CAPÍTULO XV

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– NÃO TENHO NADA PARA VESTIR! – Gemi comigo mesma uma hora depois da minha volta de Seattle.


Cada peça de roupa que eu tinha estava espalhada em minha cama; as gavetas e os armários, vazios. Olhei os nichos sem nada, desejando que aparecesse alguma peça adequada.



Minha saia de couro preta estava nas costas da cadeira de balanço, esperando que eu descobrisse algo que combinasse perfeitamente com ela. Algo que dissesse ocasião especial. 


Era quase hora de sair e eu ainda vestia meus moletons velhos preferidos. Se não encontrasse algo melhor ali — e, àquela altura, as chances eram poucas —, iria à formatura com eles.



Fiz cara feia para a pilha de roupas na cama.



O que mais me irritava era que eu sabia exatamente o que teria usado se ainda estivesse disponível — minha blusa vermelha, sequestrada. Dei um soco na parede com a mão boa.



– Vampiro idiota, ladrão, irritante! – grunhi.



– O que foi que eu fiz? – perguntou Alice. Ela estava encostada ao lado da janela aberta, como se tivesse ficado ali o tempo todo. – Toc, toc – acrescentou com um sorriso malicioso.



– É tão difícil assim esperar que eu chegue até a porta?



Ela atirou uma caixa branca e achatada em minha cama.



– Só estava de passagem. Pensei que pudesse precisar de uma roupa.




Olhei o pacote grande, colocado sobre todas as peças do meu frustrante guarda-roupa.



– Admita – disse Alice. – Estou salvando sua vida.



– Você está salvando minha vida. Obrigada.




Ela me encarou por um longo momento.



– O que houve com o seu braço? 



– Vai acreditar se eu disser que caí da escada?



Ela negou com a cabeça.



– Então eu fui atropelada.



– Kris – ela gemeu – Me conte o que houve. 



Eu fiz uma careta.



– Obrigada pelas roupas, Alice.



Ela suspirou, derrotada.



– Bem, é ótimo acertar, para variar. Você não sabe como isso é irritante... deixar passar isso ou aquilo, como tenho feito. Fico me sentindo tão inútil. Tão... normal. – Ela se encolheu, com horror da palavra.




– Nem imagino como deve ser horrível. Ser normal? Eca.




Ela riu.



– Bem, pelo menos isso compensa por ter perdido seu ladrão irritante... Agora só preciso descobrir o que não estou vendo em Seattle.



E essa era a minha deixa. Eu precisava repassar as informações de Alec… E por mais que doesse em mim mentir para os Cullen e brincar com o hiatus das visões de Alice, eu faria de bom grado se isso pudesse nos salvar.



Eu encarei Alice com uma expressão de choque. 




– Não vai abrir? – perguntou ela.



midnight sun - EclipseOnde histórias criam vida. Descubra agora