dearest

a lojinha de conveniência

Dead, Outubro de 1988

Meu nome é Per Yngve Ohlin, mas eu prefiro que me chamem pelo meu apelido: "Dead"; ou para os mais íntimos, Pelle.
eu amo Black metal e odeio minha vida. um dia eu ainda pretendo criar coragem e acabar com tudo isso.
Saí da escola já fazem dois anos, desde então tentei criar uma carreira no Black Metal, eu até mesmo criei uma banda, o Morbid, mas ela não foi pra frente.
Eu não consigo me manter em um emprego porque sempre sou demitido após os clientes verem meus cortes no braço e sei lá, se assustarem, ou acharem nojento... ou os dois. Por isso, estou a procura de outra banda para fazer parte, para ter um emprego onde não serei demitido por um motivo idiota e para ver se encontro algum prazer em viver, quem sabe, trabalhar de verdade com música não me traga isso?
Pesquisando pelo underground do Black metal, encontrei uma banda que estava precisando de vocalista, o Mayhem, uma banda norueguesa. Sendo assim, gravei uma fita cantando uma música, peguei um hamster esbagaçado que achei na rua, pra dar um susto e me diferenciar dos demais concorrentes, e enviei para eles. Por mais que falássemos idiomas diferentes, eles continuam sendo muito semelhantes, então não me preocupei em relação a isso na hora de enviar a carta e minha fita, com um breve texto sobre quem sou.
Claro que a merda do sistema de correspondências é lento, então eu tive que esperar cerca de um mês e meio para ter uma resposta, e quando a tive, que, para minha grande surpresa foi positiva, não pensei duas vezes; avisei meus pais, que ficaram muito contentes por finalmente alguém querer me incluir em algo, e saí de casa, rumo à Noruega.

Combinamos que iríamos nos encontrar quando eu chegasse, eu e o tal líder da banda... Øystein, na rodoviária.
Depois de quase seis horas de estrada, peguei minhas malas e desci do ônibus, dei uma olhada ao redor, procurando com meus olhos alguém que se parecesse com a descrição que recebi pela carta de aceitação... mas nem precisei procurar por muito tempo; encostado em um poste na rodoviária, estava um cara baixinho, com cabelos lisos e pretos, usando uma camiseta de alguma banda qualquer de metal e com um cinto de balas. Confesso que me senti muito empolgado, mas contive minha felicidade e me aproximei dele, arrastando minhas malas. Enquanto chegava perto, ele me encarava, sorri e estendi minha mão, dando um cumprimento

- Olá! eu sou o Dead.

- Hm

Me senti um pouco envergonhado, ele nem ao menos apertou minha mão, mas preferi deixar de lado. Øystein estava com uma cara fechada, porém preciso admitir, ele era estranhamente... fofo? talvez fosse seu tamanho que causasse essa impressão.

- Bom... é... vamos? Você consegue entender tudo que eu estou dizendo? Me desculpe se algo ficar confuso, podemos falar em inglês se-

- Eu entendo sim. Vamos, me siga.

Ele segurou meu pulso com firmeza e me levou até a lojinha de conveniência da rodoviária, entramos e ele me soltou, pegou uma garrafinha de Coca-Cola na geladeira, pagou por ela e saiu, mas não sem antes usar o abridor que tinha pendurado ali, para que os clientes pudessem justamente tirar as tampas das bebidas que comprassem.

Deixei a loja também, e o observei tomar o primeiro gole de seu refrigerante; ele olhou para mim após isso e estendeu a garrafa em minha direção, mas eu neguei, agradecendo em seguida.

- Gostei de você.

Ele disse, após dar um sorrisinho... eu dei um sorriso fraco de volta

- Ah... hm... obrigado, você também é l-...

- Tá. Vamos.

Sem nem mesmo me deixar terminar de falar, ele seguiu caminho e eu, mais uma vez, fui atrás dele. Sabia que tudo estava apenas começando, mas eu estava muito empolgado para o futuro.