Capítulo 7

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Algumas considerações iniciais:

Esse capítulo assim como toda a história representa a mentalidade de ocidentais, e colonialistas do século XVI. Trocando em miúdos, haverá comentários negativos e uma visão preconceituosa por parte de alguns personagens. 

Mas deixo claro que essa é a representação de personagens fictícios e de época, e que nenhuma das opiniões aqui citadas são minhas, muito pelo contrário. 

Eu prezo pelo respeito e pela manutenção dos povos que sempre foram os donos do nosso país, e tudo não passa de mera ficção. Boa leitura!


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Levi e Miguel deixaram o local enquanto Leonor se forçou a permanecer e cuidar de tudo, mesmo com uma notícia em forma de uma bomba avassaladora sendo jogada sobre o seu colo. Ela sabia que provavelmente tinha algo a ver com ela, como pôde ser tão tola?

Permaneceu olhando a porta pela qual os dois passaram. As preocupações e interrogações agora a rodeavam mais que nunca. O dia mal começara e para ela, já podia terminar por ali.

— Guerra? Do que caralhos aquele homem estava falando?!

Mas ele não terminaria nem tão cedo. E o dever de ser forte pelos seus filhos a chamava.

Leonor se virou para Ernesto com um rosto impassível
— Meça suas palavras dentro dessa casa, não toleramos palavrões.

Ela cruzou o quarto e abriu um guarda-roupa. Ernesto a encarou confuso, mas sobretudo assustado. Aquilo já estava indo longe demais, vampiros, sangue, sua irmã morta e agora uma guerra com índios? Ele só podia ter usado alguma droga letal, não era real, não podia ser!

Ele se aproximou da mulher, que estava de costas mexendo em algo, e extravasou toda a sua indignação com os últimos acontecimentos.
— EU QUERO SABER O QUE ESTÁ ACONTECENDO, AGORA!
Leonor nem se moveu.
— Fazer birra não vai te ajudar...—Ela se virou para o rapaz e empurrou uma muda de roupa contra o peito dele.— Vista isso e não saia daqui até eu voltar.

Não havia tempo para conversa, embora ela quisesse de verdade iniciar o filho a sua nova vida, isso teria que esperar. Ela precisava reunir os outros filhos dispersos na fazenda e aprontar tudo. Se havia mesmo uma guerra em eminência, e os índios estavam envolvidos nisso, então eles precisariam sair do país por um tempo.

Ernesto não entendia nada daquilo, como poderia? Ninguém escutava ele, era como se tudo que ele dissesse não valesse de nada, ele poderia até ter acordado depois daquele tiro na floresta, mas parecia mais morto do que nunca.

Já estava de saco cheio de obedecer às ordens daquele pessoalzinho, se os índios estavam mesmo querendo guerra com alguém, ele que não ia se meter nessa merda toda, principalmente porque não pediu pra entrar nesse jogo de sinuca.

Se revoltou e separou da muda, apenas a calça social, o resto jogou nas costas da mulher antes que ela terminasse de sair do quarto.

—Toma essa porcaria! Se os índios estão vindo, eu é que não vou fico aqui. — Disse enquanto vestia e abotoava a calça.

Leonor conseguia se controlar com seus filhos, mas àquela altura sentiu uma raiva tão forte lhe acometer que suas presas trincaram e feriram a gengiva ao pular para fora.

Abriu a boca se preparando para jogar impropérios dos mais sujos cujos os quais ela se arrependeria depois, mas foi interrompida por um som.

Um barulho discreto, vindo de alguns bons quilômetros de distância, mas o suficiente para reunir mil pensamentos em apenas um segundo: Como uma boa vampira ela poderia ter previsto a chegada de uma tropa de índios, mas ela não previu.

O EncouradoOnde histórias criam vida. Descubra agora