Com Amor, Apollo

Cinco - Rick

O gato de dona Cida havia subido na árvore de novo, e de novo eu havia o resgatado.

— Dona Cida prenda esse gato — falei lhe entregando o felino

— Querido.... Eu tento mas não posso prende-lo, ele tem amigos não é Tommy — disse ela.

Dona Cida morava perto de um moto clube local, muito conhecido, o Nova Era.
Essa semana houve poucas ocorrências, um incêndio, um nascimento dentro do ônibus, e o gato de dona Cida, e algumas ocorrências internas. Após o  expediente resgatar o gato de dona Cida me fez ter vontade de ir ao moto clube Nova Era, local este que deixei de frequentar depois de saber que um dos donos era gay, eu não entendia o por que era tão ruim, não que eu não conhecesse os donos, mas cara, moto clube é um lugar de machos, e dois machos se pegando? Fala sério! Até uma bandeira de arco íris eles colocaram pendurada na entrada rústica do moto clube. Antes meu pai adorava esse lugar, imagine a decepção que ele sentiria em sentir que esse lugar agora era um lugar de veados, ainda bem que morreu de infarto antes de verem os gays dominarem o mundo, embora não houvesse muitos, não era como uma boate gay, ainda era um moto clube cheio de homens barbados e suados.
Todos os lugares que eram divertidos de ir nessa cidade estavam mudados, e eu não gostava muito de mudança. Me sentei em uma mesa qualquer, pensando em o que aconteceu há uma semana atrás quando invadi o consultório da minha tia Dalva e pedi para ela uma ajuda, e toda ajuda que ela me deu foi o caderno estúpido que agora estava sendo minha melhor companhia.

— E aí sargento, vai querer o quê?

— A Savannah tá no cardápio? — perguntei a olhando do outro lado do Moto Clube

— Ela não curte muito homens — disse Ricardo com um sorriso.

Dei os ombros, ele havia sido um grande amigo antes de... Bom antes de começar a namorar o Daniel e depois disso nunca mais falei com ele, nunca mais frequentei o moto clube, e eu tinha vergonha que meus amigos do trabalho me vissem aqui, então eu jamais me sentava perto das janelas, e reduzi quase em 0% a chances de eu aparecer aqui.

— Você sumiu Sargento.

— Muito trabalho Rick — falei mentindo.

Ele se sentou em minha frente.

— Nem mesmo com Joca tem conversado? — disse Rick

Joca é outro, pai de família e viadão, anda trepando com Andrey que era até que um viado retraído, dentro da toca, ninguém saberia, jamais saberia se ele não tivesse em um caso pecaminoso com Joca que era casado e traiu sua mulher com Andrey. Que mundo mais perverso.

— É... — fiz uma pausa pensativo — Se importa se eu fizer uma pergunta?

— Não, pode fazer

— Bem pessoal...

— Espera então.

Ele se levantou, pegou duas cervejas, voltou e se sentou.

— Por conta da casa — disse colocando as cervejas na mesa

— Como é? Digo, como é ser gay, você lida bem com isso?

— Não há nada de mais com isso, ainda sou o mesmo. — respondeu.

— Ah Ricardo vamos lá, eu sei ué perdeu metade das pessoas que frequentavam o moto clube, e alguns amigos desde que começou a comer o rabo do Daniel.

— Sabe o que é? O rabo do Daniel é melhor que todo esse pessoal que sumiu.

Dei um riso passando a mão nos rosto e dei um gole nervoso na cerveja.

— Eu sei que você não gosta muito de nós gays, você foi um dos que sumiu daqui — pensou — Não é um problema meu cara... Mas esse ódio? Eu me lembro daquela briga que você puxou a arma e ameaçou atirar no cara por ele ser gay quando éramos adolescentes.

— Ele tinha dado em cima de mim. Foi falta de respeito.

— Já parou para pensar em todas as mulheres que você deu em cima, se elas puxassem uma arma colocasse a mesma em sua boca e te fizesse chorar pedindo desculpas? Você fez isso Bro. — pensou e bebericou a cerveja — Imagine Savannah fazendo isso com você, você sempre deu em cima dela.

— O-obrigado pela cerveja Rick.

Me levantei encerrando aquele assunto, e segui para meu carro imediatamente, terminei de beber toda a cerveja jogando deixando a garrafa perto de um latão entrei no carro batendo a porta. Irritado.