D E Z

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Esperança em vão é simplesmente cruel.

Entrei no carro mórbido. Algo em mim havia morrido, ali na campina.

Dirigi sem rumo em ruas desconhecidas e parei em um local alto que dava para ver a cidade inteira. Fiquei ali e chorei.

Cheguei na mansão às 17h00, minha mãe, claro, me caçava.

- Nosso vôo saí em 1h00 e você não atendia o celular... - ela parou quando viu meu rosto e veio me abraçar deixando eu soluçando em seus ombros.

Uma mãe e um filho.

Nada era mais poderoso que o abraço reconfortante dela.

- Eu a vi... acabou tudo. Tudo.

- Shhh... - esfregava minhas costas na altura da sua cabeça mesmo abraçado a ela - No final tudo vai ficar bem, tudo tem um propósito, meu filho!

- Dê um tempo a ela, daqui alguns meses ou anos vocês podem se reencontrar e ela já terá te perdoado e talvez te dê a chance de recomeçar! - Meu pai nos encontrou no hall da mansão e me puxou para um abraço.

Meses. Anos.

Parecia uma vida. Uma Era.

Eu não sei se aguentaria ficar sem ouvir a voz dela por tanto tempo.

Mas se esse era o preço para ela se curar, para me perdoar e deixar eu recomeçar, ah, certamente o pagaria. E com juros.

- Por sorte moramos perto do aeroporto! - Falou minha mãe vindo enxugar minhas lágrimas com os polegares e não com um lenço, ela deixou as regras de lado, precisava me toca, porque eu estava quebrado e seu toque era reconfortante, como se ela me ajudasse a pegar um dos cacos no chão e no processo acabava se cortando.

Não queria vê-la triste por me ver triste. Assim como o meu pai.

Ele era sábio, sempre foi e eu me espelhava nele, era meu exemplo, meu modelo a ser seguido.

O tempo cura.

Eu só queria saber exatamente quanto tempo.

Quando chegamos ao aeroporto internacional as autoridades militares do estado já estava lá fazendo segurança assim como alguns de nossos soldados.

Os fãs gritavam nossos nomes, pediam fotos e autógrafos.

Nada que podíamos fazer, a regra era clara, do carro ao avião. Lá estaríamos seguros.

Então apenas acenos e sorrisos.

Eu olhava disperso para todos os lados, os óculos escuros escondiam meus olhos vermelhos e a dança que eles faziam ao procurar pela Ana.

Será que ela viria?

Ela deixou tão claro que não me amava.

Ela deixaria mesmo eu partir? Não teria volta quando eu fizesse isso.

Ela estaria colocando um ponto final em tudo.

Faltava 5 minutos para as 18h00 e nada da minha queria Ana.

- Para dentro do avião, agora! - Matt avisou, meus pais já haviam ido para a área de embarque e o Matt assegurou que eu aumentasse os passos para cumprir sua obrigação - Ela não vai vir.

Olhei para ele zangado e então deixei ele para trás ao seguir para a área de embarque.

Olhei uma última vez para trás.

Nada.

Apertei os olhos para conter as lágrimas.

Pouco depois o avião decolou.

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