Dead, Março de 1989
Acordei pela manhã me sentindo muito bem... talvez tenha sido, pela primeira vez em muito tempo, por me sentir um cara normal, que faz coisas normais. Ou talvez porque Øystein dormiu comigo a noite toda. Me pergunto se eu significo alguma coisa para ele agora. Bem... ele bebeu meu sangue ontem, não deve ser algo comum de se fazer. E ao lembrar disso me sinto um pouco envergonhado, parece ter sido um sonho, e eu me senti muito bem vendo-o fazer isso, mais do que eu gostaria de admitir. E até mesmo gostei da dor. Quer dizer... eu me corto, é claro que gosto da dor. Será que eu tenho conserto?
- Ei, vamos descer, eu ouvi dizer que tem café da manhã.
Ele diz, mesmo de costas pra mim, como se soubesse que eu tinha acordado.
- Eu não estou com fome, Øystein... vou dormir mais um pouco.
Ele se vira e me olha sério.
- Você tá querendo sumir, é? Daqui a pouco até um vento te leva embora. Bom, tá... fica aí então.
Sorri fraco e assenti com a cabeça, puxei a coberta e cobri meus ombros.
- Mas eu vou te trazer algo e você vai comer, hein?
Vi ele abandonando a cama e tirando a roupa. Fechei os olhos por me sentir envergonhado por vê-lo sem roupas, mesmo ontem eu mal vi, já que o quarto estava escuro, e não é como se eu quisesse ver, eu acho que não deveria. É meio é estranho olhar pra ele normalmente depois de ontem. Mas as pessoas conseguem fazer isso sem problema, certo?
Pras outras pessoas não significaria nada. Pra mim, significou a minha primeira vez. Será que ele pensa nisso?
Abri os olhos quando ouvi o barulho do seu cinto se fechando e vejo ele arrumar o cabelo no espelho, então sair e trancar a porta por fora.
Euronymous, Março de 1989, manhã.
Hoje, excepcionalmente, por algum motivo, acordei mais cedo. Eu havia dormido ao lado de Per, e refleti um pouco sobre a noite passada. Pelle era muito doce, espero que eu não tenha o machucado muito, e que ele estivesse falando sério sobre me querer, e não apenas fazendo aquilo por pressão. Bom, talvez eu só esteja pensando demais.
Por mais estranho que isso soe, eu o obvervei dormir por alguns minutos... fiquei pensando no quanto eu gostava de estar perto dele mais cedo, e no quanto eu gostaria que ele não se machucasse.
Depois de algum tempo, até tentei dormir de novo, mas quando notei Per se mexendo, falei com ele sobre comermos. Ele não quis, mas eu fui me arrumar para pegar algo para nós dois.E após terminar de me arrumar, saí do quarto e desci as escadas rapidamente, com infelicidade encontrei apenas Jan no refeitório do hotel; andei até uma bancada onde estavam as comidas, peguei um copo e um pouco de suco que estava em um bebedouro e fui sentar na mesma mesa que Hellhammer.
- Conseguiu achar a camiseta?
Digo, tentando soar bem humorado.
- Tentei, só não consegui dormir direito né, com aquela porra de gemedeira no teu quarto.
Arregalei os olhos e senti meu rosto esquentar assim que Jan disse aquilo.
- Hã!?
- Caralho, não abandona a pornografia nem no hotel, seu inútil?
- Tu deve ter sonhado, idiota.
- Eu sei muito bem o que ouvi! Se não parar com essa merda eu mesmo vou te internar em uma clínica, seu nojento. Não é porque o coitado do Pelle tava dormindo que ele não deve ter ouvido, eu e Jørn ouvimos do nosso quarto.
- Cala a boca, foi só levar um fora daquela vadiazinha da sua namorada que você já tá alucinando.
Tomo meu suco em um gole só e abandono a mesa, volto até o balcão com onde estavam as comidas e pego dois pacotes com bolacha doce.
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dearest
Fanfiction"Meu nome é Per Yngve Ohlin, mas eu prefiro que me chamem pelo meu apelido: "Dead"; ou para os mais íntimos, Pelle. Eu amo Black metal e odeio minha vida. Um dia eu ainda pretendo criar coragem e acabar com tudo isso."