Do jeito que sempre foi feito para ser

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GRISELDA SORRIU ENQUANTO BALANÇA O SOBRINHO NO JOELHO, E A ÚNICA COISA QUE SENTE É ALÍVIO.

Seu sobrinho Karl é lindo, grande, feliz, mas ela perdeu tudo isso. Ela perdeu sua primeira palavra, seu primeiro passo, seu primeiro sorriso, e tudo porque Ada tinha sido muito teimosa para voltar para casa.

Ela sabe que deveria sentir algum tipo de ressentimento profundo, feio e venenoso, ou sentir como se tivesse sido enganada. Ela sabe que deveria odiar sua irmã. Ela sabe que nunca deveria perdoar Ada por fugir, ou por ser estúpida o suficiente para ficar em Londres e não ligar para Tommy depois do que aconteceu hoje. Ada colocou a vida de sua família em perigo, sua própria vida em perigo, a vida de Karl em perigo.

Mas, não, Griselda não sente nada disso. Tudo o que ela sente é um lindo alívio.

Ela faz caretas animadas para o bebê enquanto o levanta, soprando uma framboesa em seu estômago enquanto ele solta uma risadinha adorável. Ela olha para cima quando ouve passos fracos na beira da porta, apenas para ver Ada encostada no batente, observando-os com adoração silenciosa.

Griselda respira fundo, trazendo Karl de volta para o colo enquanto sorri timidamente para a irmã. "Ei."

"Ei", responde Ada, igualmente envergonhada. Ela fica na porta, olhando ao redor do quarto de Griselda, um olhar pensativo e nostálgico em seu rosto. "É diferente."

"Hum, sim," Griselda murmura, mastigando o interior de sua bochecha. "Eu- ugh- tenho uma cama maior."

Ada acena com a cabeça enquanto estala os lábios. "Certo."

"Bem, é grande o suficiente para nós dois agora." Griselda suspira cansada enquanto ajusta Karl em seu colo, abraçando-o com força contra o peito e usando-o como uma espécie de cobertor de segurança. "Não fique aí parado. Entre."

"Tudo bem", Ada murmura, movendo-se cautelosamente pelo quarto para se sentar na cama. Ela mexe com as mãos enquanto olha para Karl e sorri. "Ele gosta de você."

Griselda olha para o sobrinho que está brincando com as mechas de seu cabelo, aparentemente muito entretido com todos os cachos. "Ele é lindo, Ada. Ele ficou tão grande."

"Sim, ele tem. Sinto muito, você não pôde estar lá para ver tudo."

Os lábios de Griselda formam uma linha apertada enquanto ela olha para o lado, sem saber exatamente para onde ir a partir daqui. Ela geralmente é tão confiante, tão segura de si mesma, tão no controle de suas emoções furiosas, mas agora ela se sente tão insegura. Ela pode sentir pelo tom de voz de Ada que ela está procurando um pouco de conforto esta noite, um lembrete de que ela não é a criança estúpida como ela está agindo, não importa quão grande seja a mentira.

Apesar de sua raiva, confusão, alívio, alegria - apesar de tudo - Griselda sabe que os laços da família são para sempre.

"Está tudo no passado, Ada", ela sussurra, passando por seu Karl. "Não há como se desculpar. De qualquer forma, eu estou supondo que Tommy foi grosso o suficiente para nós dois."

Ada bufa sem graça, um sorriso largo e familiar rachando seu rosto, seus olhos estreitados em zombaria de seu irmão. E assim, tudo está bem entre as duas irmãs. Eles foram transportados de volta um ano no passado, onde a maior parte do tempo de Griselda era ocupada com Ada reclamando do irmão deles.

Tudo, apesar de terrível e infeliz, é esquecido.

"Ele definitivamente fez. Foi o mais raivoso que eu já vi, na verdade", admite Ada, franzindo a testa para a última parte de sua declaração, tirando o cabelo de Karl da testa. "Grissy... ele está bem? Tommy, é isso? Ele está bem?"

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