Rosemary encontrou Campion lá embaixo, no salão deserto.
— Vi quando você subiu — disse ele, excitado. — McKisco está bem? Quando vai ser o duelo?
— Não sei. — Rosemary não gostou de ouvi-lo falar como se se tratasse de um circo do qual McKisco fosse o trágico palhaço.
— Quer ir comigo? — convidou Campion, como quem tivesse lugares na arquibancada. -— Aluguei o carro do hotel.
— Não quero ir.
— Por que não? Talvez isto me vá tirar anos de vida, mas eu não deixaria de ir por nada deste mundo. Poderíamos olhar de longe.
— Por que não convida o sr. Dumphry?
O monóculo caiu e agora não havia pelo para escondê-lo. Campion enrijeceu-se, dizendo:
— Nunca mais quero vê-lo.
— Tudo bem, mas eu não vou. Mamãe não gostaria.
Quando Rosemary entrou em seu quarto, a sra. Speers mexeu-se na cama, sonolenta, e perguntou:
— Por onde você andou?
— Não conseguia dormir. Durma de novo, mamãe.
— Venha até aqui, no meu quarto.
Ouvindo-a sentar-se na cama, Rosemary foi até lá e contou-lhe o que havia acontecido.
— Por que não vai ver? — sugeriu a sra. Speers. — Você não precisa chegar muito perto e talvez possa ajudar, depois.
Rosemary não sentia atração pelo papel de espectadora e resistia, mas a sra. Speers, ainda sonolenta, lembrava-se do tempo em que fora esposa de médico e houvera chamados à noite, casos graves, acidentes.
— Gosto que você vá a diferentes lugares e aja por iniciativa própria, sem a minha presença — disse ela. — Você fez coisas muito mais difíceis, por ocasião dos truques publicitários de Rainy.
Mesmo assim, Rosemary não sabia por que deveria ir, mas obedeceu à voz clara, segura, que a mandara para a entrada do palco do Odeon, em Paris, quando ela contava doze anos, e depois a saudara, à saída.
Pensou que tivesse escapado quando, na escada, viu Abe e McKisco afastarem-se, de carro, mas dali a pouco o automóvel do hotel virou a esquina e, com um estridente rangido de freios, Campion parou a seu lado.
— Escondi-me ali atrás, porque fiquei com medo de que não nos deixassem ir. Trouxe minha máquina de filmar, está vendo?
Rosemary riu, sem saber o que fazer. Ele era tão terrível, quando não mais parecia terrível — apenas desumanizado.
— Por que será que a sra. McKisco não gostou dos Diver? — perguntou. — Eles foram muito amáveis com ela.
— Oh, não é nada disso — respondeu Campion. — Foi devido a algo que Violet viu. Não chegamos a saber do que se tratava, por causa de Barban.
— Então não foi por este motivo que você ficou tão triste?
— Oh, não — respondeu ele, com voz emocionada. — Foi por outra coisa que aconteceu, depois que voltamos para o hotel. Mas agora não ligo mais, lavo as minhas mãos, completamente.
Seguiram o outro carro ao longo da costa, além de Juan-les-Pins, onde se erguia o esqueleto do novo cassino. Já passava das quatro horas e, sob o céu de um azul-acinzentado, os primeiros barcos de pesca entravam no mar verde-azulado. Depois, Campion saiu da estrada principal e dirigiu o carro para o interior.
— E no campo de golfe — disse ele. — Tenho certeza de que vai ser lá.
Tinha razão. Quando o automóvel de Abe parou na frente do deles, o