CAPÍTULO VI ( ROSALIE )

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N.A;

Esse capítulo é no ponto de vista
da Rosalie.

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– Claro – respondeu ela, com a voz mais alta de surpresa. – Entre.

Kris se sentou, deslizando para a ponta do sofá para me dar espaço. Eu me movi em silêncio para se sentar no espaço vazio que ela deixara para mim. 

– Pode conversar comigo por uns minutos? – perguntei, ansiosa. – Eu não acordei você nem nada, não é? – Meus olhos passaram pela cama despojada e voltaram para o sofá.

– Não, eu estava acordada. Claro, podemos conversar. 

– Ele raras vezes a deixa sozinha. Imaginei que era melhor aproveitar a oportunidade.

Percebi que as mãos dela não paravam de torcer a ponta do edredom; ela estava nervosa.

– Por favor, não pense que sou terrivelmente intrometida – minha voz saiu quase suplicante. Eu cruzei as mãos no colo e as olhei ao falar. – Sei que feri seus sentimentos no passado e não quero fazer isso de novo.

– Não se preocupe com isso.

Ela me esperou enquanto eu desviava o olhar para a janela. Eu estava tentando manter a calma. 

– Gostaria de ouvir minha história, Kris? Não tem um final feliz... Mas qual das nossas histórias tem? Se tivéssemos finais felizes, todos estaríamos sob lápides.

Ela concordou, embora estivesse assustada com o meu tom de sua voz.

– Eu vivia num mundo diferente do seu, Kris. Meu mundo humano era um lugar muito mais simples. Era o ano de 1933. Eu tinha 18 anos e era linda. Minha vida era perfeita.

Eu fitei as nuvens prateadas pela janela, minha mente não estava mais naquele quarto. Eu estava novamente em 1933.

– Meus pais eram de classe média. Meu pai tinha um emprego estável em um banco, algo que agora percebo que o deixava presunçoso... Ele via sua prosperidade como recompensa pelo talento e pelo trabalho árduo, em vez de reconhecer a sorte que havia nisso. Na época, tudo era garantido para mim; em minha casa, era como se a Grande Depressão fosse só um boato perturbador. É claro que eu via os pobres, aqueles que não tinham tanta sorte. Meu pai me deixou com a impressão de que aquelas pessoas procuravam por seus problemas.

" Era tarefa de minha mãe manter nossa casa — e a mim e meus dois irmãos mais novos — numa ordem imaculada. Estava claro que eu era sua prioridade e a sua preferida. Eu não entendia muito bem na época, mas sempre tive vaga ciência de que meus pais não estavam satisfeitos com o que tinham, mesmo que fosse muito mais do que a maioria possuía. Queriam mais. Tinham aspirações sociais — eram alpinistas sociais, acho que se pode chamá-los assim. Minha beleza era uma dádiva para eles. Eles viam muito mais potencial nela do que eu."

" Eles não estavam satisfeitos, mas eu estava. Estava emocionada por ser eu, por ser Rosalie Hale. Agradava-me que os olhos dos homens me seguissem aonde quer que eu fosse quando completei 15 anos. Ficava deliciada que minhas amigas suspirassem de inveja ao tocarem meus cabelos. Feliz por minha mãe ter orgulho de mim e por meu pai gostar de me comprar vestidos caros."

" Eu sabia o que queria da vida e não parecia haver um modo de não conseguir exatamente o que queria. Eu queria ser amada, ser adorada. Queria ter um casamento imenso e cheio de flores, onde todos da cidade pudessem me ver andar pela nave central no braço de meu pai e pensar que eu era a pessoa mais linda que viram na vida. A admiração era como um ar para mim, Kris. Eu era tola e fútil, mas estava feliz."

midnight sun - EclipseOnde histórias criam vida. Descubra agora