[5] 21 a 22 de outubro

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21 a 22 de outubro

Dia 23, quarta-feira, continuação

— Isso é impossível. Eles são impossíveis — Snape pôde ser ouvido dizendo, várias horas depois.

O alegre grupo estava reunido novamente, discutindo seu "caso", mas, dessa vez, Draco e Potter não foram convidados para a festa. Legalmente maiores de idade ou não, os demais haviam decidido que eles eram muito ligados para que pudessem tomar decisões por si mesmos. Em vez disso, tiveram suas varinhas confiscadas, foram tratados e receberam poções calmantes. E agora, aqui estavam eles, esfriando os calcanhares em uma pequena sala de estar do lado de fora do escritório de Dumbledore enquanto a discussão continuava lá dentro, Draco em um sofá e Potter andando inquieto pela sala, ambos tentando ignorar os retratos que se moviam de quadro em quadro sussurrando sobre eles.

— Malfoy — Potter disse hesitante, quebrando o silêncio na sala. Draco olhou para cima. — Estamos com problemas, não estamos?

— Brilhantes poderes de observação, Potter — Draco respondeu cansado. — Qual foi sua primeira dica? — Ele centrou o olhar na mancha de sangue da camiseta de Potter, sabendo que a sua própria ainda estava marcada também. Pomfrey estava zangada demais com os dois para dar tempo de eles se trocarem ou se limparem depois de curar os machucados.

— O que... — Potter parou e pigarreou. — O que você acha que eles vão decidir?

— Não faço ideia.

— Eu... tenho a sensação de que não vou gostar.

— Eu também duvido — disse Draco. — Mas não tenho certeza se eles podem decidir alguma coisa. Nós dois somos adultos.

— Eles podem não ser capazes de nos forçar a fazer nada, mas podem dificultar as coisas para nós se não obedecermos. Poderemos ser expulsos. Ou renegados ou algo assim, no seu caso.

— Meu pai não me deserdaria.

— Sério? O que ele faria em vez disso?

Draco franziu a testa.

— Malfoy... o que ele poderia fazer com você, que te deixa com tanto medo dele? — Potter perguntou hesitante.

— Eu não tenho medo dele.

— Besteira — Potter respondeu sem rodeios. — Você tem. Você não está tão preocupado com o que Dumbledore ou qualquer outra pessoa na escola possa fazer, mas está com medo do fato de seu pai estar lá com eles.

— O vínculo agora inclui Legilimência para você? Não? Então não presuma me dizer como estou me sentindo e por quê.

— Não preciso de Legilimência. Sei como você se sente, e é a mesma maneira como você se sentiu naquele dia no hospital, quando o contrariou em público. Você quase teve um ataque cardíaco.

— Tínhamos acabado de passar por muito estresse -

— Nada tinha nada a ver com isso. Você estava com medo dele. — O olhar de Potter era direto e intransigente.

Draco mordeu o lábio. Sim, ele percebeu anos atrás que seus sentimentos por seu pai, seu respeito, admiração e amor, também estavam tingidos com uma quantidade doentia de medo. Ele notou que nenhum de seus amigos parecia sentir o mesmo terror profundo de seus pais que Draco sentia pelos dele. Talvez os seus pais não os ameaçassem regularmente com a expulsão da família, ou os lembrassem que não corresponder às expectativas da sua família resultaria numa vida de miséria, ou os azarariam cruelmente como parte de uma "educação disciplinada".

Sim, ele tinha muito medo do pai e tinha boas razões para isso. Mas não havia como ele admitir algo assim para Potter, entre todas as pessoas.

Por outro lado, era estúpido fingir que não havia base para o que Potter estava dizendo. Porque ele estava certo; A presença de Lucius naquele escritório o estava aterrorizando agora. Ele não tinha ideia do que seu pai faria com ele, porque há muito tempo desistiu de imaginar por si mesmo o que Lucius poderia inventar. Seus piores medos às vezes empalideciam quando comparados aos reais.

Bond | DrarryOnde histórias criam vida. Descubra agora