Capítulo Oito

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A manhã foi iniciada pelas mensagens desesperadas de Luke em meu celular

O meu celular bipava como um micro-ondas, o telefone gritava tanto que em poucos segundos eu acordei.

Meus braços estavam mais debruçados que o normal, meu cabelo castanho estava todo desarrumado.

Atendi Luke apenas 4 minutos depois da primeira ligação.

— Ha.. a, Orem! — Disse Luke.

Eu conseguia ouvir sua respiração ofegante pelo lado da ligação. Luke estava tenso, a última vez que lhe vi assim foi quando o garoto acabou vendo jazz.

Mas ele estava muito mais nervoso.

— Sandy chegou — Contou-me, com uma ofegação que quase não me permitiu entender sua frase.

Eu logo lembrei da garota, Sandy.

Ela é em exato uma de minhas primas. Mas Sandy diferente delas era mais intrometida.

Na minha festa de aniversário de nove anos a mesma acabou assoprando as velas do meu bolo sem a minha permissão. Embora seja algo bem infantil, eu ainda havia chorado por pelo menos umas duas horas. Eu tinha nove anos e desde então lhe odiava.

Luke retribuía minhas ações, em caso ele fechava e odiava ver o rosto da garota.

Então ela iria vir, e de facto eu perderia a única e pequena paz que eu queria ter este ano.

Luke por vez também. Ela é tão nojenta que até mesmo gostava de Jasper, só de lembrar deles juntos era repugnante.

E eu tinha de aguentar, embora hoje em dia Jasper nem na escola esteja.

Agora era diferente, quem sabe a chegada lúdica de Sandy não perturbe tanto minha convivência. Embora, eu ainda tenha temores caso ela tente novamente participar da minha vida escolar.

♧♧♧♧♧

O restante do dia foi calmo. Principalmente no colégio.

À tarde inteira conversei com Marcley sobre o problema das filas da cantina e como Janet Sweeney (uma escocesa escarranchada) auto elogiava seu inglês britânico.

Já mais ao anoitecer eu e Luke havíamos finalmente terminado todas as lições atrasadas e Jazz até mesmo parou de gritar com Carls.

Havíamos por fim parado no campo de beisebol.

Desta vez eu estava mais seriamente rígida do que antes. Andei pela grama do campo vendo ao redor.

O jogo deste ano estava sendo muito requisitado. Percebi já que todas as líderes de torcida estavam em campo.

Andando para a quadra tive chance de ver o campo. Eu estava desde então procurando o encapuzado.

Luke disse tê-lo visto na festa. Embora não seja algo tão lisonjeiro e nem tão sincero.

Mas eu lhe vi — eu não podia ter certeza, mas com firmeza podia afirmar que senti minhas bochechas queimarem —, era ele. Seus cabelos castanhos que me chamaram atenção.

Eu nem havia conversado com ele ainda. Como eu poderia sentir algo por ele?

Luke me seguiu com fraqueza, seu olhar entregou sua preguiça em andar pelo campo de beisebol para me seguir.

— Às vezes você não deve correr tanto, eu sou frágil! — Disse Luke.

Ele olhou-me e fez uma careta, virando seu rosto para o campo, era claro que ele viu o jogador e isso foi o que mais me deu medo.

Meu amigo logo abriu um sorriso, sabia ser sua arma secreta para quando o mesmo iria fazer algo estúpido ou sem sentido.

— Por que você não fala com ele? — Resmungou.

— Por que você não fala com Jazz? — Falei olhando o garoto, que apenas revirou os olhos e voltou a sua visão para os jogadores.

— E se eu falar com ele? — Luke abriu um sorriso. Antes que eu pudesse sequer contestar, o mesmo havia saído em disparada na direção dos  jogadores.

Eu senti meu sangue ferver.

Desta vez eu tinha certeza que estava vermelha, não tinha dúvida. Mas o meu ódio por Luke nunca esteve tão forte.

Corri com velocidade para fora do campo. Aposto que parecia mais ridículo do que da última vez.

Estava utilizando um salto. Então meus pés estavam inchando a cada segundo, sem sequer conseguir mover-me para frente, fiz algo rapidamente. Escondi-me atrás da primeira coisa que vi fora da quadra.

Mais especificamente o estacionamento. Ele era dividido pelos carros dos alunos que chegavam no início do dia com a volta das aulas.

Eu parei na frente do carro vermelho mais semelhante para mim. Tentei ao máximo esconder-me, mas minha silhueta provavelmente apareceu. Percebi isso quando vi Marcley atrás de mim.

Seus olhos azulados estavam mais claros do que nunca, e ele estava com um forte sorriso no rosto. 

Parecia nervoso, com sua camiseta sendo remendada de suor.

Provavelmente estava jogando Hableys (um jogo ridículo em que as pessoas lhe desafiam a fazer o impossível). Os Alunos do terceiro ano costumam jogar geralmente para perder a virgindade.

Marcley puxou o primeiro assunto:

— Bem, está fugindo de quem? — Disse olhando para os meus olhos. Ele em seguida sentou ao meu lado, com seu cheiro persistente de água salgada sendo ainda mais perceptível.

— Não estou — Ele sabia que eu estava mentindo. Embora tentasse mentir, Marcley me conhecia. 

— Tente uma melhor — Resmungou enquanto mexia em seu cabelo, fazendo pequenos cachos — Orem tentando mentir? Algo aconteceu.

Marcley abriu um sorriso em seguida, mas mesmo assim consegui perceber a sua curiosidade.

— Bem, Luke como sempre.

Ele tentou argumentar, porém sua voz falhou rapidamente na primeira palavra que o garoto disse.

— Eu.. — Marcley parecia nervoso, com o seu cabelo encharcado de suor. 

— Não precisa ficar tão ansioso em falar comigo, nós já somos amigos — Disse enquanto lembrava dos últimos dias. Andávamos sendo muito próximos.

Mais próximos que eu e Luke, mas mesmo assim ele parecia um mistério para mim. Sempre escondendo um segredo que por algum motivo eu não podia saber.

— Luke sempre foi bem convidativo — Ele abriu um sorriso. Retribui fracamente, mas sempre sem o mesmo ânimo.

— Bem. Espero que não dê ruim. — Fiz um riso forçado.

O garoto fez o mesmo, encostando suas mãos nas minhas. Parecia mais calmo dessa vez, não como antes. Com o suor em sua testa não sendo mais tão perceptível.

Ele aproximou seus dedos sobre os meus. Se aproximando mais de mim, com seus olhos vidrados em meu rosto.

— Há. Bem, legal! Acho que vou procurar Luke — Falei, mas estava nervosa. A proximidade de Marcley me deixou ansiosa, meu rosto estava em vermelhidão. Com minhas bochechas parecendo queimar.

— Não, espera — Marcley segurou fracamente meu braço enquanto tentava sair de trás do carro.

Consegui sentir-me mais nervosa ainda, com o garoto encostando diretamente em meu rosto.

Seu olhar vivido em meu rosto queimou-me. E de um modo excitante o garoto se aproximou de mim.

Suas mãos acariciaram minha bochecha fracamente. Enquanto Marcley em seguida aproximou seus lábios dos meus.

Sua boca era doce, com o cheiro de água salgada de seu corpo sendo bem mais perceptível a mim. Encostei nos fios de seu cabelo preto, percebendo a maciez de seus mini cachos.

Com o garoto acariciando lentamente meu rosto, senti ele como nunca. Com o seu corpo junto ao meu.




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