada pelo inimigo.
- Eu quero você, Tzuyu. - ela responde, encarando com seriedade a mais nova - Com ou sem a bebida, meus desejos continuam os mesmos e eu não vou te deixar ir tão cedo agora. Tive um primeiro encontro incrível e não digo isso por causa da comida ou da paisagem, mas porque você estava lá comigo, então sim, eu quero mesmo fazer isso.
A taiwanesa fez menção de abrir a boca apenas para a fechar logo em seguida, sua dificuldade em arranjar novos argumentos sendo potencializada pela voz doce que se tornou tão bem conhecida. Permitiu que as palavras se difundissem por sua mente, aceitando que não conseguiria resistir muito mais e capturando os lábios vermelhos com gentileza. O beijo, somado ao fato de que estavam sozinhas dentro de um quarto e carícias nem um pouco inocentes eram a causa de um arfar ou outro, encarregaram o momento que atrelaria um coração ao outro para sempre dando gênese à aurora da solicitude.
E foi ali, no meio do intervalo curto e breve do presente, que uma certeza simples lhe ocorreu: o seu amor não havia sido conquistado naquele quarto e muito menos naquele hotel. O amor que atravessaria o tempo e permaneceria armazenado em seu coração, sendo protegido e adorado com virtude, tinha sido instaurado quando aquela mulher a ensinara que um cômodo cheio ainda podia ser o lugar mais íntimo do mundo, quando não enxergou duas pessoas lado a lado, mas uma sobreposição peculiar de almas em diferentes corpos. Sana triunfara sobre o seu amor, e talvez esse fosse o único domínio ao qual aceitaria se render com devoção.
Quando retirou a jaqueta do corpo de Sana e teve um vislumbre do que se mantinha oculto por baixo do tecido, desceu uma mão até a cintura da mulher, apertando e a puxando contra si enquanto a outra mão descia a alça do vestido com certo tremor, o ombro desnudo de Sana se mostrando atrativo demais para que o ignorasse. Nem o nervosismo, nem a ansiedade, tampouco o receio de estar indo longe demais no que se propunha a ir com outra pessoa eram a principal causa de suas mãos tremerem enquanto acompanhava o tecido ser expulso do corpo da mulher, mas sim o desejo que inflamava em seu interior.
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Orfeu
FanfictionSe Tzuyu pudesse definir sua vida em poucas palavras, ela a chamaria de previsível, fácil e segura. Gostava disso, era confortável. Então, quando aceitou de última hora o convite do melhor amigo para um intercâmbio na Coréia do Sul, achou que tivess...