03

695 98 30
                                    


- Amiga, todo mundo da escola tá dando em cima de você. – Hermione falou rindo, enquanto pedalava ao lado de Malfoy. – Até o Harry Potter!

- É... Mas não é como se alguém lá me interessasse. – Falou olhando para amiga rapidamente, para não bater a bicicleta numa arvore e acabar quebrando a cara. – São todos moleques escrotos.

- Viu a sorte que tenho de ser lésbica? – Fez Dray gargalhar.

- Muita sorte. – Concordou ainda rindo.

Elas viraram uma esquina e já estavam descendo das bicicletas.

Dray jogou a sua na grama e abraçou a amiga murmurando um ''nos vemos mais tarde'' para logo em seguida, entrar dentro de casa. Ela empurrou o par de all star com os próprios pés e os deixou ao lado da porta.

- Filha? – Ouviu a voz do mais velho na sala e mesmo sem muita vontade, foi até lá.

- Sim? – Se escorou na parede esperando o pai dizer o que queria.

- A gente não se falou desde aquele dia. – Se referia ao ocorrido de quando estava bêbado.

- Olha, ta tudo bem. – Fechou os olhos e suspirou. – Só- eu sei que é minha culpa tudo isso estar acontecendo.

- Não, filha, de jeito nenhum. – foi ate ela e segurou seu rosto. – Olhe para mim, por favor. – Ela fez o que foi pedido. – eu sinto muito por ter dito aquelas merdas, você sabe que eu não penso assim. É só que... as vezes eu sinto falta dela, sabe ?

- Uhum. – Concordou com a cabeça. – Eu também. – Sentiu um nó se formar em sua garganta.

- Você sabe que eu te amo mais que tudo, sim? – Acenou. – Então, como foi o seu primeiro dia de aula? Fez amigos?

- Ah, foi normal. – Deu de ombros. – Eu não fiz amigos, mas acho que só porque não quis mesmo. - era verdade.

- Você e essa sua mania... – negou com a cabeça.

- Você sabe melhor que ninguém que eu tenho medo que descubram.

- Eu sei. – Abraçou de forma protetora e ela não pensou duas vezes antes de retribuir. – Te amo, Dray.

- Também te amo, pai. – Sorriu e se afastou. – Eu vou tomar um banho agora. – Disse e subiu as escadas correndo, abriu a porta do quarto e soltou a bolsa em qualquer lugar, para finalmente se jogar na cama. Pegou p celular e a primeira notificação era uma mensagem de Harry. Ela apenas juntou as sobrancelhas um pouco confusa.

Harry da festa: o que preciso fazer para você me dar bola?

Ela riu de forma divertida.

Nada, isso nunca irá acontecer.

Ela jogou o celular sobre os lençóis e entrou no banheiro. Se despiu e como de costume, foi para frente do grande espelho. Ela sempre fez isso, mesmo antes de iniciar a transição e começar tomar os remédios hormonais, era uma forma de humilhação de certa forma porque ela focava apenas naquilo que mais a incomodava. Suas grandes mãos, mesmo que ainda delicadas. Seus pés nada femininos ao seu ver e seus ombros largos.

Ela tinha conhecimento total sobre o fato de que algumas meninas trans não se sentem confortáveis em ter um pênis. A disforia de gênero é algo que assombra algumas pessoas trans e as fazem acreditar que ter um órgão genital masculino faz com que sejam menos mulheres, ou em outros casas, que ter uma vagina os fazem ser menos homem. Dray, por outro lado, sentia-se privilegiada por não se incomodar com aquela parte do seu corpo. Não é isso que a tornaria um homem, porque ela não é!

MY GIRL // DRARRYOnde histórias criam vida. Descubra agora