Capítulo 9

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Sarah acordou alerta de repente, olhou para o celular e resmungou, não eram nem quatro e meia da madrugada. Levantou com um movimento brusco, os olhos fixados na porta do quarto. Ela tinha ido para casa depois da conversa com Nathan.

Precisava sair, precisara ir a algum lugar, sair do quarto, do apartamento e tentar fugir dos pensamentos, o que era impossível. Ela pegou o carro, sairia dirigindo. Olhou para seu pijama e não iria trocar de roupa, os olhos e ouvidos se adaptando ao silencio e escuridão, o prédio estava estranho e morto, ninguém por perto. Respirou fundo inalando o ar frio e doce. Dirigiu pelas ruas de Inverness, os vidros abertos, o radio tocando qualquer coisa, as ruas desertas, não precisava esperar o semáforo ficar verde. Pensou em voltar e dormir, mas pisou no acelerador e aumentou ainda mais o radio. Estava deixando as preocupações e duvidas naqueles quilômetros rodados. O vento passando, zumbindo no ouvido. Virou a esquerda e parou, não lembrava que era o caminho do lago. Sarah estacionou de qualquer jeito e desceu do carro. Ficou ali olhando o reflexo da lua, prateando as aguas, a mente livre, excluindo os pensamentos negativos. Ela queria não pensar muito na conversa, mas não era fácil. Não imaginou que ele iria propor um relacionamento aberto, mais do que isso, ele estava propondo um sexo a três ou talvez uma orgia, e depois o que mais ele chegaria a propor?

Ela estava com medo de aceitar, de se entregar. Ela gostava dele, do que ele estava proporcionando, do surpreendente sexo que eles tinham, do medo de serem descobertos na rua enquanto estavam transando.

Nathan trouxe um pouco de cor pra vida dela, fez Sarah ficar um pouco mais despreocupada.

Ela só tinha tido Josh na vida e Nathan era tão surpreendente e era muito bom, mas valeria a pena?

Quem era aquele homem, tinha passado poucas horas do momento em que Sarah estava ali deitada no colo dele, no escuro, olhando sem interesse para a janela enquanto ele falava. E como ele havia falado, não houve motivo ou necessidade de perguntar para ter respostas, ela não precisou sondar nada. Ele queria e precisava, contar tudo, desabafar, a voz baixa e emocionada sem altos e baixos e sem mentiras ou subterfúgios, não havia nada de monótono na conversa que era quase um monologo, quanto mais ele falava, mais sua voz ficava grave e rouca. Era delicioso e assustador ficar deitada recebendo cafuné de um homem assim, ouvindo o interminável sussurrar.

Era incrível como ele tinha se reinventado e se descoberto. Nathan oferecia uma certa estabilidade emocional, um desprender, carinhos, risadas, respeito, verdade e até amor.


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