Marinette

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Cavalgando sobre a montaria de pelagem marrom, em sentido lento, as jovens damas aproveitavam o silêncio do bairro nobre, antes de se aproximarem da cidade, aonde os sons se espalhavam de maneira caótica e incessante. Abraçada a cintura da sua companheira a menina de cabelos azulados observava as grandes e belas estruturas das casas e mansões do bairro ao qual vagavam.

-Mari, tem certeza de que está bem? - questionou sua amiga a olhando por cima de seu próprio ombro - Sua cabeça não dói?

-Estou bem, Alya. - garantiu a azulada repousando sua cabeça nas costas da morena.

-Seus pais irão lhe dar um sermão ao descobrirem que esteve novamente com aquele cavalo peralta.

-Papai irá se enfurecer quando descobri que deixamos o Ashi naquela mansão.

-Não tínhamos muita escolha. Seria arriscado trazê-lo conosco sem possuirmos capacidade para mante-lo sobre controle. Ainda mais, com você nesse estado.

Marinette suspirou e fechou os olhos. Ali está, novamente, o sentimento corriqueiro de ser uma fina pétalas de uma rosa de vidro. Aquilo lhe frustrava incessantemente.

-Ainda sim, não deveriamos tê-lo deixado lá. Ele ficará com medo de passar a noite em uma lugar que não conhece.

-Esta realmente preocupada com os temores de um animal que lhe trouxe problemas e lhe feriu?

-A culpa não foi dele. Ele se assustou quando eu caí em cima dele.

-Na verdade, acho que a culpa é minha. - murmurou de uma forma quase inaudível, uma voz fina e doce.

Dirigindo seu olhar para a bolsa de couro que estava presta a cela do cavalo, Marinette viu a pequena criatura rosada que a olhava tristemente com seus grandes olhos de um azul quase arroxeado. Um sorriso gentil surgiu nos lábios da dama de cabelos azulados, que se inclinou em direção a bolsa, entendendo a palma de sua mão aberta.

-Venha. - chamou, ao ver que a pequena criatura não havia se movido - Está tudo bem, Tikki.

A criatura rosada saiu de seu esconderijo e se sentando sobre a palma aberta de Marinette permaneceu de cabeça baixa. Marinette a trouxe para perto de si, e a colocou contra seu peito, a abraçando com esmero.

-Não foi sua culpa, Tikki. Eu que fui descuidada.

-Foi imprudente, devo lhe corrigir. - disse a morena com vigor na voz - Sabe que nem mesmo deveria estar no estábulo daquele cavalo maluco.

-Alya, se acalme. Sei que fui imprudente, mas está sendo mais dura que o normal.

-Acho que ela não gostou muito da rapaz que te salvou. - deduziu Tikki.

-Esta certa. - confirmou Alya - Aquele homem não me agrada nenhum pouco. Tipos como ele sempre me irritam.

-Ricos? - questionou a azulada.

-Não. Quer dizer...sim. Mas não apenas isso. Ele é claramente arrogante e banhado em soberba.

-Descobriu isso em apenas uma tarde?

-Você não entende, Mari. Você vê o mundo colorido e cheio de bondade. Ainda é muito pura e ingênua para compreender a maldade por trás do sorriso das pessoas.

-Você sempre diz isso, mas nem você e nem meus pais compreendem a forma que eu vejo o mundo.

-A forma que você vê o mundo é da mesma forma que uma criança o vê. Seus olhos são cobertos por um véu de pureza e bondade, que você se recusa a retirar. Isso ainda irá lhe ferir gravemente, Marinette.

O Lorde LadrãoOnde histórias criam vida. Descubra agora