barulho

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Euronymous, Novembro de 1988

Cerca de meia hora havia se passado desde que Pelle foi para seu quarto. Eu fiquei na sala assistindo televisão e tomando meu refrigerante lentamente, para aproveitar, porque quando esse acabar, eu mesmo precisarei sair para comprar mais (e eu não estou com um pingo de vontade de sair, ainda mais sabendo que Pelle com certeza trará se for).
Criei energia para me levantar e ir até Ohlin; antes de sair da sala, deixei a garrafa vazia sobre a mesa de centro e desliguei a televisão.

Nem me importei em bater quando cheguei até a frente de sua porta, apenas entrei. Simplesmente para ter uma visão... que eu definitivamente não estava esperando.

- Pelle?! Que porra é essa?

Haviam diversas manchas de sangue pelo chão do quarto, e ele estava sentado em sua cama encarando seus braços, que também estavam cobertos de sangue (e apenas nesse momento eu notei que nunca havia o visto com outro tipo de camisa a não ser de manga longa).
Eu não soube muito bem como reagir, pensei em agir como eu agiria se tivessem mais pessoas, e simplesmente fazer de conta que não me importava com o que estava vendo, mas definitivamente isso não seria a melhor opção.

Pelle não me respondeu, apenas olhou para mim e para seu braço de novo. Caminhei até ele e peguei o estilete que estava ao seu lado na cama

- Cara... que porra... que...

Me sentei ao seu lado e ele novamente olhou para mim, ele tinha uma cara de quem queria dizer alguma coisa, mas, como anteriormente, apenas abaixou sua vista e voltou a olhar para o próprio braço.

- Olha, vem, vamos dar um jeito nisso... ai, caralho cara... bom. olha, vem

Dei uma empurrada nele para frente com minhas mãos em suas costas, na esperança de que ele se levantasse, mas ele não se moveu.

- Cara... vamos, levanta daí, temos que colocar algo aí. Pelle, por favor.

- ... Øystein, não. Me deixa aqui.

- Caralho, como te deixar aqui? Você é burro?? Olha como tá a porra do seu braço, você fodeu ele todo! Vem, levanta agora.

O empurrei com um pouco mais de força, mas de nada adiantou. Eu me senti um pouco irritado com isso. Como ajudar alguém que não quer ser ajudado?

Suspirei alto e me levantei, eu estava com receio de sair e ele arranjar algo para voltar a se machucar, mas se eu não trouxesse algo para limpar isso, ele continuaria assim, cheio de sangue e com os cortes abertos.

- Não se mexe, ok? É sério. Eu vou te arrebentar se eu voltar aqui e você não estiver na exata mesma posição. Eu tô falando muito sério.

Saí rapidamente de seu quarto, e corri para a cozinha, em busca de algo que pudesse parar com aquele sangue.

Peguei um rolo de fita que encontrei, álcool e um pano, e fui para seu quarto outra vez.

Me sentei ao lado dele e abri o álcool, despejando bastante no pano que eu havia trazido

- Isso vai doer, mas é para que aprenda a não ser burro e não fazer mais isso, entendeu?

Coloquei o pano em cima de um dos seus braços, ele tentou puxar ele para que eu parasse, mas eu o segurei com firmeza.

- Para de ser bebezão, você fez isso porque quis. agora aguente!

Deixei o pano de lado e peguei a fita, enrolei bastante dela nele, passei umas duas camadas para ter certeza de que não iria mais vazar sangue. Precisei cortar o pedaço dela com meu dente, e segui para fazer o mesmo com o outro braço. Após isso, joguei o pano no chão e tentei limpar as manchas que estavam ali, mas o pano já estava encharcado, então apenas espalhou ele pelo chão, deixando algo meio... nojento ali; mas depois eu resolvia isso.

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