CAPÍTULO XII

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– O mesmo que aconteceu com sua mão – respondeu Jasper numa voz baixa. – Repetido mil vezes. – Ele riu com certo pesar e afagou o braço. – Nosso veneno é a única coisa que deixa cicatriz.



– Por quê? 



– Eu não tive a mesma... criação de meus irmãos adotivos. Meu início foi inteiramente diferente. – Sua voz ficou dura enquanto ele terminava.



Olhei-o pasma.



– Antes de lhe contar minha história – disse Jasper –, Você deve entender que existem lugares em nosso mundo, Kris, onde a expectativa de vida dos que nunca envelhecem é medida em semanas, não em séculos.



Os outros já haviam ouvido aquilo. Carlisle e Emmett voltaram sua atenção para a tevê. Alice moveu-se em silêncio e se sentou aos pés de Esme. Mas Edward estava tão absorto quanto eu; eu podia sentir seus olhos em meu rosto, lendo cada chama de emoção.



– Para entender de fato por quê, você precisa olhar o mundo de uma perspectiva diferente. Precisa imaginar o que ele é para os poderosos, para os ávidos... para os perpetuamente sedentos.



“Entenda, existem lugares neste mundo que nos são mais desejáveis do que outros. Lugares onde podemos nos reprimir menos e ainda evitar sermos descobertos...”



“Imagine, por exemplo, um mapa do hemisfério ocidental. Imagine nele cada vida humana como um pontinho vermelho. Quanto mais vermelho, mais facilmente nós... bem, aqueles que existem desta forma... podem se alimentar sem chamar atenção.”



Eu tremi com a imagem em minha mente, com a palavra alimentar.



– Não que os bandos do sul se importem muito com o que os humanos percebem ou não. São os Volturi que os mantêm controlados. Eles são os únicos temidos pelos bandos do sul. Se não fosse pelos Volturi, o restante de nós logo seria exposto.



Franzi o cenho para o modo como ele pronunciava o nome; com respeito, quase com gratidão. Era difícil aceitar a ideia dos Volturi como bons sujeitos em qualquer sentido.



– O norte é comparativamente muito civilizado. Aqui somos principalmente nômades, desfrutamos tanto o dia quanto a noite, permitimos que os homens interajam conosco sem suspeitar de nada... O anonimato é importante para todos nós… É um mundo diferente no sul. Os imortais de lá só saem à noite. Passam o dia tramando o movimento seguinte ou prevendo o do inimigo. Porque houve guerra no sul, uma guerra interminável que durou séculos, sem um só momento de trégua. Os bandos de lá mal percebem a existência de humanos, a não ser como soldados que percebem um rebanho de vacas à beira da estrada... Comida a ser capturada. Eles só não permitem que o rebanho dê pela sua presença por causa dos Volturi.



– Mas por que eles estão lutando? – perguntei.



Jasper sorriu.



– Lembra do mapa com os pontos vermelhos?



Ele esperou, então eu assenti.



– Eles lutam pelo controle da área com mais pontos.



“Entenda, ocorreu a alguém que se fosse o único vampiro, digamos, da Cidade do México, então podia se alimentar toda noite, duas, três vezes, e ninguém jamais perceberia. Ele tramou maneiras de se livrar da concorrência.”



“Outros tiveram a mesma ideia. Alguns elaboraram táticas mais eficazes… Mas a tática mais eficaz foi inventada por um vampiro bastante jovem chamado Benito. Na primeira vez em que alguém ouviu falar dele, ele vinha de algum lugar ao norte de Dallas e massacrou os dois pequenos bandos que compartilhavam a área perto de Houston. Duas noites depois, atacou o clã muito mais forte de aliados que reclamava Monterrey, ao norte do México. Novamente, ele venceu.”



midnight sun - EclipseOnde histórias criam vida. Descubra agora