— Norman POV —
Finalmente, era o dia da viagem. A faculdade havia alugado um avião e um piloto pra nos levar ao Canadá. Lógico, era uma faculdade particular com taxa de admissão de 20%. Não poderiam simplesmente pedir para os alunos pagarem o bilhete de viagem, até porque, pegaria mal pra imagm da faculdade.
Todas as salas viajariam, mas em datas diferentes. Esse ano, foi a nossa vez. No guia de viagem pedia apenas passaporte, identidade, certidão de nascimento, trocas de roupas suficientes para uma semana e garrafa de água, mas lógico que teriam pessoas exageradas, vulgo Anna, e levariam a casa toda com elas.
Sem zueira, a Anna estava levando duas malas grandes e lotadas. De acordo com ela, uma mala era de presentes semanais que ela comprava pro namorado. Tem gente que gosta de ser gado nível extremo mesmo...
A viagem foi tranquila, tirando o fato da pequena turbulência no meio do caminho que fez Gilda quase ter um ataque do coração e morrer. Ela é uma garota muito sensível.
Assim que chegamos no aeroporto, pude ver com um cartaz imenso escrito: "Bem-Vinda, minha frô!". Não entendi se ele escreveu errado de propósito ou não, mas ficou ridículo. Anna correru que nem maluca e beijou Don. Nojento.
Eu só peguei minhas malas e sái do aeroporto, não estava afim de ver coisas, supostamente, "românticas" agora. Gida foi comigo, não entendi direito o motivo, até vê-la chorando quando viramos o corredor.
— Gilda, você tá bem? — Ela limpou as lágrimas e me deu um sorriso fraco.
— Não... — Ela respirou fundo e começou a abanar o rosto.
— Olha, se quiser conversar, eu posso te escutar... — Admito que aquilo saiu no automático. Me lembrei de quando o Ray me ouvia todas as noites antes de dormir. Era a melhor sensação do mundo. Talvez se eu a escutar melhore.
— Obrigada Norman... Tem certeza que posso falar com você? É um motivo idiota, não quero ocupar seu tempo...
— Não, não. Pode falar, quando estiver pronta. — Ela suspirou e limpou mais uma vez as lágrimas.
— Bom, eu já estudei com o Don. Ele a Anna sempre estiveram comigo. Na época do ensino médio eu gostava dele... Eu até me confessei, mas ele já namorava a Anna, em segredo. Ele simplesmente disse que eu era muito esquisita pra ele e que era pra eu tentar a sorte com outro...
— Nossa, o Don é um babaca! Você não merece gente igual a ele. — Ela suspirou e sorriu.
— É você tem razão... Ei, posso te falar outra coisa?
— Claro, o que é?
— Sabe a Emma, sua amiga? — Eu arqueei a sobrancelha e assenti. — Bom, eu e ela viramos amigas e... — Eu sinceramente já sabia onde essa conversa ia dar. — Eu acho que gosto dela...
— Bom, era de se esperar. — Ela ficou confusa. —Não foi você quem começou um fã-clube pra ela porque acho ela simpática?
— V-você não deveria saber disso!
Nós rimos e continuamos nosso caminho. Até que a Gilda não é tão chata quando está sem a Anna. Nós chegamos no hotel que ficaríamos hospedados, pegamos as chaves dos nossos quartos e nos despedimos. O hotel era todo chique e arrumado, sua paleta de cores trazia um quentinho no coração e o branco suavizava esse sentimento. Sem falar que tinham plantas toda parte.
Quando chegeui no meu quarto estava tudo organizado. A cama arrumada, banheiro limpo e frigobar arrumado. Eu coloquei minha mala em uma cadeira, tirei meu sapatos, deitei na cama e capotei.
Só acordei de tarde por conta do meu alarme me lembrando de tomar meus remédios. Eu dispensei o alarme, abriminha mala e peguei minha bolsa de remédios, nela tinha apenas uma caixa de haloperiodol e uma receita para olanzapina. Tomei um comprimido e guardei minhas coisa, quando escuto uma ligação no meu celular. Era Anna.
— Alô, do que precisa Anna?
— Ah, Norman, já é a terceira vez que te ligo! Estava dormindo, por acaso?!
— Bom, na verdade, sim.
— Quem dorme quando se está em Ottawa?! Enfim... Eu e Don vamos convidar uns amigos pra sair depois de amanhã e queremos que você vá.
— Quem vai nesse passeio?
— Bom... Eu, o Don, a Gilda um amigo nosso da escola e o amigo dele. Por que?
— Olha, se Gilda for eu vou.
— Ela já confirmou presença.
— Certo então, passar bem.
Eu desliguei o telefone na cara dela mesmo. Sinceramente, pra Anna e Don terem amigos da época da escola aqueles dois devem ter aturado muita abobrinha dos dois. Coitada da Gilda. Só vou pra ter certeza qu ela não enfie um lápis no ouvido pra ficar surda de uma vez.
Eu desliguei meu celular, coloquei ele pra carregar e voltein a dormir, amanhã nós vamos ter uma excursão pela capital pra não nos perdermos e ter pontos de referência.
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Acordei cedo com uma ligação de Don. Eu não atendi. Em vez disso, olhei ashoras e percebi que estava quase na hora de subir no ônibus pra excursão. Só pegui qualquer coisa na mala, coloquei meus óculos e peguei meu celular.
Assim que tranquei a porta, meu celular tocou de novo. Otra ligação de Don. Eu apenas ignorei e entrei no elevador. Desci até o térreo e encontrei minha turma ali.
Alguns segundos depois, Gilda desceu as escadas. Ela estava com os olhos vermelhos e inchados. Ela tentou passar maquiagem pra desfarçar, mas não deu muito certo. Resolvi não comentar.
— Finalmente! Onde vocês dois estavam?! Eu estava ligando igual um desesperado. — Nessa hora eu e Gilda dissemos a mesma coisa.
— Deu pra perceber... — Nós nos entreolhamos e sorrimos.
Assim que entramos no ônibus, um monitor nos cumprimentou e começou a conversar com a gente em inglês. Toda hora era alguém me perguntando uma palavra que não entendiam. Nem parece que estão na faculdade...
A viagem correu bem, no final, o motorista nos deixou em um café após Anna o subornar. Eu estava de saco cheio então resolvi só ir pra casa.
As ruas estavam quase sem gente e, como era fim de tarde, os postes já estavam acesos. Eu caminhei até um ponto de ônibus que tinha ali por perto. Pelo o que que me lembro, os ônibuas aqui funcionam até tarde da noite.
Quando eu cheguei no ponto, me sentei em um banco que tinha ali e esperei. Na frente do ponto, tinha uma loja que vendia jogos antigos. Eu até pensei de passar lá, mas vi um funcionário trancando a loja minutos depois.
Assim que vi o funcionário, tive a impressão de que já tinha o visto antes. Ele estava com uma máscara preta, que combinava com seu moletom branco e calça jeans. Percebi que ele estava tossindo bastante então coloquei uma máscara antes que ele chegasse a dois metros de mim.
Quanto ele se setou do meu lado, tive a breve sensação de já tê-lo visto antes. Eu fiquei encarando ele por um tempo. Ele era muito bonito. Mas acho que ele percebeu que eu estava olhando pra ele e fez contato visual comigo.
Fiquei sem-graça mas, por sorte, meu ônibus chegou. Entrei no ônibus, paguei o motorista e desci num ponto que ficava perto do hotel onde eu estava hospedado. Andei mais algumas quadras até o lugar, que estava totalmente iluminado à essa hora e peguei o elevador.
Minutos depois já estava dentro do quarto, de banho tomado, deitado na cama e vendo tiktoks. Não consigo tirar aquele garoto da minha cabeça, eu realmente acho que conheço ele de algum lugar.
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𝐌𝐞𝐮 𝐚𝐦𝐢𝐠𝐨 𝐢𝐦𝐚𝐠𝐢𝐧𝐚𝐫𝐢𝐨
Fiksi PenggemarNorman e Ray não tiveram o que poderia se dizer a "melhor infância" do mundo. Óbvio, a maioria das crianças aprendem a lidar com suas frustrações nessa idade, entendendo como compartilhar, não chorar por tudo e até entender que não é dono do mundo...