Capítulo 42.

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*Ana Clara*

Os dias já não eram mais os mesmos, semanas se passaram e Miguel obteve uma melhora, mas não tão boa. Ele apenas seguia fazendo suas obrigações, mas estava calado, cabisbaixo e triste. Os jantares em família não eram como antes, porque Miguel já não sorria, já não brilhava como antes da partida de Logan e isso me preocupava cada vez mais, não só à mim, mas à todos também.

Todos tentamos reanimá-lo, mas ele estava mudado e fechado, conversávamos normal, mas eu podia ver em seus olhos como doía ainda.

No dia do enterro ele compareceu, mas quis ficar no fundo do cemitério, assistindo de longe seu amigo sendo enterrado, para nunca mais vê-lo. Ele não chorou, não lá. Mas quando chegamos em casa, Miguel teve uma crise de choro desesperada que chegou a ficar sem ar, me abraçando com tanta força que me marcou ao redor do quadril. Pedindo para que parasse de doer, e eu apenas assistia, o vendo ficar cada vez mais despedaçado sem conseguir tirar sua dor.

De certa forma, eu me sentia incapaz, mas sabia também que somente o tempo o curaria, mas isso me desesperava, porque esse não era o meu Miguel. O homem calado, sem soltar uma piada, sem animar qualquer lugar onde pisava, esse não era o meu namorado.

Hendrick estava tenso, com medo de que ele tenha voltado a ser o garoto de treze anos, o garoto triste. E Peter, me mandava mensagens de hora em hora, preocupado e muito desesperado com a situação do seu irmão.

‐ Ele vai ficar bem. – me assegurou Kananda, tocando em minha mão me tirando dos meus devaneios.

Estávamos mais uma vez juntos, e eu encarava Miguel que estava sentado conversando alguma coisa com Carlos, mas ainda sim, com o semblante triste.

- O período de luto pode demorar as vezes – diz Júlia e assenti.

- Eu só o quero bem.. – suspirei baixinho e desviei o olhar.

- Ele ficará, não se preocupe, Miguel é um homem forte. – encorajou Helena.

Sim, Miguel era um homem forte, eu me agarrava à isso todos os dias, para não afundar em profunda amargura com medo de que o amor da minha vida se entregasse de vez à tristeza.

O jantar foi como tem sido, sem brilho. Não era ruim, conversávamos bastante, mas era diferente e todos nós sentiamos isso.

Estava pondo o capacete para subir na moto quando Miguel se virou me encarando.

- Você está cansada? – perguntou.

- Não, porque?

- Quer ir na praia comigo?

- Agora? – perguntei risonha – já é noite amor.

- Bobagem! vamos, sobe aí gostosa. – dei de ombros e subi na moto sorrindo junto dele.

Miguel acelerou me arracando um gritinho de susto e o abracei apertado inalando todo seu cheiro. Ouve um momento em que soltei meus braços os erguendo para cima sentindo a brisa bater em meu rosto e respirei fundo relaxando, toda a tensão que existia à minutos atrás pareceu se esvair.

Deixamos nossas sandálias na moto e corremos na areia gargalhando alto ouvindo as ondas do mar que estavam bastante agitadas hoje, meu peito enchia de alegria ao ouvi-lo rir pela primeira vez depois de dias.

Miguel se virou, me encarando de braços abertos já que eu estava mais atrás e corri até ele pulando em seu colo o beijando. Ter sua boca na minha era um de meus vícios, no qual eu não pretendia me curar nunca.

Interrompi o beijo o olhando dentro dos olhos que estavam brilhando para mim e o vi abrir um sorriso enorme.

- Me desculpa por ter sido um péssimo namorado esses dias, Ana.. – diz sério, sem quebrar nosso contato visual – não desista de mim.

Por uma noite - Livro 2 da saga: Os cavalheiros Onde histórias criam vida. Descubra agora