Tempo: Dêem-me liberdade

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Seokjin sentou na cama acordando. Percebeu que era cedo, não eram nem seis da manhã direito.

Sempre tinha que acordar cedo, todo santo dia e agora que podia acordar tarde, não conseguia mais.

Até nisso a vida lhe dava uma rasteira.

Se levantou e foi até a pequena varanda do quarto que dava para a frente da casa. A casa de Namjoon não era enorme, mas também não era pequena. Tinha um jardim bem cuidado na frente da casa.

Os olhos de Seokjin se depararam com dois gatos e um cachorro deitados no jardim tomando o sol das seis da manhã.

Dois gatos e um cachorro enorme.

Seokjin queria ver de perto.

Não deu tempo nem de ver se estava arrumado, ele correu, descendo as escadas rápido, descalço e abriu a porta da frente. Se agachou próximo aos animais que levantaram suas orelhinhas atento ao estranho perto deles.

Os gatos eram bicolores, bem gordos e estavam se virando para ver o humano novo que estava perto demais. Os dois gatinhos não eram ariscos, eram castrados e duas fêmeas bem carentes de atenção. Uma tinha mais cor branca e preto, e a outra mais preto que branco.

O cachorro não estava atento, meio que dormia ainda, mas ao ver o humano alisando os gatos, seu espírito de desconfiança se alarmou.

O cachorro, que era um Golden retriever enorme, rosnou para Seokjin ao ver ele tocando nos gatos.

— Oh! — Seokjin se tremeu de medo, ainda agachado perto dos gatos e vendo o cachorro andar devagar já latindo. — Shi. Não lata. Me desculpe. Eu... Eu não vou fazer nada. Shi!! – Seokjin falava baixo, não querendo assustar mais o cachorro, queria só lhe dar carinho. – Eu não vou mais lhe incomodar, tá bem? Não fique latindo, por favor.

— Fluffy, senta, agora! — Seokjin soltou o ar após o cachorro sentar a contragosto ao ouvir o comando de Namjoon. — Você ficou doido, ômega?

— Eu só queria ali...

— Não se chega perto de um cachorro que não conhece, se ele te mordesse, não sabe disso?!

— Eu não sabia. Nunca vi nenhum animal de estimação de perto. — Seokjin estava de pé já, com as mãos na frente do corpo entrelaçadas. — Os vi e fiquei empolgado, me perdoe. Não irá mais acontecer.

Namjoon estava dormindo quando ouviu os latidos de Fluffy, raramente ouvia aquele cachorro latir e só tinha uma explicação... Gente desconhecida.

Ou seja, Seokjin.

Com medo da reação de um cachorro enorme daquele, Namjoon desceu as escadas correndo e deparou-se com Seokjin agachado com as mãos erguidas e tentando acalmar o cachorro.

Aquele ômega era louco?

— Por Deus... — Namjoon esfregou as mãos no cabelo. — Fluffy, cheire ele. É amigo.

O cachorro inclinou a cabeça entendo o comando e foi até Seokjin, deu várias cheiradas e sentou na frente do ômega. Certeza que se fosse gente estaria sorrindo.

— Deixe ele cheirar sua mão e o deixe pedir carinho. Então faça o carinho e ele será seu melhor amigo.

Assim Seokjin o fez, quando notou o cachorro estava de pernas para cima com a língua para fora recebendo vários carinhos do ômega que estava praticamente abraçado ao cachorro.

— Você é um bebê muito, muito, muito fofo, Fluffy! — Seokjin beijou o rosto do cachorro várias vezes. – Eu adoro você.

Os gatos estavam perto também atrás de carinho e Seokjin se dividia entre todos.

— Essa são Nina e Nine. — Namjoon falou apontando para as gatas. — Não as deixe dormir em sua cama, se não você vai perder a cama.

Oh, mas Seokjin iria permitir sim os três dormirem na sua cama. Já estava planejando isso.

...

— Oh meu Deus, eu cheguei tarde assim?

O ômega sentiu um cheiro de morango fazendo seus instintos se alertarem, ainda que tivesse nada com Namjoon, era um ômega marcado por ele. Até que se lembrou do tal Hoseok e seu lobo abaixou sua presença, mas ainda estava cismado.

Cismado até o momento que viu a marca enorme no pescoço do ômega e uma menina minúscula em seu encalço e muito parecida com ele.

— Eu que acordei cedo hoje. — Namjoon disse com desgosto, sentando na mesa de jantar esperando sua comida sair. Enquanto Seokjin fazia algumas panquecas, feliz por aquele momento. — Hoseok, esse é Kim Seokjin, meu...

—Marido! — Hoseok falou sorrindo. — Ei, não. Eu que faço a comida. Não se preocupe. Meu trabalho é alimentar vocês tudo.

— Mas...

— Oh, meu Deus. Você é lindo, não se preocupe comigo, ok? Eu sou marcado e essa é... Miyul! — O ômega gritou o nome da menina.

— Tô aqui, papai.

Seokjin nunca havia visto uma menina tão pequena em toda sua vida. Provavelmente ela só tinha seus quatros anos.

— Oh meu pai amado, eu achei que você já tinha ido brincar, meu amorzinho, me desculpe. Essa é Miyul... — Hoseok trouxe a menina para sua que sorriu para Seokjin, mostrando os dentes banguela. — Ela vem comigo para o trabalho. Tem algum problema?

— Hoseok, eu já lhe disse que Miyul é minha afilhada, ela é quase dona dessa casa e... — Namjoon parou de falar quando o olhar mortal de Hoseok caiu nele.

– É... Tudo bem. Eu posso ajudar a cuidar dela e...— Seokjin respondeu, ao notar que a pergunta era para ele.

— Ajudar em nada, fique tranquilo que a Miyul tem seis anos, sabe se cuidar. — Seokjin olhou novamente para menina que era muito pequena para a idade. — Meu Deus como é bom ter um ômega nessa casa. — Hoseok pegou o avental, tão animado que contagiou Seokjin. O cheiro do ômega até se tornou mais agradável e o da menina que era idêntico ao do ômega fez Seokjin querer abraçar ela. — Miyul, vá chamar seu pai para comer e... Namjoon, você não tem que se arrumar para trabalhar?

— Estou cansado.

— Hm... — Namjoon ergueu o olhar para Hoseok. — Amo a vida de recém casados, acho que eu transei até no telhado.

— Hoseok, me poupe dos detalhes e... Não foi por isso... Eu... Depois te conto.

Seokjin sorriu sabendo que Namjoon era muito amigo daquele ômega, por isso decidiu sair da cozinha e ir até seu quarto para pelo menos se arrumar.

— VOCÊ FEZ O QUE? — O grito de Hoseok foi alto e irritado, logo depois escutou o barulho de algo de metal sendo jogado e batendo.

Seokjin sentou na cama e olhou para o nada.

O que tinha para fazer?

O que queria fazer?

Não sabia. Tinha tantas pendências que pareciam todas demais sem saber se realmente Namjoon iria ser compreensível.

Deveria esperar para saber. Provavelmente seria mais ou menos feliz ali, mesmo rejeitado, ele seria mais livre que em sua casa.

Ouviu a campainha tocando e logo se apressou para vestir uma roupa confortável, deixou os cabelos normais, sem ter que arrumar muito e desceu as escadas descalço e animado ao sentiy o cheiro de comida.

— Onde está meu filho? Viemos tomar café com vocês.

Não eram nem oito da manhã, como também não era nem seu primeiro dia de casado e Seokjin teve a certeza que nunca seria livre.

Don't Marry Me! | NamjinOnde histórias criam vida. Descubra agora