Senhorita Ruge

110 12 20
                                    

-Muitas vezes me questiono se estou a receber um castigo por algo que realizei em uma de minhas vidas passadas. - murmurou Nino após realizar o pagamento da compra feita por Adrien - Em meio aos estresses do meu trabalho diário, ainda sim preciso me preocupar com os assuntos pessoais dele. 

-Senhor Agreste? - questionou a mesma mulher que havia atendido Adrien, se aproximando do moreno.

-Prefiro que ser chamado por Lahiffe. - informou Nino se dirigindo para a mulher. 

-Pois bem, senhor Lahiffe, em que posso ajudá-lo hoje? - inquiriu ela e em seu rosto estava estampado o sorriso falso e interesseiro que Nino já havia aprendido a identificar.

Com um longo suspiro ele tentou usar toda a paciência que ainda lhe restava dentro de seu ser. 

-Acredito eu, que seja mais apropriado tratarmos de assuntos relacionados a negócios, em um lugar mais privado. - disse ele com calma.

-Oh, claro! Perdão pela falta de cortesia. Por favor, me acompanhe até a minha sala, senhor Lahiffe. Lá poderemos conversar sem interferências dos empregados. 

As palavras que ela usava e o tom de sua pronuncia ao falar dos empregados da boutique sempre trazia desgosto para Nino. A soberba e a ganancia vestiam aquela velha mulher dos pés até a ponta dos seus fios de cabelo já grisalhos pela idade. De certo modo, o moreno estava contente com o fato de em breve, não precisar olhar novamente para ela. 

A mulher se dirigiu ao fundo da Boutique e Nino a seguiu com desagrado. Os céus sabiam o quanto ele desejava apenas ir embora e deitar em sua cama para descansar. Adentrando a sala que a mulher usava como escritório particular, Nino se sentou na cadeira de frente para a mesa de madeira e aguardou até que ela fizesse o mesmo, e se sentasse atrás da mesa. Lentamente ela se sentou, como se quisesse demonstrar elegância em seus atos, e repousou suas mãos entrelaçadas sobre a mesa, na intenção de impor respeito.

-Pois bem, senhor Lahiffe, o que deseja? Gostaria de uma xicara de chá quente? As meninas acabaram de...

-Senhora Calani, serei direto com o que devo tratar com a senhora, para que assim eu possa me retirar sem demora. - declarou ele com firmeza e frieza em seu tom de voz - Primeiramente, gostaria de saber se houve algum problema com algum cliente na ultima hora. 

-Problema?! - repetiu ela com certo nervosismo - Não me recordo de ter ocorrido...

-Madame, tenha certeza da resposta que irá me dar, pois se chegar a verdade a mim, e for contrario ao que a senhora me disse, serei obrigado a agir com rigidez. 

A mulher lentamente afastou suas mãos da mesa, recuando temerosa. O olhar de Nino sempre demonstrava ser caloroso, todavia, aquele olhar que ele direcionava a mulher a sua frente, era duro e frio. Engolindo em seco a saliva, a mulher respirou profundamente e retornou com seu sorriso forçado. 

-Bom...Ocorreu algo, mas eu não chamaria de problema. - disse ela tentando manter o controle de sua voz - Um casal chegou aqui com a alguns minutos atrás. Um homem com sua amante. Claramente uma plebeia. Eles insistiram em levar o novo modelo da coleção. De certo, no inicio não vi problema, pois pensei que seria para a mulher do homem, que claramente era da nobreza. Mas...ele disse que o vestido seria para a amante que estava com ele. Seria um desrespeito a marca Emerald se o mais novo modelo estivesse por ai no corpo de uma reles plebeia sem classe. Então me neguei a vendê-lo. Mas então eles começaram a criar um caos e fazer confusão. Ameaçaram nos difamar e manchar o nome da Emerald. Então me vi obrigada a zelar por esse nome tão precioso, e acabei por vender o vestido a eles. Eles exigiram um desconto com ainda mais ameaças, e novamente fui obrigada a ceder em pró de Emerald.

O Lorde LadrãoOnde histórias criam vida. Descubra agora