Um - Novo na área.

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Olhei o relógio em meu pulso. Eu estava atrasado, não teria tempo nem de tomar um café, me despedi de Anna e corri para o trabalho. Eu literalmente corri, sem nem me trocar direto, sem carro, de carro seria pior, o transito é intenso nas ruas do centro de Santa Lusia pela manhã. Eu não trabalhava tão longe, e também não pegava mais condução depois que me mudei para o centro da cidade, duas quadras de distância do local de trabalho.
Depois de passar no vestiário, onde ajeitei minha roupa vermelha e branca e calça preta, além de amarrar as botas. Entrei no refeitório e todos já estavam lá, mas em minha mesa do café, o local onde eu sempre me sentava estava um rapaz a ocupando. Estranhei, olhei de novo o desconhecido, titubeei disfarçando e fui até Christina, encostei me debruçando no balcão.

-Bêee! - exclamou ela

- Quem é o pateta na minha mesa?

- Ah, agora temos um novo membro tudo indica que ele está no 3B

- Merda, minha nova equipe?

- Ai você foi um grande sortudo. A Carol é a líder de vocês, você vai se dar bem sem se preocupar.

- Sério? Merda eu gostava da minha equipe.... mas espera é a Carol da Noite? A gostosa?

- Vai se foder, ela não gosta de homens - resmungou ela.

Torci o nariz.

- É que ainda não tracei ele - disse ela revirou os olhos - Você também está em outra equipe?

- 3A - respondeu

- Merda, pelo menos a Carol é bonita... é bom trabalhar olhando coisas bonitas iguais à você. - falei

- Tanto faz da fruta que você gosta ela chupa até o caroço.

- Puta merda, esse corpo de bombeiros virou o que hen? - falei me virando e saindo de cima do balcão após roubar-lhe sua maça - Fico te devendo uma maça. Não comi nada hoje.

- E eu vou cobrar.

Pode apostar que sim, me retirei da sala, não havia o que fazer, o corpo de bombeiros Arco & Fogo, estava tendo uma manutenção, mudança de equipes, equipamentos novos, ares novos. Espero que essa seja a última mudança desse ano, houve muitas, estávamos sofrendo com uma certa instabilidade. Toda semana tinha funcionários novos para completar a equipe, isso por que foi aberto um novo setor durante a manhã, antes não havia um novo turno, somente tarde e noite e agora um turno matinal da qual eu fazia parte.

Estava apertado, mesmo em cima da hora onde todos já deixavam o refeitório fui ao banheiro.
Todos os membros da equipe 3B o estavam dentro de uma sala, e só faltava eu, quando cheguei atrasado notei Capitã Carol estava explicando algo importante.
Havia três equipes, coordenada cada uma por um capitão, essa equipes tinham tarefas dividas para atendar cada área da cidade.

- 3º Sargento Apollo, seja bem vindo essa é sua nova família - disse ela e eu dei um leve sorriso entrando na sala extremamente constrangido pelo meu atraso - Pode se sentar...

- Ótimo - falei desanimado e baixinho.

- Então como eu estava dizendo, embora estejamos divididos em equipes essa divisão é apenas para tarefas, isso não significa que não somos capazes de atender chamados do outro lado da cidade e sim que devemos dar prioridade para a outra equipe primeiro, caso contrário podemos integrar qualquer time por aqui. Somos todos parceiros, eu espero que tenham entendido isso muito bem.

Houve um silêncio, ela pegou uma folha com as divisões de tarefas.

- Apollo, você ficara com o veículo 150 - deu uma pausa - E seus novos parceiros em campo será Bruno, Caio e o paramédico novo Mikael, além do pessoal que já estava antes.

Ai estava, a grande piada do Arco & Fogo, Mikael, a começar pelo nome que tinha um apelido chamado Nael que depois virou um trocadilho para Anal, entre eu os outros homens. Mikael virou nossa chacota, eu o odiava, e os outros rapazes também não gostava dele. No fundo dávamos graças a Deus ele ser viado, se fosse hétero seria um concorrente dos grandes. O cara era boa pinta, mas viado. Ah claro, fiz amizade com os meninos rápidos, e as piadas ficavam cada vez melhores, as vezes Mikael nos olhava, sabia que no fundo ele era uma piada. Ele não era espalhafatoso, não, ele era muito introvertido, calado e tímido. Uma vitima perfeita, seus olhares melindrados não abatiam a zombaria.
Ele devia ter medo de nós, e de mim, era ótimo pelo menos ele ficava longe. Quase nunca me perguntara ou tirava duvidas sobre coisas referente ao trabalho. Para mim assim estava ótimo afinal quanto menos contato melhor. As outras garotas eram imparciais, as vezes elas estavam com nós os homens enquanto esperávamos algum chamado e as vezes com o boiola do Nael que nunca estava próximo mesmo sendo da equipe, afinal quando estavam perto não fazíamos piadas, as mulheres em questão era do tipo que defendiam pessoas como Nael, e claro, ele era amigo ou puxa saco da capitã Carol.

Carol as vezes ficava de olho ponderando para ver se nossos risos era sobre Nael, mas nós sempre fazíamos de desentendidos, ou disfarçando bem isso, porém quando ninguém nos via, quando faltavam ou estavam ocupados, quando estava somente Nael por perto riamos o encarando, entre cochichos e outros como garotos da quarta serie. Gemíamos as vezes debochando de sua cara, enquanto ele passava por nós. Mas ele parecia nem se abalar, e logo aquilo foi ficando mais sutil, perdendo a graça e o incomodo foi tomando conta de mim, pois eu queria ver Nael ficar nervoso. queria que ele me desse motivos para que eu tivesse motivos para ao menos agredi-lo verbalmente.

Naquela manhã Mikael estava debruçado na mesa espiando algo no computador de Carol, sua bunda estava empinada, não era proposital, mas víamos maldade em tudo que ele fazia. Bruno encostou ao meu lado me cutucou com o cotovelo.

- O botão largo está te chamado

- Esta tirando foto da gente - falei rindo.

- Falta de rola - falou Caio encostando no meu outro lado.

- Se eu pego esse viadinho ele não aguenta uma bimbada minha - falei

Bruno caiu na gargalhada. E olhares nos cercaram e nos disfarçamos, vasculhando uma caixa de mantimento da qual fazíamos arrecadamento para doações.

- Cê comeria? - perguntou bruno levantando um pacote de macarrão.

- Você não? So uma bimbada para ficar esperto - falei e ele gargalhou.

- Estava falando do macarrão - riu e fiz uma careta - Mas se o cu for lisinho. - rebateu Bruno e Caio deu um gemido baixo fingindo prazer.

Nesse momento a gargalhada foi mais alta e intensa e todos nos olharam e nos dispersamos envergonhados e avermelhados de tanto rir. Nael sabia que riamos dele, no fundo ele sabia, afinal quando ninguém via deixavam claro que ele era a nossa piada. Nael me encarou por alguns segundos com sua expressão tímida e sem graça, eu encolhi o riso, parte de mim as vezes sentia pena dele, mas a outra parte não, afinal ele era um queima rosca escolheu aquilo.

Com Amor, ApolloOnde histórias criam vida. Descubra agora