O vento gélido da madrugada ainda agitava brutalmente os esguios galhos da floresta de salgueiros. Kaira corria apressada pelas colossais árvores, sempre com o trabalho de tirar suas folhagens espinhosas que entravam em seu caminho.
O ar já não visitava seus pulmões, provavelmente por culpa da adrenalina que aquela perseguição estava lhe entregando. Mas sinceramente acho que foi pela euforia de após tanto tempo poder relembrar como era bela a vida fora daquelas grades enferrujadas, se sentia livre com a sensação de seus cabelos cor prata sendo atacados pelas rajadas de vento.
A floresta parecia pronunciar seu nome, ela lhe chamava, usando de seus sons pouco compreensíveis pela mente humana para direcionar sua fuga. Os galhos da mesma abriam caminho em sua jornada e fecharam quando o grupo de homens que lhe perseguia tentou a sorte. Entre as robustas trepadeiras os raios lunares adentravam com uma dificuldade extraordinária, uma pena que estava ocupada demais buscando por sua liberdade para conseguir desfrutar da beleza momentânea que aquele lugar exalava.
O Sol não dava indícios de sua presença no céu estrelado, um ponto para a mulher, já que seus olhos sabiam muito bem onde cada um dos marinheiros estava, entretanto eles não faziam ideia de seu paradeiro na noite escura e assombrosa. O portão velho range com a entrada daqueles intrusos no cemitério, possivelmente alertando para aqueles frágeis seres vivos o que os espera.
Nenhum dos muitos homens perceberam que foram encurralados, e um após o outro foram atacados pelo tigre branco sedento por sangue, apenas os deixando vivos para contar a história e fazer com que seu nome volte aos céus. A noite se foi rápido como a lebre foge de seu predador dominado pela fome.
Ela estava de volta, uma anti heroína que ansiava pela morte de cada marinheiro nesse mundo mas por outro lado tão pouco simpatizava com os piratas trapaceiros… Ah não ser um, a grande exceção entre navios e terras mal divididas. O Sol que já ocupava uma pequena parte no céu, enquanto fazia seu dever de acordar a moça desmaiada debaixo das antigas árvores.
Encolhida entre os túmulos e flores do lugar, seus olhos se abriram ferozmente orando para que sua fuga não fosse apenas um delírio de um cérebro cansado. Olhava ao seu redor à procura de pessoas com trajes laranjas ou então os grandes muros de tijolos que a prendiam tanto mentalmente como fisicamente, quando percebeu não conseguiu segurar as lágrimas quentes que desciam pelas suas bochechas coradas, chegando ao lindo sorriso em seus lábios.
Seu meticuloso plano estava seguindo suas linhas predefinidas que a mesma urdiu com unhas e dentes. Ela não via a hora de ver como seu trabalho tão perfeccionista iria se transformar em um aconchegante cobertor. A cidade portuária logo foi atualizada sobre a fugitiva, os cartazes que antes foram um por um recolhidos voltaram a circular pelas mãos alheias e paredes mal pintadas.
O silêncio dominou mais uma vez seu espaço pessoal, logo se perdeu em devaneios, temendo que mesmo após sair da maldita prisão, não teria outra escolha a não ser voltar para as garras afiadas de seu antigo patrão. lá de cima já era possível ver os barcos espalhados pela praia.
Uma duvida a vez aquecer sua cabeca, tentando entre muitos planos achar um que a levase ate o porto sem chamar a atenção. Sua fuga agora era a primeira capa do jornal. Em seu plano nunca pensou que a marinha fosse tão rápida para espalhar essa notícia entre os moradores, e pelo visto daqui em diante ela teria que fazer a única coisa que odiava fazer, improvisar.
Os gritos da marinha a sua procura ainda ecoavam em seus ouvidos. A moça tentou sem sucesso chegar até o porto sem ser percebida pelos marinheiros, mas não conseguiu. Seguiu em frente e adentrou entre peixes e frutas, nunca passara por sua cabeça que uma fera local iria salvar sua pele.
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𝑨 𝑫𝒂𝒎𝒂 𝒅𝒆 𝒑𝒓𝒂𝒕𝒂 (𝙼𝚊𝚛𝚌𝚘 ˣ 𝚛𝚎𝚊𝚍𝚎𝚛)
Fanfiction"...𝙾 𝚟𝚎𝚗𝚝𝚘 𝚐𝚎𝚕𝚒𝚍𝚘 𝚍𝚊 𝚖𝚊𝚗𝚑𝚊 𝚜𝚘𝚙𝚛𝚊𝚟𝚊 𝚌𝚘𝚗𝚝𝚛𝚊 𝚘𝚜 𝚕𝚘𝚗𝚐𝚘𝚜 𝚌𝚊𝚋𝚎𝚕𝚘𝚜 𝚌𝚘𝚛 𝚍𝚎 𝚖𝚊𝚛𝚏𝚒𝚖 𝚍𝚊 𝚍𝚊𝚖𝚊, 𝚎𝚗𝚚𝚞𝚊𝚗𝚝𝚘 𝚊 𝚖𝚎𝚜𝚖𝚊 𝚌𝚘𝚛𝚛𝚒𝚊 𝚙𝚎𝚕𝚊 𝚌𝚒𝚍𝚊𝚍𝚎 𝚋𝚞𝚜𝚌𝚊𝚗𝚍𝚘 𝚜𝚞𝚊 𝚕𝚒𝚋𝚎𝚛�...