Marcelo
Olho para o relógio mais uma vez, já são trinta e cinco minutos de atraso, cacete!
Quando Agripino chegou acompanhado do filho mais velho, Adão, me disse que Raniely tava só esperando o motorista ir buscar ela. Esse fila da puta num é doido de tá mentindo pra mim, sabe muito bem o que vai perder se resolver me trair. Esse dia foi esperado e muito bem calculado por mim, há anos eu espero pra tirar daquele merdinha medito a besta de Fabrício tudo que ele mais ama, já fiz isso com a mãe dele, a boa bisca que casou com meu pai, menos de um ano depois do falecimento de mãe.
Tá bom, Graziela sempre foi gentil comigo e me amou como a um filho, mas era aquele bastardinho dela aparecer que toda a atenção ia pra ele. Por vezes provoquei ele até que perdesse a cabeça e partisse pra cima de mim, levei muitos socos seus na infância, mas cada um deles eu absorvi com prazer, quando via a tonta da mãe dele vir me socorrer e gritar com ele. Aquele imbecil se contorcia todo no lugar e fica com os olhos cheios d'água, já eu, fazia a cara de pobre coitado, recebia atenção e fazia ele ficar cada vez mais isolado.
Sorrio com as lembranças que me vem, olho pra igreja lotada com a nata política pernambucana, como também de todo o Brasil. Esse é meu momento pra conquistar os requisitos que o decrépito do presidente do partido exige, assim que voltar da lua de mel vou assumir meu lugar no diretório e depois disso é um caminho só de subida até o topo. Meus olhos encontram os de Adão e ele me fuzila furioso, o bostinha sabe de tudo que fiz pra chegar nesse momento, mas tá comendo do que eu decidir lhe dar e se dê por satisfeito de eu não lhe enrabar sem passar nem cuspe.
— Onde que tá tua noiva? — papai pergunta.
Era de se esperar que o excelentíssimo senador da república Gilmar Caiado soubesse que noivas se atrasam, mas ele tá doido pra cerimonia e festa acabar e poder ir se enfiar no inferninho de luxo que ele e os amigos costumam frequentar. Realmente tem umas putas de responsa lá, do tipo que nos chupa com vontade, engole a sua porra todinhas e se abre toda pra receber nosso pau em seu cu ou na buceta, as vagabundas sabem o que fazer e me serão de grande serventia quando eu tiver que foder aquele idiota da minha noiva, pela cara dele, aquele bastardo nem lhe cume de jeito soube, se bem que a cara de boba que ela tem, aposto que nem chupar uma rola sabe.
— Então? — papai insiste, me tirando dos devaneios sobre quando terei uma boa buceta pra foder, preciso ajeitar a ereção antes de virar pra encarar ele.
— Se tá tão preocupado vá e ligue pro teu motorista — respondo, sabendo isso lhe irrita.
— Eu já gastei muito com esse teu relacionamento, então trate de agir como um noivo preocupado e vá atrás de notícias sobre aquela lá — diz, segurando a raiva. — Tu podia ter casado com a filha de um dos nossos parceiros políticos, mas resolveu correr atrás daquela negrinha, que ainda veio com a bastardinha a tira a colo, se não fosse pelo tanto que isso vai ser bom pra tua imagem, eu jamais teria permitido.
— Não seja dramático, papai, ela vai servir melhor do que encomenda — respondo, saindo do presbitério e indo em direção a sacristia pra ligar pro energúmeno do motorista e saber onde no inferno ele se enfiou.
As palavras de papai voltam a minha mente e eu lembro bem quando eu lhe pedi ajuda pra conseguir Raniely, ele torceu o nariz, mas sabia do ganho político que teríamos, Agripino de Souza, apesar de tá na merda financeira, é uma força política e a quem quer que ele apoie, dificilmente sai derrotado. Eu tomei a decisão que queria a pomba lesa da filha dela pra esposa, no dia que ela chegou toda boba me contando que tinha beijado o infeliz do meu meio-irmão, nós já era amigos, por insistência do meu pai, é claro. Eu fui levando ela em banho-maria, observando se ela e Fabrício iam levar esse flerte deles mais além, sempre lhe incentivando a correr atrás dos sonhos dela. quando ela foi pra Paripueira trabalhar com ele, eu soube que meu momento tinha chegado.
Num foi difícil descobrir que o pai do merdinha usava o instituto dele pra lavar dinheiro, é uma prática antiga, descobri todo o esquema depois de encontrar Iran Lavoisier, primo do imbecil que, assim como eu queria dar uma lição no bostinha metido, que sempre se achou superior a nós, por não querer se envolver em política, mas ter os velhotes babões correndo atrás dele, pra ter o pai como colaborador anônimo de campanha. Iran me apresentou a Joene e ali combinamos tudo, eles ficariam de olho nos dois paspalhos e no primeiro sinal que tavam fodendo agiríamos. Nesse meio tempo mexi uns pauzinhos pra colocar Agripino em uma situação financeira cada vez mais decadente, bastou acenar pra ele com uma maleta com alguns trocado e lhe dizer que poderia tirar mais um tanto de dinheiro de Onofre Lavoisier, eles tem uma rixa antiga, só me aproveitei.
Quando o escândalo das fotos explodiu, tudo armado, é claro, achei que eu ia chegar lá como o cara compreensível e consolar Raniely, fazendo ela ver quem tava do seu lado o tempo todo, mas então veio a notícia da gravidez, o bostinha tinha emprenhado ela e isso ia dificultar as coisas, novamente usei do meu conhecimento sobre algumas sujeiras de Agripino e exigi que ele expulsasse ela de casa, eu precisava dela vulnerável, o quanto mais na merda ela tivesse melhor, mas nem assim a pomba lesa se deu por satisfeita, ficou choramingando pelos canto, foi aí que passei a contratar os serviços de um repórter sensacionalista que seguiu Fabrício por todos os cantos e assim fui implantando na mente dela a ideia de como eu seria melhor pai e marido do que ele.
Agora tô aqui, prestes a dar a ultima pá de terra na cova amorosa de Fabrício, vou ter prazer de ver ele se corroendo de ciúmes, ainda vou levar ela e a bastardinha pra bem longe, só pra que ele sofra cada vez mais, vai ser o meu maior feito, passar a vida degustando o sofrimento dele e talvez dela também, num mandei ser burra e confiar em tudo que lhe conta.
O numero do imbecil do motorista toca e toca sem parar, ligo mais umas três vezes até que alguém atenta.
— Onde tu tá, imbecil? — disparo, sem muita paciência.
— Quem tá falando? — responde, uma voz feminina.
— Eu que pergunto, quem é você e por que tá com o telefone do meu motorista? — rebato.
— Olha moço, encontrei esse telefone no pé da porta dum carro que foi deixado aberto aqui no posto Marajoara — diz, a mulher do outro lado.
— Deixado aberto? — pergunto, começando a sentir que algo tá errado. — tem certeza de que não tem uma moça vestida de noiva aí?
— Num tem ninguém aqui não, só peguei o telefone porque vi tocando — responde e antes que eu lhe pergunte mais alguma coisa desliga.
Olho pra tela do celular com tanto ódio que se tivesse poderes mentais ele tinha explodido agorinha, só faltava isso, aquela idiota me deixar plantado no altar. Como se soubesse a hora exata, meu telefone vibra, uma mensagem de um número desconhecido chega e nela eu posso ver um emoji de risos e a frase: a brincadeira de casinha acabou, otário!
Meu ódio cresce e cresce tanto que a última coisa que sinto é minha mão atirando o celular na parede, antes de começar a quebrar tudo que vejo pela minha frente. Se aquele fi duma quenga acha que vai sair ganhando tá muito errado, antes dele ficar com ela eu acabo com os dois e aquela bastardinha que eles tanto amam, ah se acabo.
Continua...
Minhas anjas-demônias, esse foi um bonusinho, por que depois daqui muita coisa vai se desenrolar e vocês precisavam compreender que Marcelo nunca foi bom, Raniely e Fabrício foram peças do jogo dele desde cedo. Como bom sociopata que ele é, gosta de manipular suas vítimas e sente prazer em ver elas sofrer.
Me deixem saber o que acharam.
Beijos e amassos!
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Fabrício- O arrependido (Homens do Sertão- Livro 4)
ChickLit#AVISO CONTEÚDO IMPRÓPRIO PARA MENORES DE 18 ANOS. O primeiro encontro de Fabrício e Raniely aconteceu há muito tempo, o rapaz, no entanto, não conseguiu esquecer a garota de grandes olhos verdes despertou nele, sentimentos que achou não ser possíve...