"𝘌𝘶 𝘥𝘪𝘴𝘴𝘦 𝘲𝘶𝘦 𝘦𝘴𝘵𝘢𝘳𝘪𝘢 𝘢𝘲𝘶𝘪, 𝘤𝘢𝘣𝘦ç𝘢 𝘥𝘦 𝘳𝘢𝘣𝘢𝘯𝘦𝘵𝘦."

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Norman POV

Eu e Emma estávamos numa cafeteria perto da faculdade que estudamos. Eu estudo psicologia e Emma estuda advocacia.

Decidi seguir essa área por conta de tudo o que aconteceu e sobre o meu "Amigo Imaginário". Queria entender o que faz as pessoas conseguirem ver e sentir pessoas que não existem. É tudo tão fascinante.

Tenho seguido a risca o tratamento para esquizofrenia. É meio trabalhoso e também é muito dinheiro que tenho que gastar, mas, esse transtorno não tem cura. Estudar psicologia é algo que está me ajudando nisso também.

Norman, o que vai fazer quando terminar a faculdade? — De fato, estamos no último ano. Mais 4 meses e tudo acaba.

Vou continuar estudando. Quero entender ao máximo sobre a mente humana! — digo sorrindo, Emma tomou um gole de seu café.

No meu caso eu não tenho muita opção. Tenho que estudar muito antes de entrar em um processo judicial. — Emma suspirou e colocou mais um saquinho de açúcar em seu café. — Ser advogado dá trabalho.

Bom, pelo menos vocês tem um "passo-a-passo" do que fazer. No meu caso é mais complicado. — Emma arqueou a sobrancelha, expressando dúvida. — Cada mente é diferente, por exemplo, eu e você. Eu tenho esquizofrenia, você tem ansiedade. Mas a sua ansiedade está em um nível diferente do nível de ansiedade de outra pessoa. E as vezes, a pessoa pode ter sintomas completamente diferentes dos seus.

Emma arregalou os olhos.

Ainda bem que não fui pra essa área... Quanta confusão. — Ambos rimos alto e terminamos nossos cafés.

Fomos andando para a faculdade, já que não era muito longe. Nós nos separamos na porta do prédio. Só vamos nos ver no final da tarde.

Aparentemente, eu cheguei na sala de aula antes de todo mundo. Isso era raro porque geralmente algumas pessoas, na realidade a maioria, almoçava na sala. Anna chegou conversando e rindo com Gilda. Elas logo me notaram fazendo anotações e rabiscos no caderno.

Ah, Norman! — Eu acenei e sorri. — Em qual lugar você votou?

Eh, como assim? — Anna suspirou e revirou os olhos.

Avoado como sempre, né? O professor disse para votarmos para onde vamos viajar no nosso último dia aqui. — Anna apontou para o corredor. — Não viu o tumulto lá fora?

Realmente, tinha um grupo de pessoas reunido perto da secretaria. Acho que não notei sobre o que eles estavam conversando.

Sinceramente, o que passa na sua cabeça 24 horas por dia? Porque parece que você nunca está atento. — Revirei os olhos e nos meus pensamentos mandei a Anna ir à merda.

Continuei rabiscando no meu caderno e, sem perceber, os rabiscos ficaram em um formato muito familiar. Comecei a rabiscar mais rápido e quando terminei, peguei a folha e rasguei.

Droga... — Murmurei e guardei a folha na minha mochila. — Gilda, pode me mostrar onde estão fazendo a votação?

Ela assentiu e me levou até a secretaria. Depois que eu agradeci, ela foi embora.

A secretária me reconheceu e eu a reconheci. Ela me deu uma ficha com vários nomes de países escritos.

Obrigado, Isabella. — Ela sorriu e esperou pacientemente pelo meu papel.

Marquei a primeira opção da lista e entreguei para ela.

Boa aula, Norman. — Eu sorri e ela sorriu de volta.

Isabella tinha sido minha professora quando estava no primário. Ela e meu pai se tornaram amigos alguns anos depois. Eu sabia que ela tinha um filho, mas minha mãe nunca me deixou conhece-lo porque: 

1º - Ela não gostava de Isabella e 2º - O filho dela era alguns meses mais velho que eu. Mesmo depois de tudo isso, não pude conhecer o garoto porque estávamos em cidades diferentes. 

Voltei para a sala que já estava cheia e sentei no meu lugar. A professora chegou logo depois, e a aula começou.

No meio da explicação Gilda me mandou um bilhete:

"Norman, no que você votou?"

Revirei os olhos, anotei e joguei aquele pedaço de papel de volta para ela.

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Ray POV

Depois que eu passei 2 anos estudando inglês e fazendo aquela merda de tratamento, que aliás, não posso parar de fazer, finalmente consegui viajar pro meu lugar favorito no mundo todo: Canadá.

Eu andei estudando muito sobre o Canadá e fiquei fascinado com tudo, além de terem algumas das melhores faculdades de fotografia.

Estou no último ano da faculdade, mas ainda vou estudar muito para fazer fotos perfeitas.

Eu estava em um Starbucks que fica ao lado da faculdade onde eu estudo. Foi um belo lugar pra construir a cafeteria, porque vários alunos vão almoçar ali quando querem algo rápido e fácil.

Como sempre, eu sentei na mesa mais perto do canto e pedi um cappuccino. Sem a Emma as coisas andam meio difíceis. Ela foi para outra cidade fazer faculdade de advocacia e nós perdemos contato. Pra não falar que estou sozinho, eu fiz um amigo.

Ray! Finalmente te achei. 

Eu disse que estaria aqui, cabeça de rabanete. — Eu digo e ele revirou os olhos.

Já disse que não gosto desse apelido! Isso é bullying com pessoas de cabelo vermelho.

Meh, eu adoro te chamar assim, Nat.

Vai se ferrar. — Ambos rimos e Nat se sentou ao meu lado.

Alguns minutos depois, a garçonete veio e entregou meu capuccino e um chá gelado.

Mais alguma coisa, senhor? — Eu neguei com a cabeça e sorri para ela. — Certo então, qualquer coisa é só chamar.

Desmanchei o sorriso assim que ela saiu e revirei os olhos.

Tomara que goste do chá. Sempre vejo você comprando então eu pensei de pedir pra você. — Eu disse e Nat me olhou como se eu fosse um deus.

Assim que terminamos nossas bebidas, eu paguei e fomos para a sala de aula. Nat se senta ao meu lado, então ele gosto de conversar comigo enquanto o professor não chega.

Achei uma injustiça não termos uma viagem de despedida.

É mas por culpa do Don não temos escolha. — Revirei os olhos e disse, me lembrando da estúpida ideia daquela anta de jogar bolinhas de papel molhado no ar-condicionado pra ver se ficava mais frio. — Ele é um adulto, mas a falta de maturidade dele me irrita.

Concordo. Tenho certeza que quando ele terminar o curso ele vai pegar uma câmera e começar a fotografar tudo, achando que é um fotógrafo experiente. — Nós rimos e o professor chegou.

Don, como sempre, ficou conversando e flertando com as garotas a aula toda. Nem parece que tem namorada fora do país. Aliás, não acredito que o relacionamento desses dois ainda está de pé. Não sei porque que eu estou preocupado. Quero que a Anna se foda de qualquer forma.

Eu peguei meu caderno e comecei a desenhar uma memória. Mais especificamente, o Norman.

𝐌𝐞𝐮 𝐚𝐦𝐢𝐠𝐨 𝐢𝐦𝐚𝐠𝐢𝐧𝐚𝐫𝐢𝐨Onde histórias criam vida. Descubra agora