dearest

pure fucking armageddon

[Notas (TW!!): oioi pessoal, nesse capítulo terão cenas pesadas envolvendo estupro e assassinato, não é nada realmente detalhado, porém caso você seja sensível, não leia.]

Euronymous, Janeiro de 1990.

Não tive notícias de Varg nas últimas semanas, nem ao menos nos lembrávamos da existência daquele babaca depois desse incidente. Com exceção daquele dia, quando aquela cena aconteceu.

Foi ano novo e estavamos eu, Necrobutcher, Hellhammer, Pelle e mais vários caras que frequentavam nossos shows (alguns eu nem sabia o nome, mas tanto faz, porque estávamos em uma festa no porão de casa e tínhamos deixado os instrumentos em um canto e convidado várias pessoas aleatórias), sentados juntos. Eu havia acabado de terminar de virar um copo de whisky puro e percebi que um cara qualquer havia começado a falar sobre Varg, e como era estranho ele não estar aqui porque ele sempre andava com um certo pessoal que estava. Já eu disse que não havia o convidado, e isso fez Necrobutcher rir e perguntar se era por causa do que ele havia dito; eu o perguntei qual das merdas que ele disse seria essa a qual ele estava referenciando, e ele disse: "Você não sabe? Ele disse que adoraria quebrar você, e aproveitaria pra ficar com o Per. Caralho... não sabia que todo mundo na Noruega tinha virado viado, talvez eu deva experimentar também. Hellhammer, se eu te desse um beijo, o que você faria?". Eu franzi meu cenho ouvindo aquilo, me questionando qual o contexto dele ter dito isso, e ignorando Hellhammer dizer que se Necrobutcher tentasse aquilo ele arrancaria a boca dele com uma faca cega.
"Esse bosta só abre a boca pra falar merda. Se eu encontrar ele por aí de novo, vou estourar a cabeça desse filho da puta no soco." foi tudo que eu consegui responder, bebendo mais um pouco em seguida.
Pelle estava entretido demais conversando sobre... qualquer coisa sobre quadrinhos do drácula com outro cara pra prestar atenção e dar alguma opinião sobre o que Varg havia supostamente dito, então só mudamos de assunto. De certa forma, fiquei grato por ele não ter ouvido essa nojeira.

Duas semanas se passaram desde a festa, e não voltei a ter notícias dele. No dia da festa também contei o que aconteceu quando fui comer hambúrguer com Pelle para Necrobutcher e aqueles outros caras, alguns deles conheciam Varg, e disseram que "ele era assim mesmo".

Hoje Hellhammer passou a tarde aqui, mas foi embora a noite. Ele revelou que ficou surpreso quando nos assumimos porque ele relacionou imediatamente aos... ahm... barulhos, do hotel em Leipzig.

Já Pelle parecia estar bem, eu consigo ver que ele não fez mais cortes porque começamos a dormir juntos sem camiseta. Quer dizer... eu fiz isso primeiro, com um pouco de vergonha, mas logo ele começou também. Fico feliz que isso tenha se tornado normal, pelo menos posso ter certeza que ele não se corta, e também é mais confortável.

Mas mesmo assim ele tava meio enjoado hoje, talvez porque só comemos porcaria faz semanas. Pelle estava ardendo em febre e se recusava a ir para o hospital.
Ele havia começado a ficar assim pela tarde, estávamos assistindo filme na sala quando ele correu para o banheiro para vomitar, e depois disso tudo só piorou, porque ele disse que estava se sentindo bem fraco. Isso fez com que viessemos deitar mais cedo, e eu peguei vários cobertores para ele, que dizia estar sentindo muito frio, e também liguei o aquecedor do quarto. Nunca havia visto Per doente, e isso estava me deixando meio em pânico...
Pela milésima vez, coloquei minha mão na testa dele, me sentindo cada vez mais preocupado.

- Pelle... você está pegando fogo. Não quer mesmo ir pro hospital?

- Não, Øy...

Ele disse com uma voz cansada... coitado, devia estar super fraco. Havia vomitado muitas vezes.

- Tá... mas eu não posso te deixar assim. Vou buscar um remédio pra ti. Não tem aqui, mas eu vou na farmácia. Bem rápido, eu prometo.

Eu disse, dei um sorriso fraco e me curvei para dar um beijinho em sua testa, antes de me levantar, pegar um casaco, minha carteira e sair de casa.