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Harry encarou a porta da menina e respirou fundo. Ele ergueu a mão em punho e bateu na porta da Malfoy. Potter não tinha certeza se ela estava de bem com ele, mesmo que tenham tido a conversa na sala.

-Oh, boa noite, senhor Lucius. - piscou algumas vezes pelo pequeno susto que teve quando o homem abriu a porta.

- Boa noite, rapaz. - sorrio pequeno. - A Dray tá lá em cima. - deu espaço para ele entrar.

- Obrigado. - acenou com a cabeça.

- Eu vou sair agora... Cuidado. - cerrou os olhos para o menino que riu nervoso.

-Claro. - acenou freneticamente e viu o homem sair e fechar a porta.

Harry olhou para escada e subiu com passos largos, a porta da menina estava entre aberta, mas ele não ousaria entrar sem bater algumas vezes.

-Dray? - empurrou a porta levemente e tudo o que pôde ouvir antes de ser acertado com um tapa na cara foi um grito estridente.

- O que você está fazendo aqui?! - ainda falava alto e com a expressão aterrorizada enquanto cobria as partes baixas com as mãos, uma vez que estava apenas de calcinha e sutiã.

- Ai. - massageava a bochecha que queimava. - Eu bati, mas você não falou nada. - olhava para a parede, evitando constrangê-la.

- Eu estava no banheiro. - puxou uma grande quantidade de ar. - Achei que fosse um doido. - riu junto a ele. - Não que você não seja. - deu de ombros, mas ainda mantinha as mãos sobre o membro coberto.

-Hey. - protestou, mas ainda ria.

A Malfoy percebeu que ele não iria olhar até que dissesse que podia. Harry estava parecendo um retardado encarando a parede enquanto falava com ela. Dray caminhou até a cama e puxou o lençol até a cintura.

-Pode olhar. - sorriu.

-Como você está? - caminhou até a cama e tirou os vans antes de se deitar ao lado dela.

- Bem... Um pouco envergonhada, mas bem.

-Por que está com vergonha? - franziu a sobrancelha.

-É estranho porque agora você sabe que eu, bem... Que eu. - ela não entendia porque a palavra parecia sumir. - Que eu sou trans. - fechou os olhos com força, a vergonha de encará-lo estava maior que qualquer coisa. A menina não estava disposta a abri-los de jeito nenhum, mas ao sentir Harry beijar a ponta de seu nariz e logo em seguida sua bochecha, ela teve que olhá-lo.

Potter tinha um sorriso bobo nos lábios.

-Se orgulhe de quem você é. - ele sussurrou.

- As vezes eu acho que você tá tramando alguma coisa. - negou com a cabeça.

Dray já havia sido usada incontáveis vezes. Os caras não queriam uma menina trans, eles queriam fodê-la as escondidas e ainda implorar para que não dissesse a ninguém. Seu corpo servia para satisfazer fetiches, mas ela não servia para ser amada ou respeitada. E isso fez com que ela construísse uma barreira e tomasse as rédeas das coisas.

Usaria eles também.

Mas com Harry é diferente, mesmo que ela não queira aceitar.

-Sabe... - Ele começou olhando nos olhos dela. - Depois da festa, eu perguntei a todo mundo lá sobre você, mas ninguém te conhecia. E então eu acordei no outro dia achando que você tinha sido uma alucinação, porque porra, eu estava bêbado pra caralho. - riu perdido nas safiras à sua frente. - Eu passei um mês inteirinho tentando encontrar uma tal de Dray, mas ela não existia pra ninguém além de mim. Foi aí, que eu me convenci de que tinha bebido demais naquela noite. - os olhos dele se acenderam em nostalgia. - E isso me impedia de dormir no túmulo que eu chamo de cama... Até que você me ligou, eu não acreditei quando ouvi aquela voz que não saía da minha cabeça por nada. - ele levou a mão até a bochecha dela e acariciou, vendo os olhos dela brilharem. - Então cale a sua boca, pois essas palavras falam por elas mesmas. - ele ouviu a risada dela ecoar pelo quarto de uma forma angelical.

MY GIRL // DRARRYOnde histórias criam vida. Descubra agora