Capítulo 33.

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*Ana Clara*

Estava saindo da agência e indo para o estacionamento quando senti meu corpo travar ao ver meu pai bem na minha frente. Ele estava.. diferente, o cheiro de álcool era perceptível e com os olhos vermelhos, a barba estava crescida e as olheiras eram nítidas.

- Você.. – apontou para mim dando um gole da sua bebida – você é o motivo da minha desgraça – tremi assustada ao ouvir o barulho da garrafa se chocando no chão espalhando cacos por todos os lados e me encolhi.

Eu não podia acreditar que ele faria isso comigo aqui, no meu local de trabalho..

- Por favor, não faça isso – peço em um sussurro, quase inaudível.

- Por favor? – sorriu sarcástico – A putinha agora pede por favor? você nos abandonou!

- Não, você me mandou embora! – rebati dando um passo para trás quando o mesmo ameaçou vim em minha direção.

- Você é uma vergonha para nós, você está nos matando! você sabia disso? estamos morrendo de desgosto! – disse ríspido.

- Morrendo? eu não fiz nada além de seguir meu sonho! vocês me odeiam por causa de uma bobagem, e o pior de tudo é que eu tenho esperança em vocês, lá no fundo. – senti meus olhos arderem, indicando que lágrimas já se tornaram presente em meu rosto.

Era sempre assim, não importa o quão feliz eu estivesse, logo eles apareceriam para acabar tudo e me lembrar que sou apenas um peso.

- Pois se desiluda, Ana! – gritou atraindo alguns olhares – Nós nunca vamos amar você.

Porque isso ainda me doía tanto? eu sempre soube que seria impossível conquistar o amor deles, mas.. no fundo, eu sempre esperei uma mudança.

Suas palavras rondavam em minha mente, era como se o mundo estivesse girando ou caindo sobre mim e meu peito dóia como se estivesse sendo perfurado.

- Oras, não vai me dizer que está mal, vai? – perguntou Ricardo, me tirando completamente do meu transe – você não se importa com ninguém além de si mesma!

- Não diga isso, eu sempre busquei ser uma boa filha para vocês, mas em troca disso eu recebia maus tratos dos meus próprios pais, você me agredia!

- Você merecia, tudo o que recebeu é o que você merece, Ana.. Odiamos você, você é nosso maior arrependimento.

Nos encaramos por longos segundos em silêncio, minhas pernas tremiam assim como meus lábios, as lágrimas escorrendo desesperadamente pelo meu rosto, mas um pigarreio atrás dele nos chamou a atenção, era Miguel. Com tudo isso acabei esquecendo que ele estava me esperando no carro.. Meu coração deu um sobressalto em vê-lo, aliviado e agradecido.

- Algum problema aqui? – dirigiu-se a Ricardo, ríspido e arrogante.

- É ele? então as notícias são mesmo verdadeiras.. – Ricardo sorriu cambaleando, completamente bêbado.

- Ana? – olhei para Miguel e corri em sua direção passando por meu pai o abraçando, seu cheiro era como um calmante para mim.

- Como pode querer estar com alguém tão baixo, rapaz? – Ricardo olhou para Miguel e senti seus braços me apertarem mais fortes.

- Querida, vai pro carro.. – disse baixo, apenas para mim – Por favor, Ana..

Eu não queria ficar mais um minuto aqui, a minha cabeça estava uma bagunça e eu só queria fugir, fugir para qualquer canto. Assenti e saí correndo para o carro entrando nele e tombando a cabeça caindo no choro de vez.

A cada soluço dado, o ar faltava em meus pulmões, doía até mesmo respirar.

*Miguel díaz*

Olhei para a imagem deplorável do homem na minha frente, completamente intrigado.

Por uma noite - Livro 2 da saga: Os cavalheiros Onde histórias criam vida. Descubra agora