2 a 5 de novembro
Dia 35, Segunda
Eles não deveriam ter tentado ir para a aula, Draco pensou enquanto se apoiava na parede, os pensamentos lentos e desfocados. Deveriam ter ido direto da Grifinória para a ala hospitalar. Ou talvez de volta para o dormitório.
Por que não tinham feito isso?
Porque... porque Potter havia dito que eles precisavam tentar. Ele tinha dito... algo sobre a enfermaria ser fácil demais, que seria admitir que estavam se entregando.
E por que isso seria tão ruim assim?
Por Deus, Draco nem conseguia se lembrar. A parede que seus dedos tocavam era fria e dura. Ele estava debatendo consigo mesmo e nem se lembrava mais o motivo.
Ir para a enfermaria era ruim porque... porque eles não queriam desistir. Certo.
Por que não podiam voltar para o dormitório ao invés de ir para a aula de Poções?
Porque aí eles iriam querer fazer sexo e acabariam desmaiando e ninguém conseguiria encontrá-los e...
E por que mesmo isso era ruim?
Que se dane, ele não sabia.
Deveria ter discutido com Potter. Como é que fora deixar Potter convencê-lo a tentar ir para a aula? Mas estava em território Grifinório, cercado por eles, e os outros pareciam temerosos, mas basicamente queriam dar razão ao precioso Harry, que queria ir para aula. O sonserino não tinha forças para lutar contra todos eles. Além disso, pensou que talvez os outros estivessem certos e que os dois conseguiriam.
Mas era uma má idéia confiar em grifinórios em qualquer situação, menos ainda pensar que eles poderiam ser racionais a respeito de Potter. Eles amavam Potter, acreditavam que ele podia fazer qualquer coisa. Mesmo Weasley, Longbottom e Thomas tendo levado meia hora só para conseguir tirá-los da cama, os grifinórios queriam acreditar que aquilo não tinha importância, porque se Harry havia dito que conseguiria, Harry conseguiria, porque Harry podia fazer qualquer coisa.
Grifinórios idiotas, não faziam ideia de que Harry mal se aguentava de pé. Eles não tinham um elo para sentir o que o grifinório sentia e não tinham o bom senso que deus dava mesmo ao sonserino mais tapado. Não tinham o menor senso de realidade.
E eles estavam cara a cara com a realidade há dias. A realidade era que os dois mal haviam ficado acordados no dia anterior, que os esforços do Esquadrão de Prevenção do Sono - como eles tinham, de maneira muito grifinória, se batizado - tinham sido insuficientes para mantê-los acordados depois das oito da noite. A realidade era que naquela manhã ele e Potter estavam tão exaustos que mal conseguiram se vestir, e Seamus Finnigan tinha inventado algum motivo para sair do quarto enquanto os outros três tentavam fingir que não se importavam de vê-los deitados na cama juntos, nus como nos dias em que vieram ao mundo e cansados demais sequer para puxarem os lençóis e se cobrirem. Se aquilo não era a realidade, Draco não sabia o que era.
Deveria ter discutido mais. Ou pelo menos discutido um pouco. Porque só a discussão em si iria deixar Potter cansado. E Potter havia conseguido vencer quase todo o corredor até a sala de Poções, mas agora, quase chegando, tinha parado, se encostado contra a parede e fechado os olhos. E Draco não tinha escolha se não parar e esperar por ele, enquanto o resto dos grifinórios continuava andando.
— Potter — Draco o puxou para longe da parede. — Anda.
Potter balançou a cabeça e seus olhos estavam cansados quando ele encarou Draco e começou a escorregar devagar pela parede.
— Não, Potter, vamos. Pare com isso!
Nenhuma resposta, só os olhos de Potter fechando enquanto ele atingia o chão. Draco se inclinou um pouco para baixo.
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Bond | Drarry
FanfictionMais uma daquelas histórias em que Harry e Draco são forçados a ficar juntos por algo que está além de seu controle e, então, acontecem coisas que levam a duas histórias de amor. Porque todo escritor de DH tem que escrever pelo menos uma. [Esta é um...