Algumas considerações iniciais:
Me avisem se der algum erro ao abrir o capítulo ou algum erro na leitura.
Muito obrigada pelos comentários, espero que gostem e boa leitura!═───────◇───────═
— ME SOLTE, INFERNO! ME SOLTE!
Leonor arrastou Ernesto pela camisa até chegar no seu quarto onde o soltou.
— Essa é a justiça de vocês?! Ele que fala a merda e EU tô errado? — Perguntou se recompondo.Leonor fechou a porta e o encarou séria.
— Você não tinha o direito de levantar a mão contra NINGUÉM nessa casa! Esse foi seu erro, mocinho. — Disse apontando um dedo contra o rapaz.Ernesto apertou os punhos com força, e trancou tanto o maxilar que pensou que seus dentes fossem trincar.
Ele rosnou chateado.
— E ELE? Tinha o direito de me chamar de miserável? De colocar a culpa dos índio em mim? ELE QUE SE FODA! — Cuspiu se virando de costas pra Leonor.No mesmo instante, Leonor fisgou algo no discurso do menino. Seja lá o que fosse que Tomás tivesse dito para Ernesto havia sido sério, e ela iria muito bem à fundo nessa história com seu primogênito mais tarde.
— A questão não é o que ele disse! — Ela se aproximou da escrivaninha ao lado da sua cama, e puxou da gaveta uma escova de cabelo. — A questão é que você não respeita ninguém nessa casa. Você é grosseiro comigo, é grosseiro com Miguel, foi agressivo com seu irmão...
Ernesto se virou novamente pra ela, e abaixou os olhos até a escova, tornando a olhá-la com confusão.
Leonor continuou.
— Você tem o defeito de ser extremamente insensível, e eu devia ter corrigido isso desde a primeira vez... — Ela lamentou se aproximando mais um pouco.Ernesto hesitou, e deu alguns passos para trás.
— O que vai fazer? — Perguntou com uma careta confusa.
— O que parece que eu vou fazer, Ernesto?O rapaz parou um pouco pensativo, mas sua ficha se recusou a cair. Leonor mais uma vez, mesmo sem necessidade, respirou fundo mostrando certo cansaço. Então ela se sentou na própria cama e olhou seu menino.
— Venha aqui, e deite-se no meu colo. — Ernesto deu mais um passo pra trás balançando negativamente a cabeça. — Vai ser punido pelo que fez.— Não... Você tá ficando maluca?! — Exclamou se lembrando no mesmo instante do evento ocorrido com Miguel. Ele não pensou que a moça fosse capaz de bater nele também, e se ela achava isto, estava muito que enganada pois ele não iria facilitar. Quem aquela mulherzinha pensava que era? Por que todos tratavam ele como tudo menos como o que ele era: Um homem feito e crescido?
Leonor umedeceu os lábios para explicar o mesmo que disse a todos os filhos que possuiu.
— Ernesto, você precisa entender que essa casa não é da Joana. Não pode simplesmente fazer o que quiser e ficar por isso mesmo. E o que acontece quando faz algo errado é isto, você é trazido aqui e é castigado, depois, é perdoado e tudo se esquece. É assim que funciona...Mais uma vez, Ernesto negou freneticamente se afastando ainda mais.
— Não vo te deixar encostar um dedo em mim! Eu não sou um moleque e você NÃO É MINHA MÃE PRA ME BATER!Leonor forçou-se a não se ofender. Ela não esperava que ele cooperasse, e sua reação era mais do que normal. Mas ela não podia perder o pulso, ou ele nunca a iria respeitar, e isto estava em jogo ali.
— Se eu tiver que te buscar, será pior. Mas não importa o que diga... — Ela se levantou novamente o encarando com força. — De um modo ou outro, você vai apanhar. — O rapaz sentiu sua espinha se arrepiar, e, pela primeira vez, teve medo daquela mulher. — Então é melhor que me obedeça, Ernesto, porque minha paciência tem limite e você já está chegando nele!

VOCÊ ESTÁ LENDO
O Encourado
De TodoEm um Brasil de 1960, as lendas voam como pássaros, principalmente depois de um montante de mortes misteriosas acontecerem entre as florestas. O vilarejo está apavorado, ninguém sai de noite. Ernesto, um rapaz de 18 anos que acabou de perder a mãe...